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Research Report

Topic-comment constructions in Jornal Nacional

Lou-Ann Kleppa

Universidade Federal de Rondônia image/svg+xml

https://orcid.org/0000-0003-0317-9440


Keywords

Topic-comment
Media
Standard variety
Variation

Abstract

The motivating text of this research is from Castilho, et al. (2015), whose theme is the informalization of journalistic writing since 2014. The corpus of this study is composed of excerpts from the Jornal Nacional where topic-comment structures are present. We present a brief history of these constructions in grammars - where they are called anacoluto, antecipation and prolepse - and give an overview of how they are treated in the relevant literature. Excerpts from Jornal Nacional between 2009 and 2018 were analyzed by sampling. Topic constructions were found in our data, but without a tendency to increase the use of these constructions from 2015 onwards. The topic constructions were categorized according to form and function and we observed a general tendency of topic-comment construction use according to the user's role in JN (presenter, reporter or interviewee). The entry of these structures into a medium that is responsible for maintaining the standard variety in portuguese may indicate a change in the standard variety.

O Padrão e as Mudanças no JN

O presente estudo toma como objeto as construções de tópico-comentário, uma marca de oralidade informal do português brasileiro, presentes no programa televisivo Jornal Nacional. O texto motivador desta pesquisa é de Castilho, Garcia e Paz de Almeida (2015), cujo tema é a política de informalização da escrita jornalística a partir de 2014. Em “A Linguística e a Mídia”, os autores acompanham a implementação do projeto de tornar o texto jornalístico mais acessível à população por meio da adoção de estratégias comunicativas presentes na oralidade.

Antes, contudo, de acompanharmos as mudanças propostas em Castilho et al. (2015) para tornar o Jornal Nacional um jornal “conversado”, precisamos entender, numa perspectiva histórica, o formato do telejornal e as apostas que a emissora fez nos apresentadores do Jornal Nacional. Em “As mudanças na bancada do Jornal Nacional”, Cardoso, Chinelato e Coutinho (2013) apresentam um breve histórico das mudanças de apresentador que vale mencionar aqui: “Segundo o Memorial da Rede Globo, o Jornal Nacional nasceu em 1969 [...].” (CARDOSO et al., 2013, p. 3). “[Havia] o distanciamento dos apresentadores que, no princípio do telejornal, não participavam de todo o processo de produção do conteúdo noticiado, sendo apenas locutores.” (CARDOSO et al., 2013, p. 3) Cid Moreira e Hilton Gomes foram os primeiros apresentadores – que liam as matérias.

Em 1971, houve uma inovação tecnológica: o teleprompter, aparelho situado logo abaixo da câmera, o qual projeta o texto para o locutor. O equipamento permitiu que os apresentadores pudessem ler as notícias com mais naturalidade, sem a necessidade de ficar constantemente olhando para baixo, passando a encarar o telespectador, de forma a garantir-lhe a veracidade do que estava falando (SOUZA, 1984 apud CARDOSO et al., 2013[1], p. 6).

Sérgio Chapelin formou dupla com Cid Moreira por onze anos, entre 1972 e 1983, e depois por mais sete anos, entre 1989 e 1996, quando ambos foram substituídos por William Bonner e Lilian Witte Fibe. Contudo, nos primeiros anos da dupla masculina,

Segundo o Memorial da Rede Globo, devido a este formato, O Jornal Nacional começou a se preocupar em se fazer entender pelo público menos esclarecido, desta forma, tentava contextualizar e explicar, através de uma linguagem simples, informações políticas e econômicas. Para isso, adotou a participação de comentaristas especializados, como Paulo Henrique Amorim, Joelmir Beting, Lilian Witte Fibe e Alexandre Garcia (CARDOSO et al., 2013[1], p. 8).

A proposta de dar espaço a William Bonner e Lilian Witte Fibe “se sustentava na valorização do jornalista como apresentador de notícias, desconstruindo a figura do locutor” (CARDOSO et al., 2013, p. 9). Dois anos depois, Lilian Witte Fibe, que contava com a possibilidade do Jornal Nacional se assemelhar mais ao modelo americano de jornal opinativo, deixou o Jornal Nacional, dando lugar a outra mulher: “A escolha de Fátima Bernardes foi estratégica: o casamento com Bonner e a transmissão da imagem tradicional da família geraram a identificação por parte das famílias que se reuniam para assistir ao noticiário” (CARDOSO et al., 2013[1], p. 10). Os autores notam outra mudança:

Ao longo do tempo em que o casal apresentou o telejornal, a montagem passou a adotar um enquadramento mais aberto, no qual aparecem o apresentador e a apresentadora, possibilitando uma maior interação entre eles. Além disso, houve uma tentativa de maior aproximação com o público, usando palavras como “você”. (BARA, 2010 apud CARDOSO et al., 2013[1], p. 10-11)

Treze anos depois, em dezembro de 2011, Fátima Bernardes deu lugar a Patrícia Poeta (que, em 2014, deu lugar a Renata Vasconcelos, fato posterior à publicação do texto que estamos acompanhando). Os autores notam que “a separação do casal fez com que a audiência do jornal apresentasse uma queda progressiva.” (CARDOSO et al., 2013[1], p. 11). A conclusão dos autores é que as trocas dos apresentadores não foram significativas para que se observe uma mudança no formato do jornal, já que as normas da emissora se mantiveram.

