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Theoretical Essay

The Conceptualization of the Feminine in Rio de Janeiro's Popular Music: Samba and Funk

Laura Mariana de Jesus de Brito da Costa

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https://orcid.org/0000-0002-3321-2697

Fernanda Carneiro Cavalcanti

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https://orcid.org/0000-0002-4660-1026


Keywords

Conceptual Metaphor Theory
Metaphor
Metonymy
Female
Carioca Music

Abstract

This study aims to understand the conceptualization of the feminine in the musical genres of funk and samba from the city of Rio in the perspective of Conceptual Metaphor Theory (CMT) (LAKOFF; JOHNSON, 2002 [1980]). The study was based on the analysis of two hundred (200) songs from both musical genres in Rio de Janeiro, divided equally - one hundred songs for each genre. The songs mentioned, in the context of funk, were released to the public between 2017 and 2021, by the artists Anitta, Dennis DJ, Lexa, Ludmilla, and Pocah, all born in the state capital of Rio de Janeiro. On the samba side, 100 songs were also collected, this time released between 2018 and 2022, written by Dudu Nobre, Mart'nália, Mumuzinho, Dilsinho and Martinho da Vila. A qualitative-quantitative methodological approach was used to analyze the lexicon, with interpretative aspects and the use of AntConc software to check the frequency of specific terms. In terms of the data related to funk carioca, the lexicon related to female body parts was relevant, especially “butt”, which had an average of 13.56 occurrences. On the other hand, samba carioca showed marked differences from funk songs in terms of gender representation, the presence of body parts and the use of conceptual metaphors. A significant frequency of occurrences of the word "heart" was observed in the context of the samba. In addition, the recurrence of elements of nature, such as water, sun, day and flowers, was identified, as licensed by conceptual metaphors structuring meanings relating to love themes and descriptions of female individuals. In short, this study demonstrates the metaphorical and metonymic divergences of both Rio musical genres, and the implication of such occurrences with the Rio social context and its reading of the WOMAN category. 

Resumo para não especialistas

A presente pesquisa investiga a forma com que dois gêneros musicais populares do Rio de Janeiro, o samba e o funk carioca, abordam o conceito de "feminino" por meio das metáforas presentes em suas letras. Assim, analisamos as palavras relacionadas ao conceito de feminino em 200 canções, divididas igualmente entre os dois gêneros mencionados, de autoria de artistas como Anitta, Dennis DJ, Lexa, Ludmilla, Pocah (funk) e Dudu Nobre, Mart'nália, Mumuzinho, Dilsinho, Martinho da Vila (samba). Os resultados revelam conceitos distintos de feminino em cada gênero, destacando a ênfase na relação entre feminino e “bunda" no funk; e feminino e "olhos” e “lábios" no samba. Além disso, no samba, observamos a relação entre mulher e fenômenos da natureza como dia, sol e flor. Os gêneros artísticos, como os musicais aqui abordados, não apenas enriquecem nosso entendimento da relação entre feminino e a cultura carioca, mas também oferecem informações acerca da influência da música popular sobre as percepções de gênero na sociedade. A análise aqui realizada contribui para uma compreensão mais profunda das dinâmicas sociais e culturais, revelando as complexidades das interações entre língua, música, cultura e experiências cotidianas.

Introdução

No presente artigo, apresentamos estudo a partir do qual buscamos identificar e analisar, à luz da Teoria da Metáfora Conceptual (LAKOFF; JOHNSON, 2002 [1980], KÖVECSES, 2002; SARDINHA, 2007) – doravante TMC - a conceptualização do feminino em duzentas canções da música popular carioca. Para tal, realizamos, a partir de metodologia qualiquantitativa, a análise do léxico relativo ao feminino em duas etapas: na primeira etapa, examinamos cem canções pertencentes ao funk carioca, de autoria de Anitta, Ludmilla, Dennis DJ, Pocah e Lexa, no período entre 2017 e 2021; na etapa seguinte, abordamos cem canções pertencentes ao samba carioca, de autoria de Dudu Nobre, Mart'nália, Mumuzinho, Dilsinho e Martinho da Vila no período entre 2018 e 2022.

Assim sendo, analisamos, em primeiro momento, com o auxílio do software AntConc, a relação entre ocorrência e frequência de itens lexicais relativos ao feminino nas mencionadas canções. Em seguida, com base nos postulados da TMC, examinamos a relevância da relação entre parte e todo e o conceito de feminino encontrada em ambas as canções, bem como a compreensão de feminino em termos de elementos naturais encontrada nas 100 canções produzidas pelos sambistas cariocas. Vale ressaltar que o software AntConc[1] foi desenvolvido por Laurence Anthony, professor da Waseda University, para ser utilizado em análise textual e em linguística de corpus, a partir de ferramentas como a de checagem de frequência de palavras, de colocações, de concordância e de comparação entre dados organizados em corpora.

Destacamos ainda que optamos por explorar a conceptualização do feminino no funk e samba cariocas, considerando a natureza popular e representativa de tais gêneros musicais na cultura brasileira, especialmente na cidade do Rio de Janeiro. Dito de outra forma, por estarem inseridos em um mercado amplo de consumo de mídia musical popular, esses gêneros musicais oferecem dados e pontos de vista socialmente importantes para compreendermos como ocorre a conceptualização do feminino na sociedade carioca, indo além do âmbito artístico propriamente dito. Além disso, consideramos relevante investigar a conceptualização do feminino a partir do funk e o samba cariocas, tendo em vista o importante debate acerca de tal conceito no âmbito das ditas “pautas identitárias”, que circundam fortemente a sociedade contemporânea.

