O presente trabalho relata uma trajetória de estudos das presentes autoras sobre a mudança no Português Brasileiro (PB), no que diz respeito ao Parâmetro do Sujeito Nulo. Na fase em que esse Parâmetro incluía a inversão livre como uma de suas propriedades, verificou-se que a inversão românica, ou inversão do predicado no PB, era uma regra prosódica, aparentemente independente da perda parcial do sujeito nulo. Verificou-se que, embora a inversão tenha passado a ser restrita no PB, um elemento dêitico ou locativo pré-verbal favorecia a inversão. Além disso, assumindo o sujeito nulo referencial como resultante de elipse do pronome, verificou-se que o apagamento era favorecido quando o verbo era precedido de algum elemento leve. A partir de resultados de diversas pesquisas sobre a fala e a escrita brasileiras, além de dados recolhidos de forma não sistemática, propomos aqui, então, que a ocorrência parcial do sujeito nulo no PB pode ter a ver com uma demanda prosódica
This paper reports a trajectory of studies carried out by the authors about a change in Brazilian Portuguese (PB) related to the Null Subject Parameter. When free inversion was included among the properties associated with this Parameter, our research showed that romance inversion, or inversion of the predicate in BP, was a prosodic rule, apparently independent of the loss of null subjects. Although it became more restricted in BP, VS was still possible, particularly when a pre-verbal deictic or locative element appeared in first position. Assuming that null referential subjects were a consequence of ellipsis of the referential pronoun, we observed that such ellipsis was also favored by the presence of some light element in first position. Using results from several analyses of Brazilian speech and writing, and data collected from spontaneous conversations, we propose, in conclusion, that the partial occurrence of null subjects in BP can be explained in terms of a prosodic demand, which rejects a V1 sentential pattern, non-existent in the 19th century BP. Our proposal is that, in the interface with PF, languages have filters related to their rhythm. In order to account for the preference for certain forms in the present stage of the change in course in BP, a condition such as “Avoid V1” is being proposed here. The paper doesn’t , however, enter into the technical and formal aspects of prosody, which will be the object of future work.
O presente trabalho relata uma trajetória de estudos sobre a mudança no Português Brasileiro (PB), no que diz respeito ao Parâmetro do Sujeito Nulo (PSN), tópico exaustivamente tratado, formal e empiricamente
No meio dos linguistas romanistas é hoje bem conhecido o fato de que o PB vem perdendo parcialmente as propriedades de uma língua de sujeito nulo desde a virada do século XX, com a inserção de
Duas explicações podem ser dadas por esta parcialidade:
a) A mudança encontra-se ainda em progresso e a existência parcial dos sujeitos nulos, ainda atestados em todos os padrões sentenciais, como veremos, e da inversão livre tem a ver com o fato de que as mudanças não estão completas ainda (cf. Cyrino, Duarte & Kato 2000)
b) Os aspectos aparentemente parciais da mudança resultam na inclusão do PB entre as hoje denominadas línguas de SNP, de acordo com o qual essas línguas exibem sujeitos nulos referenciais opcionais, além de expletivos nulos ou expressos e também sujeitos nulos de interpretação genérica.
O objetivo final deste trabalho é mostrar que a variação/opcionalidade das propriedades do Sujeito Nulo Referencial (SNR) no PB atual é de ordem prosódica/estilística, sendo definida na interface com a PF.
Veremos inicialmente que a opcionalidade dos sujeitos nulos referenciais tem a ver com fatores estilísticos de dois tipos: a) o primeiro tem a ver com uma gramática conservadora adquirida via instrução, em alternância com a gramática inovadora nuclear da criança, e b) o segundo tem a ver com a preferência do brasileiro no século XX por uma prosódia linear V2.
Em seguida, veremos que a inversão livre, atribuída ao Parâmetro do Sujeito Nulo (PSN), também tem a ver com restrições de peso prosódico, tendo o PB uma preferência pelo padrão linear V2.
Vejamos inicialmente o que dizem dois mestres diacronistas sobre variação e/ou opcionalidade na sintaxe e/ou na morfologia:
The spread of a new parameter setting through a speech community is typically manifested by categorically different authors rather than by variation within the usage of individuals, although the data are sometimes not as clear as that idealization would suggest, because a writer often commands more than one form of a language (Lightfoot, 1991, p. 162).