A queda de audiência, no entanto, devida a vários fatores como o crescimento da Classe C, a disseminação do jornalismo no ambiente virtual, o uso cada vez mais frequente de smartphones para acessar notícias etc. provocou na Rede Globo outra necessidade de mudança: dessa vez, a mudança seria na linguagem (CASTILHO et al., 2015).

1. Jornal Conversado

Em Castilho et al. (2015), uma das autoras, Paz de Almeida, recupera a história do projeto de mudança da linguagem nos telejornais da Globo: “As mudanças de verdade começaram a surgir em 2009, quando a direção da TV mandou uma orientação para os telejornais serem mais conversados, mais coloquiais.” (CASTILHO et al, 2015, p. 2) Mais adiante: “A direção tinha lançado o desafio, mas não estava cobrando nada. São Paulo, como praça do Rio de Janeiro, saiu na frente [...]. Trabalhamos quatro anos com o pessoal do Jornal Hoje e dos jornais locais de São Paulo [...].” (CASTILHO et al, 2015, p. 2) Por fim: “[...] só em 2014 esse trabalho ganharia outra dimensão. Finalmente criaram um grupo pra discutir novos formatos e linguagens e o coordenador seria o William Bonner [...].” (CASTILHO et al, 2015, p. 3) Enviaram o projeto elaborado para o Jornal Hoje e o editor-chefe do Jornal Nacional “[...] levou a proposta pra direção de jornalismo, que aprovou tudo e decidiu que o projeto seria pra toda a rede a partir de 2015.” (CASTILHO et al, 2015, p. 3)

Em “A Linguística e a mídia”, Garcia apresenta o trabalho de linguagem desenvolvido: “[...] os profissionais passaram a observar as marcas linguísticas e discursivas da oralidade e da escrita e passaram a modificar a narrativa das reportagens, tentando aproximar sua estrutura da estrutura da fala.” (CASTILHO et al, 2015, p. 4). Mais adiante, oferece detalhes desse processo:

Outra coisa que a gente vivia “corrigindo” era o que se pensava ser um anacoluto indesejável na fala dos repórteres, algo como em “o prefeito, ele acabou de me dizer”. Estudando a oralidade, descobrimos que isso é uma construção de tópico, muito normal no português brasileiro, e passamos a aceitar com naturalidade. (CASTILHO et al, 2015, p. 5).

De modo geral, observa-se que foi dado um caráter mais de conversa ao que é dito pelos apresentadores. Um exemplo disso é o jogral que se pode observar na apresentação do tempo (clima). O/a apresentador(a) no estúdio pergunta para a apresentadora do tempo que aparece na tela (e está em outro estúdio) quais são as previsões. Com a palavra, esta apresentadora descreve o tempo e as tendências. O/a apresentador(a) no estúdio retoma a palavra para perguntar sobre um assunto que a apresentadora do tempo não mencionou (por exemplo, as temperaturas), passando-lhe novamente a palavra. O esquema do jogral, com troca de turnos, aproxima-se mais da linguagem oral, do diálogo.

Outra estratégia do jornal de se aproximar mais do falante da variante não-padrão é aproximando o texto do jornal (que é escrito) do registro da oralidade. Neste sentido, destacamos novamente a apresentadora do tempo que atende pelo apelido, Maju (Maria Júlia Coutinho), com seu registro informal.

Contudo, para aproximar-se da oralidade, não basta que os apresentadores conversem entre si ou conversem com o público, pois que a oralidade apresenta uma organização sintática própria, diferente daquela observada na escrita; e uma das marcas de oralidade informal em português brasileiro, como já apontou Garcia (CASTILHO et al, 2015), é a construção de tópico-comentário.

2. Tópico-Comentário – Como Descrever?

A Gramática Tradicional não lida com construções de tópico-comentário propriamente ditas, mas – dependendo da Gramática – enumera figuras de sintaxe, estilística de sintaxe, figuras de construção, figuras de linguagem ou sintaxe de colocação que coincidem com as construções de tópico-comentário, mas são chamadas de prolepse, antecipação e anacoluto.

Passemos ao exame dessas categorias nas gramáticas em ordem cronológica: A Gramática de Gladstone Chaves de Melo (1980, p. 239) apresenta a antecipação no capítulo da sintaxe de colocação: “entre os fatos de antecipação [prolepse, para alguns], escolhemos para exemplificar este, em que o sujeito de uma subordinada vem à testa do período, como se fora o sujeito principal.”

Definições similares entre si são oferecidas em gramáticas publicadas na década de 90. A Gramática de Terra (1990, p. 295), apresenta o anacoluto na seção das figuras de construção: “Anacoluto: consiste em deixar um termo solto na frase. Normalmente, ocorre o seguinte: inicia-se uma determinada construção sintática e depois se opta por outra.” A Gramática de Savioli (1991) igualmente apresenta o anacoluto na seção de figuras de construção, definindo-o como “Termo solto na frase (sem função sintática), em vista da troca de uma construção sintática por outra.” (SAVIOLI, 1991, p. 406). Na seção de estilística sintática, Lima (1999) discorre sobre o anacoluto:

No anacoluto encontraremos, talvez, um dos mais frequentes casos de sintaxe afetiva. Consiste essa figura numa desconexão sintática, resultante do desvio do plano de construção da frase. Iniciada com determinada estrutura, ela se interrompe de súbito e envereda por outro rumo (LIMA, 1999[2], p. 489).

