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Research Report

Between science and popular culture: video clip on the scene

Maria Inês Batista Campos

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https://orcid.org/0000-0003-0004-9923


Keywords

Vaccine
Argumentation
Ethics
Aesthetic
Dialogical analysis

Abstract

The aim of this Research Report is to discuss the argumentative impact of the discourse regarding the production of the CoronaVac vaccine by the Butantan Institute, in São Paulo, through the video clip publicizing the vaccine during the tragic Brazilian scenario of the Covid-19 pandemic. Two aspects are considered: the clash between Science and scientific denial and the verbal-visual arguments of the funk genre, allowing us to analyze how the discourse of Science, in the popular voice, becomes accessible to the public. Based on the slogan “Brazil's vaccine” and the dissemination of the video clip by MC Fioti, a young man from the urban periphery, this work takes the theoretical perspective of Dialogic Discourse Analysis (Bakhtin/Volóchinov), seeking, firstly, to identify the discourses of Science present in the funk parody “Vacina Butantan, Bum Bum Tam Tam remix” (01/2021), to then analyze the argumentation present in the clip, exploring different forms of the presence of the other's discourse. Then, it seeks to highlight the following results: the displacement of meaning around those who do Science and the approximation of the funk artist with the space of the Butantan Institute, the established relationships between approaching the research center at the same time ethical and culturally and finally the repercussion that art promotes when discussing the scientific position of the production and use of vaccines against Coronavirus.

Considerações iniciais

Este trabalho se inscreve no eixo proposto pela organização do XII Congresso da Abralin, cujo tema foi “Desafios da Linguística na Ciência Aberta”. Trata-se de compreender a importância que assume a cultura popular no meio da maior crise sanitária do século XXI. Nesse contexto, retomamos alguns discursos difundidos pela mídia para contextualizar em que espaço e tempo relacionamos a ciência e o gênero funk.

No 17 de janeiro de 2021, a vacina CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan, em São Paulo, em parceria com a empresa farmacêutica chinesa Sinovac Biotech LTD, foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Era o início da vacinação no Brasil contra a Covid-19, o que marcou uma mudança no cenário brasileiro frente a todas as dificuldades impostas pelo Ministério da Saúde e pelo governo federal, entre elas a de optar por não ter uma campanha oficial de imunização.

Desde o início da pandemia, em 2020, o discurso negacionista1 do Presidente da República sinalizava o prenúncio das mortes que viriam como um holocausto2, uma vez que denominou a doença de “gripezinha”, e passou a recomendar o relaxamento das medidas de isolamento em favor da economia. Também defendeu o tratamento precoce com hidroxicloroquina, medicamento usado para a malária, sem apresentar comprovação científica; e propôs uma vacinação não compulsória contra a Covid-19, como declarou em uma entrevista na internet: “Toma quem quiser, quem não quiser, não toma. Quem é de direita toma cloroquina. Quem é de esquerda toma Tubaína” (BOLSONARO, J., 19 mai. 2020).

Esse discurso de negar a ciência assume uma forma agressiva, uma vez que desqualifica o posicionamento do outro por meio da negatividade do discurso, fazendo parecer ser uma mentira a opção pela vacina. Ao citar o nome do refrigerante paulista (“Tubaína”), associado, muitas vezes, à bebida usada pelas classes menos favorecidas, o presidente emprega uma metonímia com o propósito de tomar a parte pelo todo e, como consequência, rebaixar o discurso do outro (aqueles que estão a favor de tomar a vacina). A oposição entre tomar e não tomar vacina é assim constituída: a força verbal e o tom de agressividade terminam por desqualificar o discurso do outro, ridicularizando seu interlocutor, quem quer que seja, mas sempre aquele que quer tomar a vacina. Esse procedimento discursivo de violência verbal torna-se um modo de silenciar os que defendem a vacinação ampla.

Nesse campo tensionado entre ataques às pesquisas científicas e às necessárias medidas básicas de saúde pública, ocorre um terrível embate político, econômico, social e cultural. Neste relato de pesquisa, apresentamos uma abordagem bakhtiniana das formas de presença do discurso do outro com o objetivo de analisar o videoclipe produzido pelo funkeiro MC Fioti (2021), e gravado no Instituto Butantan, em que parodia a própria música que já fora gravada em 2017, intitulada “Bum Bum Tam Tam” (2:51 minutos), o que permite um intenso diálogo cognitivo, ético e estético. A justificativa para a escolha desse objeto é por se tratar de uma forma de texto multisemiótico em que o diálogo entre a ciência e a cultura popular está presente, o que permite reconhecer o desdobramento do embate entre o discurso científico e o discurso negacionista.