“Syntactic heads, we believe, behave like morphological formatives generally in being subject to the well-known “Blocking Effect”
O que fica claro nesses autores é que a opcionalidade morfossintática dentro de uma mesma gramática, de um mesmo indivíduo, não deveria ser possível. A variação pode ser encontrada entre indivíduos numa mesma comunidade, ou dentro de um mesmo indivíduo quando este domina mais de uma gramática em competição.
Aqui, entretanto, defenderemos que variação estilística pode existir no mesmo indivíduo uma vez que esta tem a ver com a Forma Fonética (PF) e não com o componente computacional
A perda do princípio
(1)
a.
b. já ontem
(“O noviço”, Martins Pena, 1845, séc. XIX)
(2)
a. Se
b.
c. Agora
(“No coração do Brasil”, Miguel Falabella, 1992, séc. XX)
Contudo, veremos que, ao contrário dos exemplos acima, os dados revelam a forma velha (sujeito nulo) e a nova (o pronome expresso) em variação no indivíduo da mesma época, o que reforça, à primeira vista, a hipótese de uma língua de sujeito nulo opcional e, portanto, da existência de línguas de Sujeito Nulo Parcial, ainda que o caso do PB não se mostre como um sistema estável. Os exemplos em (3) e (4) mostram essa opcionalidade em dados de fala espontânea de amostra recente (Duarte, 2019). Enquanto os sujeitos nulos no padrão ilustrado em (3), com c-comando, já chegam a 41%, sendo, pois, superados pelo pronome expresso, os nulos em (4), no padrão sem c-comando alcançam 11,5%, o percentual mais baixo nos cinco padrões considerados na análise de Duarte (2019)
(3)
a. [Os pais eles]i passam aos filhos o que
b. [Meu marido]i foi quase preso aí no forte porque
(4)
a. Se
b. Se [o aluno]i tem problema,
Na análise de Barbosa, Duarte e Kato (2005), os dois padrões com e sem c-comando, não tiveram análise à parte. Na realidade, no PE, o comportamento dos dois padrões é idêntico, com alto favorecimento do sujeito nulo (94% e 93%, respectivamente. Portanto, no PE, a adjacência e função idêntica se sobrepõem ao padrão sentencial. Os três outros padrões, propostos na análise de Barbosa, Duarte e Kato – antecedente em período adjacente, com a mesma função (5), antecedente com função diferente da de sujeito (6) e antecedente distante (7), continuam a exibir opcionalidade no PB, embora com índices inferiores ao padrão com c-comando (38%, 21% e 14,5% de sujeitos nulos respectivamente (DUARTE, 2019).
(5)
a. [César Maia]i
b.
(6)
a. Eu não posso ter sentado do lado de [um cara bonitinho]i e tal sem perceber que elei era superperigoso.
b. Porque eu preciso ter a minha linguagem formal com [meu cliente]i. De repente,
(7)
a. [O meu filho]
b.
Assumimos que a gramática nuclear (
Simões (2000) dá evidências dessa afirmação ao constatar que, nas crianças em fase de aquisição do PB
(8)
a.
b. Não quer,
c.
(André, 2;4) (exs. de Simões, 2000)
(9)
a.
b.
(André, 2;4) (exs de Simões, 2000)
Mas, como se verá no estudo de Magalhães (2000), as Gramáticas Nucleares são adquiridas antes da idade do letramento. A Tabela 1, a seguir, com resultados do processo de letramento, mostra que, no 1º grau, o escolar apresenta quase 100% de pronomes expressos, com 2% de nulos referenciais, o que atesta que estes não estavam presentes na sua gramática nuclear. No final do Ensino Fundamental 1, a criança revela 22% de nulos e chega ao final do Fundamental 2, com uma competição entre pronomes nulos e expressos na sua escrita
|
1º grau | 3º e 4º graus | 7º e 8º graus |
---|---|---|---|
Sujeitos Pronominais |
|
78,0% | 50,38 |
Sujeitos Nulos |
|
22,0% | 49,62% |
É então que se observam os casos de variação, ou
(10)
a.
b.
Note-se, porém, que no exemplo (10a) a oração principal vem com o sujeito nulo, c-comandando o pronome expresso na subordinada, enquanto o exemplo (10b) apresenta o contrário, o que mostra que a variação não envolve c-comando. O que esses
Quanto à língua-E do adulto letrado
Nos exemplos que seguem, retirados de Duarte (2007), apresentamos exemplos de instabilidade na escrita de jornais brasileiros. Note-se, em primeiro lugar, a opcionalidade nos contextos com c-comando (11) e com antecedentes em outra função (12).