Por fim, Napoleão Mendes de Almeida (1999[3]) retoma a origem do nome:

ANACOLUTO (do gr. an = não, mais acólouthon = acompanhado, significa não consequente, não coerente) especifica a figura de regência em que um termo da oração vem solto, sozinho, sem nenhuma relação sintática com os outros termos; vem a ser, por outras palavras, a interrupção ou mudança de construção já começada, por outra de nexo diferente. Em geral essa interrupção, não raras vezes elegantíssima, traduz mais fielmente o pensamento do que a coordenação lógica, por si mesma despida de sentimento (ALMEIDA, 1999[3], p. 480).

Cunha e Cintra (2001) resumem as gramáticas anteriores, apresentando duas figuras de linguagem: a prolepse, que é definida como “deslocação de um termo de uma oração para outra que a preceda” (CUNHA; CINTRA, 2001, p. 628); e o anacoluto, que “é a mudança de construção sintática no meio do enunciado” (CUNHA; CINTRA, 2001, p. 630). Esta gramática admite que “O ANACOLUTO é um fenômeno muito comum, especialmente na linguagem falada” (CUNHA; CINTRA, 2001, p. 631).

Cegalla (2008, p. 532-533) apresenta uma lista de antecipações (do sujeito da oração subordinada, do objeto direto e indireto – mantida a preposição – dos predicativos do sujeito e objeto, do adjunto adverbial, do verbo da oração subordinada – conjugado). No capítulo de estilística, o autor apresenta o anacoluto: “É a quebra ou interrupção do fio da frase, ficando termos sintaticamente desligados do resto do período, sem função. O termo sem nexo sintático coloca-se, em geral, no início da frase para se lhe dar realce.” (CEGALLA, 2008, p. 622).

Por fim, Bechara (2015, p. 614) retoma as duas construções de tópico-comentário abordadas por gramáticos: anacoluto e prolepse figuram lado a lado, na seção de figuras de sintaxe: “Anacoluto – É a quebra da estruturação lógica da oração” e “Antecipação ou prolepse – É a colocação de uma expressão fora do lugar que logicamente lhe compete.” O autor diferencia os dois casos: “As antecipações são ditadas por ênfase e muitas vezes geram anacolutos, mas destes diferem porque não quebram a estrutura gramatical do enunciado.” (BECHARA, 2015, p. 615).

Como se vê, as categorizações são quase impressionísticas (o fio da frase, no meio do enunciado, sintaxe afetiva, como se fora o sujeito principal, estruturação lógica), pouco comprometidas com a estrutura e função das construções de tópico-comentário. Em geral, as gramáticas não relacionam anacolutos com antecipações ou prolepses, porém intuem uma certa intencionalidade do falante (tomada por estilo) ao apresentar a informação no formato de tópico-comentário.

Para a tradição [gramatical], essas estruturas – topicalização, deslocamento para a esquerda e anacoluto – são encaradas como mau uso da língua, forçando-nos, falantes nativos do português, a desprezar nossas mais comuns manifestações linguísticas. Tudo o que fugir da estrutura SVO é mero recurso estilístico e, portanto, estigmatizado na linguagem formal do português (AZEVEDO, 2011[4], p. 2705).

Todas as gramáticas parecem partir de exemplos concretos que precisam ser categorizados, nomeados; não de estruturas possíveis na língua que merecem ser descritas. Ademais, a Gramática Tradicional, centrada na escrita, toma como unidade de análise a frase. “Ora, a frase no real da língua não existe. Remete a um conceito elaborado para atender as necessidades da descrição gramatical e linguística [...].” (DAHLET, 2006[5], p. 126). A gramática da oralidade se pauta mais na informação que na ordem das palavras.

3. Linguistas Estudando Construções de Tópico-Comentário

A estrutura de tópico-comentário tem ganhado visibilidade na literatura sobre sintaxe em língua portuguesa a partir de Pontes (1987) e está paulatinamente ganhando sua devida atenção, como podemos notar nos trabalhos de Kato (1989), Galves (1998), Abreu (2003), Belford (2006), Perini (2006), Orsini e colegas (2003, 2007, 2011 e 2015), Andrade e Galves, 2014, Kleppa (2014 e 2019), Berlinck, Duarte e Oliveira (2017), Ventura (2018) e Ventura, Maia e Guesser (2018):

A partir da classificação tipológica das línguas naturais feita por Li & Thompson (1976), formaram-se opiniões distintas por parte dos estudiosos do PB. De um lado, desenvolvem-se estudos que consideram o PB como uma língua orientada para a sentença (cf. DUARTE, 1996; KENEDY, 2002, 2014), cuja ordem predominante dos constituintes se dá por Sujeito – Predicado, como é o caso do Inglês e do Português europeu (PE). Em contrapartida, estudos defendem que o PB deva ser caracterizado como uma língua orientada para o discurso (cf. NEGRÃO, 1990; GALVES, 2001; ORSINI, 2003; KATO, 2006), como o Mandarim, cuja ordem predominante ocorre por tópico-comentário. Uma caracterização mista da língua, isto é, considerando que tanto a ordem sujeito-predicado quanto a ordem tópico-comentário são predominantes no PB, também vem sendo considerada (cf. PONTES, 1987; ORSINI e VASCO, 2007; BERLICK, DUARTE & OLIVEIRA, 2015). (VENTURA, 2018, p. 112)