Dessa forma, estruturamos o presente artigo em três seções, para além desta introdução. A primeira seção, intitulada Fundamentação Teórica, aborda os postulados da TMC, em especial o papel da metonímia e da metáfora nos processos de conceptualização (LAKOFF; JOHNSON, 2002 [1980]; KÖVECSES, 2002; SARDINHA, 2007). Na segunda seção, denominada Dados e Análise, são apresentados os dados obtidos com a aplicação do software AntConc bem como a análise destes à luz da metonímia e da metáfora conceptuais. Finalmente, na terceira e última seção, intitulada Conclusão, são discutidos os resultados obtidos com a análise dos dados coletados bem como a sua contribuição para estudos sobre o feminino.

1. Fundamentação teórica

A Teoria da Metáfora Conceptual (TMC) teve suas bases estabelecidas com a publicação de "Metáforas da Vida Cotidiana", por Lakoff e Johnson, em 1980. Conforme destacado por Sardinha (2007), as figuras de linguagem, como a metáfora, passaram, desde então, a serem abordadas para além de sua natureza linguística ou gramatical. Isso porque, na mencionada obra, a metáfora passa a ser abordada como recurso cognitivo- estruturado por interações entre o nosso aparato sensório-motor e o mundo físico e sociocultural – que, ao estabelecer correspondências entre domínios de conhecimento distintos – mais experiencial e/ ou fonte e mais abstrato e/ou alvo - licencia a produção e compreensão de significados linguísticos.

Portanto, a discussão em torno da metáfora passou a abranger a interação entre a linguagem e a cognição, ou ainda entre processos semântico-conceptuais atualizados pelos falantes em determinados contextos temporais e espaciais. Nessa perspectiva, Lakoff e Johnson (1980) apontam para evidências relativas à frequente utilização dos procedimentos de personificação na construção dos significados de diversas línguas usadas por diferentes agrupamentos sociais. A título de exemplo, os autores, (1980, p. 91), abordam a relação entre determinado comportamento humano e o conceito de Inflação, em expressões do Português do Brasil como, “a inflação roubou minhas economias”.  Ou seja, diante de tal tipo de expressão, é possível observar que o conceito de Inflação é entendido em termos de determinado tipo de conduta humana ou ainda por meio da metáfora conceptual INFLAÇÃO É PESSOA.

Dessa forma, em conformidade com os mencionados autores, seria possível delimitar e compreender conceitos abstratos, como o de inflação, com base na correspondência entre domínio de conhecimento, de natureza mais experiencial, PESSOA – domínio-fonte – por exemplo, estruturado por meio das interações entre o nosso aparato sensório-motor e o mundo físico e sociocultural - em especial das nossas interações com o espaço fisco em termos de dentro e fora, frente e trás e em cima e embaixo, visto que somos bípedes e experimentamos para respiramos o ar que entre e sai, por exemplo; e social, em termos de comportamentos morais- , e o domínio de conhecimento INFLAÇÃO.

Afora o procedimento metafórico de personificação na estruturação e funcionamento de nosso sistema conceptual, os autores apontam para o procedimento metonímico. Ou seja, haveria evidência, segundo Lakoff e Johnson (1980), de que estabelecemos correspondência no âmbito apenas de um domínio de conhecimento, como o de PESSOA, com base na qual, recrutamos elementos específicos desse domínio– PARTE - para fazermos referência ao domínio inteiro, TODO. Tomemos, por exemplo, o caso, citado pelos mencionados autores (1980, p.91), em que uma garçonete descreve para sua colega, de maneira humorística, um cliente frequente, que costumava pedir sanduiches de presunto, a partir da expressão “o sanduíche de presunto está esperando sua conta”.

Com base em tal exemplo, é possível observar que conceptualizamos e significamos nossas experiências com o mundo social a partir da transferências de determinados comportamentos nossos –comer sanduiche de presunto - para nos referirmos a uma pessoa em sua totalidade – um dado cliente que frequenta sistematicamente uma lanchonete; ou ainda para que a colega da garçonete possa entender um dado cliente, tal garçonete recruta determinado elemento característico de nosso comportamento, e do cliente em especial, ‘comer sanduiche de presunto, para a ele se referir.

Importante notar que, segundo Lakoff e Johnson (2002 [1980]), a metonímia não teria natureza apenas referencial, ou ainda de apontar para uma colega um dado cliente numa lanchonete. Para os autores em questão, o funcionamento da metonímia conceptual "PARTE PELO TODO" deve ser, igualmente, abordado a partir da PARTE que emerge na linguagem - em seu léxico, por exemplo - como representação de entidades maiores, que refletem os valores e crenças de uma sociedade, como, no caso da metonímia conceptual MULHER É BUNDA encontrada em manifestações artísticas, em especial em canções pertencentes à música carioca, que serão exploradas na seção subsequente.