(11)
a. Durante a solenidade,
b.
a. Ninguém precisa levar
Note-se ainda que o paradigma de pronomes pessoais fracos para referentes não humanos, desenvolvido a partir da perda do caráter pronominal da flexão (Kato 1999) e já avançado na fala, se encontra plenamente implementado na escrita:
(13)
b. Ainda não se falava [na incrível sorte que acompanha Felipão]i.
Em suma, a análise de Duarte (2019), com base em amostras gravadas em Lisboa e Rio de Janeiro, disponíveis em www.comparaport.letras.ufrj.br), confirma o progresso da mudança no PB (24% de sujeitos nulos de 3ª pessoa) e a estabilidade do PE (67%). Ao mesmo tempo, os resultados mostram que o sujeito nulo no PE, em estruturas com e sem c-comando é quase categórico com referentes com o traço [-humano] (em torno de 98,25%), enquanto o PB já exibe 50% de sujeitos nulos com esse traço. Estamos, pois, a meio caminho do não-apagamento de pronomes pessoais [-humanos], um traço que as línguas de sujeito nulo “consistente” do grupo românico (Roberts & Holmberg, 2010) não exibem. Em resumo, enquanto o PE se mantém como um sistema estável de sujeitos nulos (apesar de exibir raros pronomes com o traço [-humano], o PB caminha em direção aos sujeitos pronominais expressos em todos os contextos.
Conscientes da mudança no PB, no que toca à perda parcial do sujeito nulo, Kato e Tarallo (1989, 2003), levantam a hipótese da perda da inversão “livre” no PB, como parte do mesmo macro-parâmetro. Mas os autores verificam que a inversão livre é ainda possível com verbos inacusativos
(14)
a. Chegou
b. ?Dormiu
c. ??Assinou a carta
d. ???Enviou a carta a todos
Kato (2000a), em pesquisa sobre inversão livre nas línguas românicas, identifica o motivo que está por trás da perda da inversão no PB. Estudando as ocorrências da inversão no espanhol e no italiano, a autora verifica um fato empírico interessante. Bentivoglio & D’íntrono (1978), para o espanhol, e Benincá & Salvi (1988), para o italiano, atestam que a inversão livre é mais bem aceita quando os complementos são clíticos e concluem que a inversão livre é propriedade de línguas que têm clíticos.
(15)
a.
b. Quería hacer
(16)
a. L'
b.?
Kato conclui que, no PB, a restrição vista para o espanhol e o italiano foi agravada pela perda de parte do paradigma dos clíticos
(17)
a. Comprou-
b. Comprou-
c. *Comprou
d. *Comprou uma joia
Zubizarreta (1998) vem ao encontro do achado empírico de Kato, propondo que a inversão livre resulta de uma regra geral de movimento condicionada pela prosódia, que ela denomina P-movement
Kato (2002a) e Kato & Duarte (2003), em um projeto sobre o PB falado, concluíram que esta variedade do português rejeita estruturas com verbo em posição inicial (V-inicial) na inversão livre, com verbos transitivos e intransitivos, mas que a adição de um elemento leve em posição inicial tornava as sentenças possíveis. Esses elementos podem ser adjuntos, complementos ou até mesmo elementos discursivos. As autoras associaram essa restrição ao novo ritmo prosódico da língua, uma consequência do reassentamento do PSN.
(18)
a.
b.
c.
Em 2006, Pilati propôs que a inversão livre se obtém mais facilmente quando um elemento dêitico ou locativo satisfaz o EPP (18), com a ocupação da posição V-inicial
(19)
a.*
b.
c.
Mais recentemente, Buthers & Bonfim Duarte (2012) propõem que, à medida que o PB se torna uma língua de sujeito nulo parcial
(20)
a.
b.
Nas línguas românicas de sujeito nulo as ordens VS/SV coexistem, em geral, para codificar os juízos tético (apresentativo) /categórico (predicacional), independentemente do tipo de verbo
(21)
a. Chegou
b.
c.
d.