Há línguas, por exemplo húngaro e japonês, que marcam o tópico morfologicamente, através de uma partícula. Em outras línguas, construções de tópico não são morfologicamente marcadas, então tem-se prototipicamente a seguinte configuração: um tópico (normalmente um sintagma) na margem esquerda e um comentário (que pode ser desde uma sentença completa a um sintagma nominal) seguindo o tópico. Em geral, há uma separação formal (seja por meio de pausas, curva entonacional ou sinais de pontuação) e conceitual entre o tópico e o comentário (a estrutura informacional de construções desse tipo é bipartida) (JACOBS, 2001).

Segundo Perini (2006, p. 190 e 191), “[a] maioria dos termos da oração podem ser colocados no início (“topicalizados”), assumindo assim a função de tópico [...],” mas “[a]lguns termos, como o núcleo do predicado, não podem ser topicalizados [...].” Ora, tópico e comentário formam, juntos, uma construção. Existe uma relação (sintática, semântica, discursiva) entre as duas partes. Em termos de autonomia de oração, poderíamos dizer que o comentário costuma ser uma sentença (com verbo conjugado), enquanto o tópico não tem autonomia de sentença (por isso um SV com o verbo conjugado não poderia ser um tópico e seria analisado como uma oração independente).

A depender da natureza sintática do tópico (se faz parte da grade argumental do verbo expresso no comentário), os graus de integração sintática do tópico com o comentário são variáveis. Num extremo de nenhuma integração sintática, a relação entre o tópico e o comentário precisa ser feita pela via semântica ou discursiva. Perini (2006) é um dos poucos autores que distingue tópico sentencial (com integração sintática entre o tópico e o comentário, por exemplo: “O Danilo, os próprios irmãos não aguentam” (p. 192)) de tópico discursivo (equivalente ao anacoluto, em que a relação entre tópico e comentário não é sintática, mas discursiva, como por exemplo: “Essa minha barriga, só jejum” (p. 197)).

Num grau de maior integração sintática, observa-se que um argumento do verbo no comentário (que geralmente é uma sentença no formato SVO) figura na posição de tópico. Para analistas gerativistas, trata-se de movimento de um elemento da estrutura SVO para a posição de tópico, fora da estrutura SVO. Quando o objeto indireto é topicalizado, a regência se perde: “Tempo? Eu estou precisando”. Orsini e Mourão (2015) tratam de sujeitos deslocados à esquerda quando o tópico é retomado através de pronome que ocupa a posição de sujeito no comentário: “O João, ele viajou”. Considerando que o sujeito já figura na margem esquerda da sentença SVO, o resultado é que, numa análise gerativista, o sujeito sai da sentença, para que um pronome tome seu lugar.

Há que se considerar, portanto, os graus de integração entre o tópico e comentário, ou seja, se o tópico faz parte da estrutura argumental do verbo expresso no comentário (e que a gramática tradicional tende a chamar de prolepse) ou não (casos que a gramática tradicional tende a chamar de anacoluto).

Já autores como Orsini e Vasco (2007) diferenciam quatro tipos de construções tópico-comentário: anacoluto (assumindo a nomenclatura da Gramática Tradicional), topicalização, deslocamento à esquerda (com retomada de pronome-cópia) e tópico-sujeito. A mesma categorização, centrada na forma, é assumida por Berlinck, Duarte e Oliveira ([2015] 2017), acrescida da categoria de antitópico (pós-tópico). A seguir, nas subseções 3.1 a 3.5, analisaremos cada uma destas formações e como outros autores se referem a elas. Os exemplos que ilustram cada categoria são do corpus coletado para o presente trabalho. Em cada exemplo, o tópico é grafado em negrito e o comentário está sublinhado. Na subseção 3.6, abordaremos possíveis funções do tópico e da própria construção de tópico-comentário.

3.1. Anacoluto ou Tópico Pendente

Também chamados de hanging topics, essas construções não apresentam integração sintática entre o tópico e o comentário. Ventura (2018) afirma que a literatura vem chamando este tipo de tópico de “estilo chinês”, já que a língua chinesa não apresenta ordem sintática fixa (envolvendo os papéis sintáticos de sujeito, objeto etc.), mas ordenação de informação relevante: tema-rema, ou seja, tópico-comentário. Exemplos:

(1) Uma coisa dessa, tá louco! Se não tem, não tem ... Deus que me perdoe (E, 04/07/2014).

(2) Campeonatos estaduais. O Flamengo empatou em zero a zero com o Macaé pelo Carioca (JNa, 28/01/2012).