Assim sendo, é plausível postular, à luz da Teoria da Metáfora e da Metonímia Conceptuais, que recursos cognitivos – metáfora e metonímia - outrora considerados eminentemente linguístico, permitem, de um lado, que categorizemos e atribuamos sentido às nossas experiências com o mundo físico e sociocultural; e acessemos, de outro lado, como analista da linguagem, aspectos relativos à interface linguagem e cognição, particularmente no que tange aos processos de formação de conceitos e de significação. Segundo Sardinha (2007), esses recursos moldam nosso pensamento e ação no mundo em que vivemos, tendo em vista que nos auxiliam na categorização e no entendimento de conceitos abstratos, como o de feminino, ao permitirem que compreendamos algo mais abstrato em termos de algo mais tangível. Dito de outra forma, a metáfora e a metonímia transcenderam à função tradicional que lhes foi atribuída, como adornos da linguagem, para alçarem o lugar de dispositivos fundamentais no nosso contínuo esforço de dar sentido ao intangível. É por meio desses dispositivos que conseguimos tornar o abstrato – no caso o conceito de feminino - em algo concreto - partes do corpo da mulher , água e/ou flor- acessível, delimitável e aplicável nas nossas interações diárias no âmbito de um dado agrupamento social, formado com base em um conjunto de crenças e valores ou de modelos culturais.

2. Dados e análise

Conforme previamente assinalado, os dados aqui descritos receberam tratamento comparativo, visto que estabelecemos relação entre o léxico relativo ao feminino em dois gêneros musicais populares cariocas: o funk e o samba. Assim, coletamos e analisamos, inicialmente, o léxico relativo ao feminino em 100 canções pertencentes ao funk carioca, produzidas por Anitta, Ludmilla, Dennis, Pocah e Lexa, entre os anos de 2017 e 2022. Em seguida, compararmos o resultado obtido com tal análise com o resultado obtido com a análise das 100 canções pertencentes ao gênero do samba carioca, produzidas por Dudu Nobre, Mart'nália, Mumuzinho, Dilsinho e Martinho da Vila, no período de 2018 a 2023.

Com efeito, o presente estudo, que teve financiamento da agência de fomento à pesquisa do Estado do Rio de Janeiro – FAPERJ – foi desenhado para ser concluído no ano de 2022, a partir do resultado obtido com o levantamos e análise do léxico relativo ao feminino nas 100 canções do funk carioca. Contudo, diante da prevalência da Metonímia Conceptual MULHER É BUNDA encontrada nas cem canções pertencentes ao funk carioca – reformulamos o desenho inicial do presente estudo, estendendo seu prazo final para mais um ano de investigação – 2023- com o objetivo de aferir se tal metonímia comparecia em outro gênero musical popular de igual importância para a cultura carioca. Assim, dado que o funk e o samba cariocas têm suas raízes na periferia e representam expressões da cultura de matriz africana, nossa hipótese inicial foi a de que encontraríamos padrões convergentes nos procedimentos cognitivos e culturais envolvidos na categorização do feminino.

Para investigar essa possibilidade, adotamos uma abordagem metodológica qualiquantitativa, ao utilizamos, em primeiro momento, o software AntConc no levantamento da ocorrência e frequência de itens lexicais relacionados ao feminino em 200 canções; para, em seguida, analisar a conexão desse léxico com os processos metafóricos e metonímicos, conforme proposto pela TMC. O software AntConc, desenvolvido para análise textual e linguística de corpus, foi essencial para esta investigação, permitindo a checagem de frequência de palavras, colocações, concordância e comparação entre dados.

A escolha por esse tipo de metodologia foi motivada pelas considerações de Glynn (2015), nas quais o autor ressalta limitações nos resultados obtidos com análise sobre a relação entre os dispositivos conceptuais e os significados linguísticos, baseada em metodologia de tipo qualitativa. Ao preconizar a adoção de abordagem de caráter qualiquantitativa, a partir da qual se pode realizar análise de natureza multifatorial do objeto delimitado, o autor avalia que, assim, se evitam generalizações excessivamente abstratas, por possibilitar a compreensão mais rica e contextualizada das nuances socioculturais presentes na relação entre os dispositivos conceptuais e os significados linguísticos.

Assim sendo, a partir do uso do software AntConc, realizamos levantamento do léxico relacionado ao feminino, analisando, para tanto, a frequência de ocorrência dos pronomes pessoais "ela" e "ele". Verificamos que o pronome feminino de 3ª pessoa do singular “ela” surge 337 vezes nas 100 canções pertencentes ao funk carioca, contra 90 ocorrências do pronome em questão encontradas nas 100 canções pertencentes ao samba. Por outro lado, verificamos que o pronome masculino de 3ª pessoa do singular “ele” surge 95 vezes nas canções do funk - menos de uma vez por composição - contra apenas 9 vezes naquelas pertencentes ao samba. Os resultados indicaram, nesse sentido, uma convergência entre o funk e o samba cariocas, uma vez que ambos os gêneros enfatizam o feminino como seu foco temático. Na tabela abaixo, apresentamos alguns exemplos da presença do pronome feminino em ambos os gêneros musicais, a fim de demonstrar como costumam surgir nas composições.

Figure 1. Tabela 1 - Amostras contextuais de ocorrências do pronome “ela” no Funk e Samba Cariocas. Fonte: elaborada pelas autoras.