A falta de concordância com o argumento interno dos inacusativos na ordem VS, como ilustrado em (21a), levou Kato (2002b) a propor que essa construção teria sido resultado de reanálise dos inacusativos como um verbo existencial com um sujeito expletivo nulo do tipo dêitico como
A ordem SV dos inacusativos apresenta, por outro lado, uma novidade no PB: alçamento de um genitivo ou dativo para atender ao EPP
(22)
a Quebrou os ponteiros dos relógios. (tético) PB
b. Os relógios tiveram
c. Os relógios
(23)
a. Faltou sorte aos meus times. (tético) BP PE
b.
c.
Para Duarte e Kato (2008) essas construções apareceram em função da perda do sujeito nulo referencial no PB e sua passagem de uma língua de proeminência do sujeito para uma língua de prominência de tópico, visão partilhada por outros linguistas brasileiros
Sentenças locativas constituem outra classe que vem sofrendo mudança semelhante, com alçamento do locativo para formar um padrão de tópico-sujeito. Um jornalista anunciando o tempo pode usar tanto (24a) como (24b) ao começar um noticiário. Mas, se ele acrescentar “Rio” à mesma notícia, deverá usar a variante (24c.)
(24)
a. Chove em São Paulo. (tético)
b. São Paulo chove. (tético ou categórico).
c. Chove em São Paulo; no Rio faz sol. (tético; categórico)
Há, entretanto, uma tendência hoje à preferência por SV para expressar o juízo tético, o que possibilita evitar o padrão linear V1
(25) d. São Paulo chove; o Rio faz sol.
Até recentemente, assumia-se que a perda parcial dos sujeitos nulos referenciais tinha a ver com a perda da riqueza morfológica do nosso paradigma de flexões de pessoa (DUARTE 1995, e.o.) e a sua substituição por pronomes fracos livres (CARDINALETTI; STARKE, 1999; KATO 1999).
Sem ignorar a perda da riqueza morfológica em virtude da mudança no paradigma pronominal e a proeminência de tópico no PB, aqui propomos que, no nível da Forma Fonética, passamos a ter uma mudança paralela na prosódia sentencial. Da possibilidade de V-inicial das línguas prototípicas de sujeito nulo, passamos a ter preferência pelo padrão linear V2. Também com a inversão livre, há uma rejeição inicial dessa construção V1, sanada parcialmente com a presença de elementos dêiticos iniciais, resultando em construções lineares V2.
Ao invés da clássica análise de sujeito nulo como
Embora V2 tenha se tornado o padrão sentencial preferencialmente com sujeito expresso, o apagamento do sujeito pode ocorrer quando ocorrem elementos leves preverbais como a negação, clíticos, locativos em primeira posição (DUARTE, 1995; KATO; DUARTE, 2018a), que preservam o padrão V2.
(26)
a.
b. (
c.
d. (
Exemplos de Duarte (1995)
Veja ainda o seguinte contraste:
(27)
a. %* como cenouras cruas.
b.
c.
d.
Até mesmo a criança citada acima por Simões, com três anos de idade, que distribui os nulos apenas para expletivos (28), apresenta uns poucos exemplos de nulos referenciais quando o verbo é precedido de algum elemento:
(28)
a.
b.
Concluindo, podemos afirmar que uma regra estilística prosódica afeta tanto a inversão livre quanto a sentença com sujeito nulo no PB:
(29) a.
(30) a.
Logo, embora o sujeito nulo e a inversão sejam independentes quanto ao que motiva a mudança, a perda da riqueza morfológica de pessoa, no primeiro caso, e a perda parcial dos clíticos, no segundo, os dados aqui apresentados permitem concluir que o resultado da mudança é uniformemente atingido pelo ritmo prosódico, que favorece um padrão linear V2.
Nossa proposta é, portanto, que, na interface com PF (Forma Fonológica), as línguas têm filtros em relação ao seu ritmo. Para dar conta da preferência por certas formas nesse estágio da mudança em curso no PB, essa proposta pode ser traduzida numa condição do tipo “Avoid V1”.
A sequência V2 que resulta dessa condição, entretanto, nada tem a ver com o que acontece com a ordem V2 das línguas germânicas, cuja motivação é estrutural, com um XP que se move para Spec, C a fim de satisfazer o EPP. Esse contraste mostra que, no caso do PB, o elemento preverbal pode ser um X (um núcleo) ou um XP (uma projeção máxima). Podemos conjeturar que o padrão rítmico entra como um tipo de Parâmetro, tal qual a morfologia. No estágio atual da mudança em curso, a criança provavelmente seria sensível à prosódia antes da morfologia.