3.2. Topicalização

Como os gerativistas enxergam movimento, topicalização pode ser considerado o deslocamento à esquerda do objeto da estrutura SVO. Existe, portanto, vinculação sintática entre tópico e comentário, já que o tópico estabelece relação argumental com o verbo do comentário. No exemplo a seguir, a incorporação do elemento topicalizado na sentença seguinte é perfeitamente possível: Muita gente já tentou botar Messi na roda, mas até agora, o resultado foi esse.

(3) Botar Messi na roda. Muita gente já tentou, mas até agora, o resultado foi esse ((imagem de Messi comemorando gol)) (JNr, 04/07/2014).

3.3. Deslocamento à Esquerda

Tanto na topicalização como no deslocamento à esquerda os gerativistas enxergam movimento. A primeira diferença entre as duas categorias é que, no caso do deslocamento, um pronome-cópia ocupa a posição do elemento movido. Assim, em caso do objeto indireto ser deslocado para a posição de tópico, ao retomar o tópico através de pronome no interior do comentário, a regência (perdida na topicalização: isso aí eu não gostei) é restabelecida (isso aí, eu não gostei disso aí). A segunda diferença diz respeito à separação formal entre o tópico e o comentário. Pontes (1987, p. 80) aponta para uma maior tendência de haver pausas separando tópicos do tipo deslocamento à esquerda com retomada por meio de pronome: “Isso talvez se explique porque a pausa causa uma ruptura, e então surge a necessidade de reconstituição da estrutura da S, através do pronome.” Neste sentido, Moraes e Orsini (2003, p. 270) apontam para diferentes padrões prosódicos que caracterizam os diferentes tipos de construções de tópico-comentário, dentre eles a pausa como marca tanto de anacoluto como de deslocamento à esquerda com retomada do tópico através de pronome. “O fato de o tópico desempenhar diferentes papéis sintáticos em relação à sentença-comentário [caso de anacoluto x topicalização e deslocamento à esquerda] aparentemente não provoca alterações no seu padrão prosódico.” Os dois exemplos a seguir foram enunciados em sequência pela mesma pessoa. Note-se que, na segunda ocorrência, o enunciador encaixa uma descrição entre o tópico e o comentário, reforçando a ruptura entre tópico e comentário e explicando a necessidade do pronome-cópia:

(4) A convenção de Haia, ela tem exceções. O colega que prolatou uma decisão douta, eu reconheço que é uma decisão muito bem fundamentada, de oitenta e duas folhas, ele mitigou, minimizou, né, a manifestação da vontade de Shawn (E, 03/06/2009).

3.4. Tópico-Sujeito

Estas são construções em que o tópico é reinterpretado como sujeito do comentário. Não encontramos, nos nossos dados, exemplos que caibam nesta categoria, mas podemos recuperar um exemplo de Orsini e Vasco (2007, p. 85):

(5) Essas janelas estão ventando. (PEUL-RJ)

3.5. Antitópico ou Pós-Tópico

Igualmente não encontramos construções deste tipo no nosso corpus, porém a construção é bastante comum na variante regional de Rondônia, em que principalmente os pronomes figuram na posição de antitópico:

(6) Aí eu ficava só, eu.

3.6. Funções do Tópico em Relação ao Comentário

Até aqui o foco foram as possíveis formatações estruturais das construções de tópico-comentário. Para funcionalistas de orientação construcionista, o pareamento entre função e forma é vital para se entender uma construção. Goldberg (2006) afirma que a construção pode envolver desde um afixo até cláusulas complexas (e o sentido de cláusula está ligado à informação, não à frase gráfica).

Passemos, portanto, à investigação dos possíveis sentidos da construção de tópico-comentário. Apresentamos uma observação de Azeredo (2018) acerca do anacoluto:

Obs.: Entendemos que o primeiro termo da estrutura pleonástica e o termo que marca o anacoluto contribuem vivamente para a força de expressão da frase, pois criam na mente do receptor da mensagem um cenário semântico em que se processam as informações contidas no enunciado. Assim eles estabelecem, no âmbito da pragmática, o domínio conceptual em que suas representações se articulam. (AZEREDO, 2018[6], p. 528)

Belford (2006) segue a mesma trilha:

Pode-se dizer que, de fato, no que se refere à variação de formas sintáticas, há diferenças de significado, mas não do significado de base, do significado referencial. Existem diferenças semânticas mais sutis as quais podem ser controladas, como o fluxo da informação […], o qual, segundo a própria descrição de Chafe (1976: 28) tem mais a ver com “embalagem” do que com conteúdo. (BELFORD, 2006[7], p. 44)

Chafe (1976, apud PERINI, 2006, p. 197) trabalha com a noção de que o tópico em anacolutos estabelece “quadro de referência espacial, temporal ou individual” para a sentença do comentário. Versluis e Kleppa (2016, p. 329) trabalham com dois tipos de relação que o tópico estabelece com o comentário: frame-setting (paisagem mental referente a espaço e/ou tempo, em que o tópico serve de moldura para acomodar o conteúdo informacional contido no comentário) e aboutness (quadro de referência individual, em que o tópico anuncia o conteúdo sobre o qual versa o comentário). Exemplos dessas relações de aboutness (7) e frame-setting (8):

(7) Carro de polícia, ambulância, motocicletas. A partir deste ponto em que eu estou, nada mais passa (JNr, 13/01/2011).