No que tange aos resultados obtidos com a primeira etapa de nossa pesquisa -o léxico relativo ao feminino nas 100 canções pertencentes ao funk carioca -   é interessante notar a relação consistente entre o pronome feminino de 3ª pessoa do singular “ela” com verbos de mesmo campo semântico. Isso porque encontramos, dentro das cinco palavras mais frequentes em posição posterior ao pronome feminino de 3ª pessoa do singular “ela”, três verbos relacionados à dança do funk, normalmente envolvendo o ato de rebolar. Os três verbos são, por ordem de maior ocorrência, “desce” (49 presenças), “joga” (42 presenças) e “mexe” (15 presenças), totalizando uma média de, pelo menos, uma ocorrência de alguma das formas por canção analisada.

Após observarmos a presença expressiva de léxico relacionado ao ato de rebolar e a parte do corpo feminina bunda, surgiu a necessidade de verificação da frequência com que palavras relativas às partes do corpo feminino apareciam nas canções. Ou seja, tornou-se  relevante confirmar a prevalência do campo semântico “bunda” na conceptualização do feminino. A tabela abaixo apresenta os resultados encontrados.

Figure 2. Tabela 2: Ocorrências de Palavras Relacionadas à Bunda. Fonte: elaborada pelas autoras.

De acordo com os resultados encontrados, constatamos que, no funk carioca, há uma atenção particular para uma parte específica do corpo feminino: a bunda. Apesar da existência de outras partes do corpo feminino cultural e socialmente valorizadas na sociedade carioca, como os seios, os cabelos, a boca e os olhos, a bunda, tal qual nos ilustra a tabela 2, assume um protagonismo expressivo nas 100 canções analisadas. A média de sua ocorrência em mais de 13 citações por canção analisada, destaca sua proeminência, chegando a ser quase sete vezes maior que a soma de todas as outras dez partes do corpo feminino examinadas.

A título de ilustração do levantamento acima comentado, apresentamos os seguintes exemplos em que observamos a relação entre os verbos jogar, sentar, descer, rebolar e empinar, o pronome pessoal feminino “ela”, pronome de 1ª pessoa “eu” (no caso de artistas femininas) e o item lexical bunda. Vale ressaltar que, por uma questão de espaço, não foi possível disponibilizar todas as 1.356 ocorrências levantadas nas cem canções pertencentes ao funk carioca analisadas, que relacionam a bunda aos mencionados pronomes.

Figure 3. Tabela 3 - Amostras contextuais de ocorrências de “bunda” no Funk Carioca. Fonte: elaborada pelas autoras.

Tal qual ilustra a tabela acima, foi possível ratificar que, em acordo com pronome de 1ª pessoa singular, eu, na condição da voz feminina que entoa as canções, e aos adjetivos femininos ‘rica’, ‘linda’, ‘poderosa’, ‘atrevida’ e ‘bandida e os verbos - jogar, sentar, descer, rebolar e empinar – o item lexical bunda ocorre, de forma predominante, nas 100 canções analisadas. Dito de outra forma, os diferentes itens lexicais – substantivo e verbo - se relacionam com o campo semântico referente à bunda, tendo em vista que tais itens lexicais teriam como seu sujeito o pronome pessoal feminino ela ou o pronome de 1ª pessoa do singular, eu, na condição da voz feminina que entoa as canções do funk carioca abordadas. Nesse sentido, ressaltamos os seguintes versos da canção “Depois da Quarentena”, nos quais os verbos ‘desce’, ‘senta’, ‘empina’ fazem referência à tal parte corpo: “Vai ser um tal de desce desce [a bunda], bota bota, senta senta [com a bunda] // Empina essa rabeta pra jogar sem pena”.

Nessa perspectiva, observamos que o conceito de feminino nas 100 canções se estrutura por meio da metonímia conceptual PARTE PELO TODO ou ainda pelo recrutamento do elemento parte do corpo BUNDA no âmbito do domínio conceptual PESSOA para se referir à mulher. Em outras palavras, dado à robusta ocorrência do léxico associado à bunda e sua contundente relação com o pronome feminino de 3ª pessoa do singular “ela” e o pronome de 1ª pessoa do singular “eu”, na condição de uma voz feminina que entoa as canções analisadas, é possível observar um padrão de entendimento acerca do feminino, por parte dos autores e autoras das canções pertencentes ao funk carioca, em termos de bunda ou ainda da metonímia conceptual MULHER É BUNDA.

Por outro lado, tal qual ponderam Lakoff e Johnson (1980), a metonímia conceptual PARTE PELO TODO não cumpre apenas função referencial, visto que esta seria motivada por crenças e valores do agrupamento social no qual emerge e significa. Nesse contexto, é plausível afirmar que metonímia MULHER É BUNDA revela uma relação contundente com os valores da sociedade carioca, a saber: o crescente culto ao corpo ou ainda a relevância do corpo na construção identitária dos membros da sociedade carioca do final do século XX e início do XXI, conforme aponta Goldenberg (2002).

Goldenberg (2002) acrescenta, nesse sentido, que é possível observar o surgimento de uma "nova moralidade" na sociedade carioca contemporânea centrada na exposição de corpos. Contudo, ressalta que não se trata de qualquer corpo, já que foi possível observar que há um controle rigoroso em relação aos cuidados e à aparência física, influenciado por representações em filmes, comerciais, música, entre outros, produzidos e consumidos por essa sociedade. Tal observação é comprovada pela autora quando publica dados de questionários por ela elaborados nos quais o público masculino da sociedade carioca indica que o que mais atrai sexualmente em uma mulher é, em primeiro lugar, a bunda, seguido, do corpo e dos seios.