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Agradecemos a um dos pareceristas que nos indica dois itens bibliográficos que podem ser úteis para esse futuro trabalho, a saber, Mara Frascarelli e Tania Stortini (2019); levaremos também em conta o trabalho de Adams (1988), que tratou da mudança na passagem do francês antigo para o médio, para língua sem sujeitos nulos, levando em conta o efeito da prosódia.
Segundo os autores, línguas de sujeito nulo parcial permitem controle do sujeito de terceira pessoa da principal sobre os sujeitos nulos do complemento de verbos como
(i) O João1 disse que
No PB, embora seja este o padrão mais resistente para a ocorrência de sujeitos nulos, ilustrado em (3), outros padrões ainda licenciam nulos, como mostraremos em (5)-(7). A perda do sujeito nulo no padrão com anti c-comando (exemplo 4) com o sujeito da adjunta anteposta licenciando um nulo na principal posposta), uma propriedade crucial das línguas românicas de sujeito nulo, é quase categórica no PB, mostrando-se o contexto mais facilmente vencido no processo de mudança em curso, nos dados da Língua-E (Cf. DUARTE, 2019).
Segundo as autoras, o PB vai se tornando gradualmente uma língua de sujeitos expressos e de objetos nulos, processos que parecem ocorrer independentemente, mas seguem uma mesma hierarquia referencial, que contém num ponto mais alto itens de maior referencialidade, com o traço [+humano], como os pronomes de 1ª e 2ª pessoas; num ponto mais baixo, vemos os pronomes de 3ª pessoa, em que os traços [+/-específico] interagem; mais abaixo temos as proposições e, finalmente, os itens não argumentais. Como constatam as autoras, a hierarquia proposta é altamente relevante nos casos envolvendo pronominalização. Quanto mais referencial um item, maior a possibilidade de um elemento expresso, o que explica, o avanço mais rápido do sujeito pronominal expresso de 2ª e 1ª pessoas, bem como os indeterminados (arbitrários ou genéricos), que trazem igualmente o traço inerentemente [+humano]. Seguem mais lentamente, apesar de em estágio já avançado, os itens de 3ª pessoa, especialmente quando interagem os traços [-humano/-específico]. No ponto mais baixo da hierarquia estão os expletivos, que se mantêm nulos no PB, embora já em competição com uma serie de estruturas de alçamento (Duarte & Kato, 2008; Kato & Duarte, 2017; Duarte 2017, e.o.). O objeto nulo segue direção oposta, a partir dos itens proposicionais ou neutros.
Para Chomsky & Lasnik 1977 regras estilísticas se localizam na Forma Fonética (PF) e não no componente computacional.
Na amostra do PE, o sujeito nulo é quase categórico nos padrões com e sem c-comando ilustrados em (3) e (4).
A autora é do Rio Grande do Sul, onde se preserva o pronome ‘tu’, embora este pronome tenha perdido a flexão de concordância correspondente.
Para Chomsky (1988) a língua-I do adulto pode conter uma periferia estendida com formas antigas, ou até mesmo uma segunda gramática, o que acontece com a língua-I de filhos de imigrantes. Ver ainda Kato (2013).
A mesma restrição é atestada na ordem VS em interrogativas-Q por Duarte (1992).
Sobre perda de clíticos no PB ver Duarte 1986; Cyrino 1993, 2019; Nunes 1993, 2019; Pagotto 1993i.a.
Ver resenha dessa obra de Zubizarreta em Kato (2000c).
Muitos exemplos de Pilati são de narração de jogo de futebol – uma tradição discursiva que vai cada vez menos mostrando VS.
Cf. a distinção entre tético
Cf. Britto (2000) para quem a perda da ordem VS levou SV a assumir o caráter tético e o deslocamento `esquerda a função categórica.
(i) O bebê sorriu. (tético) (ii) O bebê, ele sorriu. (categórico)
Fenômeno introduzido por Pontes (1981, 1987) e estudado por muitos linguistas brasileiros, entre eles Kato 1989; Galves 1998; Modesto 2008; Negrão 1999, Duarte & Kato 2008, Kato & Duarte 2008; Kato & Duarte 2017; Kato & Ordoñez 2019 e. o.
Cf. entre outros os autores citados na nota 11.
Para Kato & Ordoñez (2019), o padrão SV pode ser já uma construção antiga desde o desaparecimento do clítico