(8) Avenida Maracanã, cinco da tarde. Lembra que eu falei que ia encher? Encheu (JNr, 07/08/2016).

Em nossos dados, contudo, encontramos uma terceira “paisagem mental” a que o tópico pode referir: a própria linguagem. Chamamos essas relações de metalinguísticas:

(9) Pergunta. Resposta sincera, Patrícia: tá nervosa? (JNa, 05/12/2011)

Em todos os casos, percebe-se que o processamento das construções de tópico-comentário se dá em duas etapas: primeiro o tópico, depois o comentário. A própria estrutura tópico-comentário viabiliza a separação da informação em dois blocos. Neste estudo, estamos diante das seguintes variáveis: (I) formas diferentes de construções de tópico-comentário; (II) funções diferentes do tópico em relação ao comentário; e (III) pessoas ocupando diferentes papéis enunciativos no Jornal Nacional.

4. Materiais e Métodos

O objeto de investigação deste estudo são trechos do telejornal em que há presença de estruturas de tópico-comentário. Foram analisados, por amostragem, trechos de aproximadamente 45 minutos (porque essa é a extensão padrão do programa) do Jornal Nacional de cada ano entre 2009 e 2018. Foi constatada a presença de construções de tópico no noticiário tanto na fala de membros da equipe jornalística (JNa corresponde aos apresentadores e JNr corresponde aos repórteres), como na fala dos entrevistados (E), como podemos observar na Tabela 1:

Figure 1. Tabela 1. Ocorrências de construções de tópico-comentário no corpus

O aplicativo Globoplay disponibiliza apenas trechos (matérias) dos telejornais até 2016. Somente a partir de dezembro de 2016 é que o noticiário é disponibilizado na íntegra de maneira consistente. Para ter acesso ao tempo equivalente de um noticiário completo, buscamos trechos maiores que 10 minutos no Youtube. A maior parte dos trechos encontrados no Youtube foi inserida pelos usuários devido ao assunto relevante tratado no dia. Exemplos são: o acidente do Airbus da Airfrance em 2009, as entrevistas com os candidatos a presidente em 2010, a morte de Amy Winehouse em 2011 e a posse de Dilma no mesmo ano, os edifícios que desabaram no Rio de Janeiro em 2012, o incêndio da boate Kiss em 2013, a Copa em 2014. A partir do final de 2016 já foi possível acessar programas completos disponibilizados no aplicativo Globoplay. Respeitando a tendência do movimento Ciência Aberta de disponibilizar os dados, apresentamos nosso corpus:

Figure 2. Tabela 2. Descrição do corpus

Foram desconsiderados anúncios de notícias como “A seguir” ou “Daqui a pouco” e todas as manchetes enunciadas no início do Jornal, ou chamadas de outros programas da Globo, como por exemplo o Fantástico, porque não tivemos acesso a edições integrais desde 2009, somente a partir de 2016.

5. Ocorrências de Tópico-Comentário no Corpus

Os dados mostram que, na função de apresentador, lendo o teleprompter, William Bonner não produz construções de tópico. Elas emergem em sua fala quando o editor-chefe do JN se coloca na posição de repórter (por exemplo em Santa Maria, na frente da boate Kiss) ou entrevistador (por exemplo diante dos candidatos a presidente em 2010). Em primeiro lugar, diferenciamos então a fala dos apresentadores da fala dos repórteres. Os entrevistados são tratados como se formassem um bloco, apesar desse bloco ser composto por especialistas, juristas, ministros e pessoas do povo.

A simples quantificação das ocorrências de tópico-comentário ao longo dos anos (como mostra a Tabela 1) se mostrou pouco conclusiva, já que o universo de dados é relativamente pequeno. Dos cinco arranjos sintáticos previstos por Berlinck, Duarte e Oliveira (2017), apenas três foram detectados no corpus: anacoluto, topicalização (uma única ocorrência, apresentada em (3)) e deslocamento à esquerda com pronome-cópia. A Tabela 3 mostra a distribuição desses arranjos sintáticos no corpus:

Figure 3. Tabela 3. Diferentes arranjos sintáticos de construções de tópico-comentário encontrados no corpus

É de se notar que, conforme mostra a Tabela 3, os repórteres representam o elo entre os apresentadores e os entrevistados. Os repórteres de fato dialogam tanto com os apresentadores como com o público. Os entrevistados, por sua vez, que respondem oralmente aos repórteres, apresentam o maior índice de deslocamentos à esquerda (de sujeitos). Para Orsini e Mourão (2015, p. 401-402), que estudaram este fenômeno especificamente:

[...] acreditamos haver uma íntima relação entre a frequência das construções de DEsuj e o grau de formalidade dos textos: se, por um lado, gêneros textuais que exigem menor grau de monitoramento apresentarão maior frequência de DEsuj; por outro, textos escritos formais revelarão pouca ou nenhuma ocorrência do fenômeno em estudo (ORSINI e MOURÃO, 2015[8], p. 401-402).