Por outro lado, no contexto do samba carioca, observamos a relação entre o conceito de feminino e os itens lexicais boca (lábios e beijo), com 56 ocorrências, e coração, com 55 ocorrências. Tal evidência aponta para divergência significativa em relação ao resultado obtido com a análise das 100 canções pertencentes ao funk carioca, ainda que seja possível observar a emergência da metonímia conceptual PARTE PELO TODO em ambos os gêneros , ou ainda de MULHER É BUNDA nas 100 canções pertencentes ao funk carioca e MULHER É BOCA e MULHER É CORAÇÃO nas 100 canções pertencentes ao samba carioca.

Ao analisarmos esses resultados, é notável que, ao contrário do funk carioca, o samba carioca tende a exaltar a relação entre o feminino e o caráter romântico das relações. Dito de outra forma, enquanto o funk carioca enfoca o caráter sensual do corpo feminino na dança - em especial no rebolado da bunda - em que a metonímia conceptual "MULHER É BUNDA" é prevalente, o samba carioca relaciona o corpo feminino - boca e coração- ao caráter romântico. Dessa forma, é possível observar que, no samba carioca, são prevalentes as metonímias conceptuais "MULHER É BOCA", com base na qual os autores e autoras desse gênero musical relacionam a boca feminina com a mulher amada a ser conquistada, almejada e desfrutada; e a metonímia conceptual "MULHER É CORAÇÃO", com base na qual os autores e autoras desse gênero musical relacionam coração - contêiner dos sentimentos românticos - a parte do corpo feminino a ser “conquistada”

Em outras palavras, é interessante observar que, embora a sensualidade feminina seja mapeada por metonímias conceptuais PARTE E TODO - "MULHER É BUNDA" no funk carioca e "MULHER É BOCA" e "MULHER É CORAÇÃO" no samba carioca -, há diferenças notáveis no recrutamento do elemento PARTE - BUNDA, BOCA e CORAÇÃO – do  domínio de conhecimento PESSOA , considerando que o elemento PARTE - BUNDA -, no funk carioca, mapeia o feminino em termos físicos e sexuais; e o elemento PARTE - BOCA” e CORAÇÃO”- no samba carioca, mapeiam o feminino em termos românticos.

Além da relevância dos itens lexicais "boca" e "coração", é notável a presença de elementos da natureza, como água, sol e flor, referindo-se ao feminino nas 100 canções pertencentes ao samba carioca. Assim, foi possível observar, nessas canções, a emergência importante das metáforas conceptuais “MULHER É ÁGUA", "MULHER É SOL" e "MULHER É FLOR", conforme ilustrado na Tabela 4.

Figure 4. Tabela 4 - Ocorrências de Palavras Relacionadas à Natureza no Samba. Fonte: elaborada pelas autoras.

Tais ocorrências são verificadas na passagem que se segue: “Toda vez que ela vem // O meu coração serena // Dessa água não vivo sem // Vem da fonte da esperança // Se banhar feito criança // Que faz bem // A mais perfeita das bebidas // Mata a minha sede de viver a vida // Água de beber, água de viver” (Samba da Água - Mart'nália, grifo próprio). No presente exemplo, é possível observar feminino conceptualizado em termos de água, o líquido que “mata” a sede e serve enquanto “bebida”.

Outra ocorrência importante diz respeito à relação entre feminino e natureza, tal qual ilustra a passagem que se segue:  “As cores do jardim não tem mais graça // Tá faltando néctar nessa flor // Sem um beija-flor” (Hora de Voltar - Dilsinho, 2019). Nesse caso, notamos que feminino é compreendido como flor que carece de seus atributos, por estar sem seu parceiro masculino. Ao contrário do caso anterior, no qual a água - ou a mulher - é tida enquanto um “líquido perfeito”, aqui, a flor não está completa sem seu beija-flor e seu néctar.

Assim sendo, é possível apontar que os autores e as autoras das 100 canções pertencentes ao samba, aqui analisadas, entendem um conceito abstrato como feminino ao estabelecer correspondência com um conceito distinto de PESSOA. Em outras palavras, esses autores e autoras estabelecem relação entre o conceito de feminino e o conceito resultante de experiências seja no âmbito perceptual, como as nossas experiências com o sol, seja no âmbito mais motor, como as nossas experiências de contato com a água e a flor.

Além disso, é crucial para realizarmos uma análise mais detida dos dados encontrados nas 100 mencionadas canções que estabeleçamos relação entre a emergência do conceito de feminino em termos de sol, água e flor com o sistema de crenças e valores da sociedade carioca, tal qual foi crucial estabelecer a relação entre a emergência da metonímia PARTE PELO TODO e a visão de corpo da sociedade carioca. Nesse sentido, é importante abordar a relevância da conexão do samba com a natureza a partir de suas raízes africanas, segundo nos informa Lima (2022).