Uma vez compreendidas a frequência e distribuição das construções de tópico-comentário, passemos ao cruzamento entre forma e função. Nos anacolutos, em que a relação entre o tópico e o comentário é discursiva ou semântica, o tópico pode estabelecer uma relação de aboutness, frame-setting ou ainda uma terceira alternativa, conforme mostram os dados: metalinguística. Já que esta categoria é nova, seguem todos os dados (além de (9)) que se enquadram nesta última categoria:

(10) Quem determinou o corte foi o operador Nacional do Sistema Elétrico. A explicação. A partir de cinco pras três da tarde um problema na transferência de energia das regiões Norte e Nordeste para a Sudeste, além da elevação do consumo no horário de pico, provocaram a queda da frequência elétrica. (JNr, 20/01/2015)

(11) Uma dica importante, hein: na loja de aplicativos/ na sua loja de aplicativo, você pode atualizar o Globoplay pra ter acesso à área olímpica. (JNa, 07/08/2016)

(12) Pergunta: o senhor pretende levar para o Brasil inteiro este modelo de concessão de estradas estaduais de São Paulo? (JNa, 12/082010)

(13) Por exemplo. A concessão que eu fiz ... da Ayrton Senna. (E, 12/08/2010)

Figure 4. Tabela 4. Qualificação dos anacolutos

Os números não são expressivos, mas observamos uma certa tendência dos apresentadores a usarem tópicos metalinguísticos (admitindo que William Bonner usou duas vezes o mesmo, em (9) e (12)) e uma certa tendência dos repórteres a trabalharem com cenários em que ações se desenvolvem (exemplos (7) e (8)). Nos dados dos entrevistados, os números da Tabela 4 não permitem que façamos destaques quanto à ocorrência de anacolutos. A fala dos entrevistados é mais marcada pelo deslocamento à esquerda com retomada de pronome.

Orsini e Mourão (2015) isolam casos de deslocamento à esquerda em que o sujeito é topicalizado. Contrastados com casos em que o objeto é deslocado, verificamos que os casos em que o sujeito é retomado por pronome-cópia são, de fato, maioria:

Figure 5. Tabela 5. Deslocamento à esquerda de sujeitos e objetos com retomada de pronome-cópia.

Exemplos de retomada de objeto e sujeito, respectivamente, são:

(14) Eu quero te dizer o seguinte: a minha relação política com o presidente Lula, eu tenho imenso orgulho dela (E, 11/08/2010).

(15) Essa nova legislação, ela vê o estrangeiro de uma forma a não criminalizá-lo (E, 21/11/2017).

Canato e Durão (2005) afirmam que estruturas de sujeito topicalizado com pronome-cópia, ou seja, duplo sujeito (DS), têm aumentado gradativamente na língua portuguesa falada no Brasil. Salles (2004) se pergunta se são a mesma coisa “DS é o mesmo que D.E.Suj.? E a resposta é afirmativa, haja vista o DS ser formado por um tópico e um elemento correferencial” (SALLES, 2004, p. 90) e apresenta razões para o surgimento do duplo sujeito:

Duarte (1995) trata das construções com DS como construções de deslocamento à esquerda, isto é, construções de tópico, resultantes da perda pelo sistema do PB de propriedades de língua pro-drop, como a perda da inversão livre do sujeito e do Princípio Evite Pronome. A perda deste, então, justifica a repetição do sujeito e, consequentemente, a dupla marcação de Caso nas construções com DS (SALLES, 2004[9], p. 42 – 43).

Em seus dados, Salles (2004) nota que “o DS tem como favorecedores de sua ocorrência tanto contextos narrativos quanto explicativos.” (SALLES, 2004, p. 75) “Os resultados indicam a 3ª pessoa do plural e a 2ª pessoa do singular (você – indeterminado) como as mais favoráveis ao aparecimento do DS […]” (SALLES, 2004, p. 76).

6. Conclusão

A partir de Castilho et al. (2015) trabalhamos aqui com a hipótese inicial de que, com o trabalho de retextualização da linguagem empregada por jornalistas e repórteres, observaríamos um aumento de ocorrências de construções de tópico-comentário, características da fala, mas não da escrita em português. Nossos dados não apontam para um aumento da frequência dessas construções, pelo contrário, mostram que elas sempre estiveram presentes no Jornal Nacional. O que percebemos, no entanto, foi certa especialização do uso: apresentadores demonstram preferência por anacolutos – mais especificamente, metalinguísticos, uma nova categoria que nossos dados indicaram; repórteres igualmente demonstram preferência por anacolutos, mas nestes, o tópico desempenha função de frame-setting; e os entrevistados, em sua maioria, demonstram tendência ao deslocamento à esquerda, em que o sujeito do comentário coincide semanticamente com o tópico, mas é expresso através de pronome-cópia.

A Gramática Tradicional não lida propriamente com construções de tópico-comentário, mas apenas com categorias que ela mesma não relaciona: anacoluto, antecipação e prolepse. Anacoluto corresponde ao tópico em chinês, em que não há um elemento da sentença do comentário sendo deslocado para a posição de tópico. Não há, portanto, integração sintática entre o tópico e o comentário e a relação entre as duas partes da construção é feita pela via semântica ou discursiva. Nem a Gramática Tradicional nem o Gerativismo examinam como essas relações são construídas (aboutness, frame-setting ou metalinguística) em termos de sua função.

Ao estudar antecipações ou prolepse, a Gramática Tradicional foca no que os linguistas chamam de topicalização: movimento de um dos objetos do verbo do comentário para a posição de tópico. O que a Gramática Tradicional ignora por completo – nem mesmo menciona como vício de linguagem – é a topicalização de sujeitos com reforço do pronome-cópia. E é essa a estratégia mais comum observada na fala das pessoas entrevistadas, sejam elas pessoas do povo, um ministro ou juristas. Ao passo que Canato e Durão notam em 2005 o aumento do uso desse tipo de construções, nem Cegalla (2008), Bechara (2015) ou Azeredo (2018) mencionam esse tipo de construção.

Variações linguísticas são primeiramente observadas na fala, portanto ainda não podemos tratar de mudanças linguísticas. A presença das construções de tópico-comentário num meio que é responsável pela manutenção da variedade padrão pode indicar uma mudança na variedade padrão. Segundo Faraco (2005, p.15) “as línguas humanas mudam com o passar do tempo, elas não se constituem em realidades estáticas e sua configuração estrutural se altera continuamente no tempo”.

Observamos como a construção de tópico-comentário envolve uma dinâmica que remonta à mudança do paradigma dos pronomes em português brasileiro. Observamos também uma gradação no uso de construções de tópico-comentário: menos frequentes na fala de quem lê o teleprompter, mais frequentes nos enunciados de quem está em situação de diálogo.

É interessante lembrar que construções de tópico-comentário já têm dividido autores quanto à orientação da língua portuguesa: se para a sentença SVO ou para o discurso, enquanto as gramáticas repetem que construções de tópico-comentário são questão de estilo.

Avaliação

AVALIADOR 1: Jair Gomes de Farias

ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1176-8253

FILIAÇÃO: Universidade Federal de Alagoas, Alagoas, Brasil.

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AVALIADOR 2: Eloisa Nascimento Silva Pilati

ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2895-5557

FILIAÇÃO: Universidade de Brasília, Brasília, Brasil.

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RODADA 1

AVALIADOR 1

2020-02-10 | 03:57

O artigo apresenta um tema pertinente e, em geral,  está bem redigido. o título do trabalho reflete a temática abordada no corpo do artigo e as variáveis elencadas para estudo.

No tocante ao resumo, apesar de apresentar adequadamente o problema de investigação, senti falta de algumas funções de língua, como: método de análise e de procedimento, fundamentação teórica e hipóteses.

A primeira e a segunda partes do artigo não estabelecem um elo, já que apesar de o tema ser construção de tópico-comentário, o autor do artigo não situou o problema enquanto fato de língua, mas sim como instrumental de um processo de informalização da escrita jornalística, em específico no JN. Ademais, na seção 2, o autor discute a temática a partir de gramáticas, o que parece não apontar para uma coerência entre as partes 1 e 2.

A apresentação dos resultados foi clara e de acordo com os objetivos do trabalho, porém senti falta de uma motivação para a equação entre dados, uma hipótese (ausente no trabalho) e a teoria que embasa a análise.

Sugiro, portanto, uma revisão mais minunciosa quanto às partes que compõem o artigo, a fim de validar as discussões obtidas da análise dos resultados.

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AVALIADOR 2

2020-02-26 | 07:23

O artigo TOPIC-COMMENT CONSTRUCTIONS IN JORNAL NACIONAL pretende discutir a " informalização da escrita jornalística a partir de 2014", usando como corpus os trechos do Jornal Nacional. Apesar do tema abordado ser interessante, o texto do artigo ainda requer alterações para publicação. No resumo do artigo estão ausentes informações relevantes tais como o objetivo da pesquisa e a explicitação de sua relação com os estudos lingu´siticos. Nas primeiras seções, o autor discute as mudanças no Jornal Nacional, mas não traz discussões sobre as questões lingu´isticas implicadas, nem discussões sobre variação lingu´ística. No que se refere à apresentação do tema a ser estudado, poderia haver mais detalhamento do tema, sob o ponto de vista lingu´sitico. Há  também informações incorretas, quando o autor afirma por exemplo, "Qualquer elemento linguístico – exceto um SV em que o verbo esteja flexionado – pode figurar como tópico, e assim os graus de integração sintática do tópico com o comentário são variáveis". Há diversos tipos de estruturas de tópico e nem todos os elementos podem ser topicalizados. Depende do tipo de construção. Por fim, a analise dos dados merece ser revista, pois o autor chega a mencionar que seu estudo apresenta resultados aleatórios, o que também não se confirma. Há também no artigo uma certa confusão entre fala e escrita, como em afirmações do tipo " A entrada dessas estruturas num meio que é responsável pela manutenção da variedade padrão pode indicar uma mudança na variedade padrão.". Por todos esses motivos, a sugestão é que todos esses pontos sejam revistos antes da publicação. Envio, em anexo, o artigo com cometários.

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RODADA 2

AVALIADOR 2

2020-03-24 | 03:48

Sou favorável à publicação do artigo.

How to Cite

KLEPPA, L.-A. Topic-comment constructions in Jornal Nacional. Cadernos de Linguística, [S. l.], v. 1, n. 2, p. 01–18, 2020. DOI: 10.25189/2675-4916.2020.v1.n2.id23. Disponível em: https://cadernos.abralin.org/index.php/cadernos/article/view/23. Acesso em: 19 apr. 2024.

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