Para tal autor, essa construção centenária carioca é resultado, de um lado, da recombinação de elementos sonoros, poéticos e coreográficos da cultura africana trazida pela população preta que chega ao Rio de Janeiro, na condição de escravizada; e, de outro lado, de elementos musicais europeus, principalmente da cultura portuguesa, que chegam ao Rio de Janeiro,  na condição de cultura do colonizador. Contudo, Lima (2022) pondera que, no que pese essa natureza mestiça do samba brasileiro, particularmente do samba carioca, esse gênero musical é fortemente ancorado nas cosmovisões africanas, sobretudo em percepções de cunho religioso. Dessa forma, é plausível pleitear que a escolha de elementos naturais para conceptualizar o feminino nas 100 canções pertencentes ao samba carioca, aqui analisadas, é motivada por tais percepções e cosmovisões.

3. Conclusão

À guisa de conclusão, os resultados obtidos com o presente estudo destacam diferentes conceptualizações do feminino - MULHER É BUNDA, MULHE É BOCA, MULHER É CORAÇÃO, MULHER É ÁGUA, MULHER É SOL, MULHER É FLOR - a partir da abordagem do léxico relativo ao feminino nos gêneros musicais abordados. Embora ambos os gêneros sejam de origem periférica, de matriz afro-brasileira e estabeleçam o feminino como seu foco temático, o funk carioca, ao conceptualizar o feminino em termos de bunda, parece ser motivado por conjunto de valores e crenças hegemônico da sociedade carioca, em particular pela nova moralidade advinda do culto ao corpo, conforme apontado por Goldenberg (2002). Em outras palavras, podemos afirmar que, por meio da metonímia conceptual "MULHER É BUNDA", o funk carioca projeta os valores hegemônicos dessa sociedade relacionados ao culto ao corpo e sua nova moralidade.

Por outro lado, o samba carioca, ao conceptualizar feminino em termos de água, sol e flor, parece projetar valores não hegemônicos da sociedade carioca. Ou seja, ao reafirmar valores próprios de uma cultura mestiça - africana e europeia – ou ainda de matriz afro-brasileira, o samba carioca conceptualiza o feminino metaforicamente como água, sol e flor, projetando concepções acerca de uma natureza mística nas quais as divindades orixás se manifestam e se constituem.

A partir dos resultados apresentados pelo presente estudo, percebemos a relevância de valores e crenças da sociedade carioca na estruturação de seu conceito de feminino. Isso nos leva a concluir que, por mais que haja convencionalizações no tecido social, estas nunca são suficientemente fortes para transformar tal tecido em algo homogêneo. Dessa forma, os conceitos que norteiam as identidades dos membros de uma sociedade apontam tanto para convergências quanto para divergências; embates e tensões. Assim sendo, estimamos que estudos como o que, aqui, apresentamos demonstram a importância em estabelecermos relação entre linguagem, cognição e cultura. Ou seja, como base na análise da relação entre linguagem, cognição e cultura, a partir de metodologia qualiquantativa, acreditamos ser possível entender em que medida a natureza situada de conceitos abstratos, como o de feminino, apontam para convergências e/ou tensões entre os membros de uma dada sociedade.

Finalmente, como desdobramentos do estudo aqui empreendido, acreditamos ser importante investigar se a metonímia MULHER É BUNDA constitui cabalmente uma estrutura de pensamento a partir da qual os sujeitos das canções pertencentes ao funk carioca ratificam a visão hegemônica sobre o feminino dessa sociedade? Ou se constitui em uma estrutura de pensamento a partir da qual os sujeitos das mencionadas canções ressignificam o corpo feminino como potente e forte o suficiente para alcançar o direito de a mulher usufruir plenamente de sua sexualidade? Ou ainda, se tal pleito vai ao encontro da necessidade de se construir um conceito de feminino que integre a categoria de ser humano, e como tal esteja contemplado por direitos e por uma rede social de proteção, assim como pondera Butler (2003)?

Agradecimentos

As autoras agradecem ao suporte prestado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) durante os dois anos de trabalho que fundamentaram o presente estudo.

Informações Complementares

Conflito de Interesse

As autoras declaram não haver conflito de interesses.

Declaração de Disponibilidade de Dados

Os dados que suportam os resultados deste estudo serão disponibilizados pelo autor correspondente, Laura M. J. Brito da Costa, mediante solicitação razoável.

Fonte de Financiamento

A pesquisa recebeu bolsa de Iniciação Científica por parte da FAPERJ. O número do pedido/processo de concessão da bolsa é e-26/203.352/2021 (266978),

Referências

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GLYNN, D. The socio-cultural conceptualization of FEMININITY: corpus evidence for Cognitive Models. In: KOSECKI, Krzysztof; BADIO, Janusz (Orgs). Empirical Methods in Language Studies. Bern: Peter Lang, 2015, p. 97-117.

GOLDENBERG, M. (org.). Nu & vestido: dez antropólogos revelam a cultura do corpo carioca. 1. ed. Editora Record, 2011.

KÖVECSES, Z. Metaphor: A practical introduction. Oxford: Oxford University Press. 2002.

LAKOFF, G. JOHNSON; M. Metaphors we live by. Chicago: University of Chicago Press. 1980.

LAKOFF, G., JOHNSON, M. L. As Metáforas da Vida Cotidiana. Campinas: Mercado de Letras / EDUC, 1980/2002.

LIMA, L. P., Para Ouvir o Samba. Rio de Janeiro: FUNARTE, 2022.

SARDINHA, T. Metáfora. 1. ed. Rio de Janeiro: Parábola, 2007.

Anexos

Figure 5. Imagem 1 - Amostra de Ocorrências do Verbo “Empinar”. Fonte: elaborado pelas autoras.

Figure 6. Imagem 2 - Amostra de Ocorrências do Verbo “Jogar”. Fonte: elaborado pelas autoras.

Figure 7. Imagem 3 - Amostra de Ocorrências do Verbo “Sentar”. Fonte: elaborado pelas autoras.

Figure 8. Imagem 4 - Amostra de Ocorrências do Verbo “Descer”. Fonte: elaborado pelas autoras.

Figure 9. Imagem 5 - Amostra de Ocorrências do Verbo “Rebolar”. Fonte: elaborado pelas autoras.

Avaliação

DOI: https://doi.org/10.25189/2675-4916.2024.V5.N2.ID744.R

Decisão Editorial

EDITOR: Roberta Pires de Oliveira

ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4946-7205

FILIAÇÃO: Universidade Federal de Santa Catarina, Santa Catarina, Brasil.

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CARTA DE DECISÃO: The paper contributes to our understanding of the way conceptualization works. It relies on Lakoff & Johnson’s theory of conceptual metaphor, and examines the way the feminine is conceptualized in the musical genres of funk and samba in Rio. It analyzes 100 funks, from 2017 to 2021,and 100 sambas,  from 2018 to 2022. There is a prevalence of the conceptual metonymy MULHER É BUNDA: the lexical item 'bunda' (but) had the highest average of 13.56 occurrences compared to other parts of the body. It also showed the presence of metaphors that conceive of women as water, the sun, and flowers. The authors argue that those are due to the influence of values ​​from Afro-Brazilian culture.

Rodadas de Avaliação

AVALIADOR 1: Eliana da Silva Tavares

ORCID: https://orcid.org/0000-0001-7947-7554

FILIAÇÃO: Universidade Federal do Rio Grande, Rio Grande do Sul, Brasil.

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AVALIADOR 2: Fernanda Rosa da Silva

ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0599-8805

FILIAÇÃO: Universidade Federal de Minas Gerais, Minas Gerais, Brasil.

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AVALIADOR 3: Angela Maria Meili

ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5493-0420

FILIAÇÃO: Universidade Federal do Rio Grande, Rio Grande do Sul, Brasil.

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RODADA 1

AVALIADOR 1

2024-02-17 | 09:18 AM

Prezad@s.

O artigo apresenta uma questão extremamente relevante e pertinente relativamente ao aparato teórico da Semântica Cognitiva. O recorte de análise está bastante claro: a conceptualização de mulher em dois contextos distintos da produção musical carioca: por um lado o Funk e por outro lado o Samba. As hipóteses de análise são muitos consistentes e plausíveis e a maneira como o aporte teórico é explorado é bastante adequada.

No entanto, apontamos uma questão que implica ou um problema na análise, ou uma incompreensão de nossa parte. O trabalho se propõe investigar a conceptualização de mulher por meio de metáforas, metonímias ou metaftonímias, em que “mulher” seria “bunda” etc; a restrição, de nossa parte, é relativa aos dados, sobretudo como apontados na Tabela 01. Há uma série de nomes e de verbos. Não creio que possa haver alguma conceptualização de mulher nos exemplos com verbos. Como não há demonstração de dados, o que enriqueceria o trabalho, sobretudo por apresentar-se como um estudo qualiquantitativo, não nos é possível aferir o que a tabela indica. De qualquer maneira, nossa hipótese é de que “mulher” não esteja conceptualizada nos verbos apresentados, mas sim que haja uma elipse de argumento externo ou de argumento interno e que, na elipse, possa ser postulada uma tal conceptualização.

O fato de a tabela ser identificada como “palavras relacionadas à “bunda”” parece-nos que foi uma saída justamente para a ocorrência substantivos e de verbos. Dessa forma, sugerimos: (i) que alguns exemplares de dados sejam acrescentados ao artigo, porque possibilita compreender o fenômeno e também verificar o que acontece quando há explicitamente algum nome que conceptualize “mulher” como “bunda” ou das outras maneiras indicadas e quando são apontados verbos, (ii) que seja verificado, nos casos em que a ocorrência é de verbos, se realmente a conceptualização não se daria em um termo elíptico que acompanhe o verbo indicado na tabela - nossa aposta de análise é nesta última indicação.

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AVALIADOR 2

2024-02-20 | 08:44 AM

O artigo “A Conceptualização do Feminino na Música Popular Carioca: o Samba e o Funk” apresenta uma proposta interessante, que é identificar metáforas conceituais do feminino em dois gêneros musicais de grande representação: samba e funk. Entretanto, há alguns pontos no artigo que precisam ser aprofundados. Entre eles, destaco que, a teoria base para a análise linguística “Teoria da Metáfora Conceptual”, e Lakoff & Johnson (2002) não foi detalhadamente apresentada. Além disso, quase não se menciona a teoria para análise dos resultados obtidos com a coleta de dados. Também não fica clara a metodologia utilizada para chegar-se às metáforas ou metonímias conceituais nas músicas, como “Mulher é bunda” e “Mulher é sol”, por exemplo. Diante disso, meu parecer é que revisões essenciais precisam ser feitas e que as autoras desenvolvam de forma mais aprofundada estes três pontos: i) apresentação mais detalhada da Teoria da Metáfora Conceitual.; ii) uma melhor amarração entre os resultados obtidos com a coleta de dados; iii) clareza no percurso para se chegar às metáforas ou metonímias conceituais apresentadas.

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AVALIADOR 3

2024-02-20 | 06:33 PM

Acreditamos que basta rever os itens indicados para apreciação e reapresentar o artigo, que realmente apresenta uma abordagem relevante e pertinente, relativamente ao aparato teórico; apenas acreditamos que a abordagem dos dados deve ser revista, porque não tem como a conceptualização, hipótese do artigo, se dar nos verbos apresentados. Acreditamos, pela tabela 01, que haja elipse de SN e que, nestes sim, seria possível postular uma conceptualização, porque os verbos apresentados são relativos a “movimentos” passíveis de serem executados com a “bunda”.

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RODADA 2

AVALIADOR 1

2024-03-28 | 12:09 PM

A versão revista do manuscrito é satisfatória.

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AVALIADOR 2

2024-03-22 | 11:09 AM

A partir da revisão das autoras, que consideraram e reformularam partes do artigo a partir dos três pontos que destaquei: i) apresentação mais detalhada da Teoria da Metáfora Conceitual.; ii) uma melhor amarração entre os resultados obtidos com a coleta de dados; iii) clareza no percurso para se chegar às metáforas ou metonímias conceituais apresentadas – sou favorável ao aceite do artigo. Entretanto, chamo a atenção para ainda algumas considerações destacadas no arquivo do texto e para a realização minuciosa de uma revisão gramatical

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AVALIADOR 3

2024-04-02 | 05:35 PM

Considerando que as modificações solicitadas foram feitas de maneira satisfatória, recomendo a publicação do artigo.

Resposta dos Autores

DOI: https://doi.org/10.25189/2675-4916.2024.V5.N2.ID744.A

RODADA 1

2024-03-15

O presente documento busca explanar as modificações realizadas levando em conta os comentários realizados pelos avaliadores do trabalho. Um dos pontos apresentados é de que “embora o quadro teórico seja a teoria da metáfora conceitual de Lakoff & Johnson, ela não é apresentada em profundidade e não transparece na análise dos resultados obtidos com a coleta de dados. Não está clara a metodologia para a identificação de metáforas e metonímias”. Pensando em tal questão, a seção de “Fundamentação Teórica” (p. 6-8) foi reestruturada e extendida. Sua alteração é iniciada no segundo parágrafo. Em sua nova versão, buscou-se apresentar mais detalhadamente a Teoria da Metáfora Conceptual, assim como trazer mais robustez à metonímia, cara a presente investigação. Foram, ainda, adicionados diversos exemplos de Lakoff e Johnson (1980). As alterações tangem, também, solicitações de modificação da mesma natureza solicitadas pela parecerista Fernanda Rosa da Silva, que solicita “i) apresentação mais detalhada da Teoria da Metáfora Conceitual.; ii) uma melhor amarração entre os resultados obtidos com a coleta de dados; iii) clareza no percurso para se chegar às metáforas ou metonímias conceituais apresentadas.”

Além da solicitação acerca do aprofundamento teórico, os pareceristas também apontam para um aprofundamento da análise. É feita a seguinte solicitação: (i) que alguns exemplares de dados sejam acrescentados ao artigo, porque possibilita compreender o fenômeno e também verificar o que acontece quando há explicitamente algum nome que conceptualize “mulher” como “bunda” ou das outras maneiras indicadas e quando são apontados verbos, (ii) que seja verificado, nos casos em que a ocorrência é de verbos, se realmente a conceptualização não se daria em um termo elíptico que acompanhe o verbo indicado na tabela - nossa aposta de análise é nesta última indicação.”

Pensando em tal solicitação de maior explanação do fenômeno, foram feitas alterações mais robustas. Quanto aos exemplos, foram adicionados 4 anexos de amostras para ocorrências dos verbos, visando a observação da maneira com que os dados surgem para as pesquisadoras. Além disso, foram adicionadas duas tabelas: “Tabela 1 - Amostras contextuais de ocorrências do pronome “ela” no Funk e Samba Cariocas”, “Tabela 3 - Amostras contextuais de ocorrências de “bunda” no Funk Carioca”. Foram, também, adicionados exemplos para os elementos da natureza (p. 16). Além dos exemplos, foi adicionada uma discussão mais ampla dos dados, onde buscamos demonstrar com mais clareza o percurso metodológico. Foram adicionados, com isso, novos parágrafos na seção “Dados e Análise” (p. 12-14) e (15-16). O último parágrafo da seção “Conclusão” também foi alterado, buscando fechar de forma mais proveitosa a discussão realizada.

Também seguimos a recomendação de que “o resumo não deve apresentar referências bibliográficas” e, assim, retiramos as referências de nosso resumo.

How to Cite

COSTA, L. M. de J. de B. da; CAVALCANTI, F. C. The Conceptualization of the Feminine in Rio de Janeiro’s Popular Music: Samba and Funk. Cadernos de Linguística, [S. l.], v. 5, n. 2, p. e744, 2024. DOI: 10.25189/2675-4916.2024.v5.n2.id744. Disponível em: https://cadernos.abralin.org/index.php/cadernos/article/view/744. Acesso em: 21 dec. 2024.

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