Com base nessas considerações, organizamos este texto em duas partes: na primeira, recuperamos, de modo sintético, o marco histórico da vacina CoronaVac produzida no Brasil, dentro de um quadro dramático vivido pela fragilidade do financiamento para as pesquisas científicas, que desde 2015 sofrem reduções significativas de investimentos educacionais, intensificados em 2019, cenário associado ao discurso negacionista frente à produção do Instituto Butantan; na segunda, examinamos como o videoclipe retoma a dramaticidade vivida na pandemia, convidando a população brasileira a ser vacinada. Nessa abordagem, a análise foca em três aspectos: a) a esfera de produção do funkeiro, seus interlocutores e a organização do clipe, ressaltando a presença dos discursos alheios que compõem o remix, b) o autor da letra do funk; c) o diálogo entre a divulgação científica e a cultura popular, por meio do funk, permitindo uma intensa relação estética, cognitiva e ética. Esse procedimento metodológico subsidia a compreensão do funk como um gênero musical com força política, produzindo práticas sociais em favor da vida durante a pandemia brasileira, e estabelece relações dialógicas entre ciência e cultura popular, em ritmo de funk.

1. Abrindo as portas do Butantan

No final de 2020, teve início a produção da vacina CoronaVac, com o investimento do governador do Estado de São Paulo, João Doria Júnior (PSDB), que chegou a designá-la de “vacina do Brasil”. Tal posicionamento, no entanto, acirrou o embate com o Presidente da República (sem partido), uma vez que a promessa do governador era tornar a produção paulista uma porta para salvar milhões de brasileiros. A polêmica mudou o curso das prioridades, deixando a produção da vacina nas mãos da Anvisa, sob gerência do governo federal, e assumindo uma direção contrária, o palanque eleitoral. Essa luta ganhou muito espaço na mídia jornalística, como destaca o editorial intitulado “Vacinação já”, da Folha de S. Paulo:

Cego por sua ambição política e com olhos apenas em 2022, Bolsonaro não percebe que o ciclo vicioso da economia prejudica inclusive seus próprios planos eleitorais. O presidente da República, sabotador de primeira hora das medidas sanitárias exigidas e principal responsável por esse conjunto de desgraças, foi além. Sua cruzada irresponsável contra o governador João Doria esbulhou a confiança dos brasileiros na vacina. Nunca tão poucos se dispuseram a tomar o imunizante, segundo o Datafolha. (VACINAÇÃO..., 12 dez. 2020).

Ao finalizar o editorial, vem a cobrança ao governo federal, exigindo uma mudança de rota: “Basta de descaso homicida! Quase nada mais importa do que vacinas já – e para todos os cidadãos” (VACINAÇÃO..., 12 dez. 2020). Essa situação crítica coloca a produção das vacinas no meio de uma enorme crise sanitária, mas também de um conflito político, econômico e social. E no meio dessa agenda de agressões, o Instituto Butantan acabou colocado no espaço que não lhe pertence, uma vez que sua principal responsabilidade é produzir imunobiológicos para o país, no campo da ciência e da ética. O impasse entre o governador e o presidente, contudo, destaca a “guerra das vacinas” como algo articulado a uma desesperada situação nacional, como explica o sociólogo carioca Alexandre Werneck, ao destacar algumas pesquisas científicas:

[...] um levantamento realizado pela Diretoria de Análise de Políticas Públicas (Dapp), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), mostrou que “governadores são principais rivais de Bolsonaro nas redes” (SHALDERS, 06/04/2020). Segundo o estudo, entre 12 de março e 2 de abril de 2020, os governantes estaduais foram mencionados 4,5 milhões de vezes em posts relacionados à pandemia no microblog Twitter. O governador de São Paulo foi citado 2,8 milhões de vezes. (WERNECK, 2021, p.3).

À porta do instituto de pesquisa, vive-se a oposição entre o campo da ciência e o campo político, ocupando um lugar fundamental no meio da pandemia. Do lado científico, os pesquisadores correm contra o tempo na luta pelo desenvolvimento da vacina, enquanto os doentes morrem em diferentes lugares: nos hospitais, em casa, enfim no desamparo. Do lado político, social, o negacionismo do presidente e de seus seguidores aprofunda a crise sanitária com atraso na liberação dos insumos, o que acaba por enfraquecer as políticas públicas. A questão brasileira marcada por dois modos opostos de viver e de pensar está dolorosamente retratada na crônica de Brum, que encarna a dor de todos nós:

[...] há dois acontecimentos simultâneos e conectados no Brasil, o que o torna diferente de outros países do mundo nesta pandemia. Um é a covid-19, que aqui atingiu proporções de catástrofe, tornando o Brasil um dos países mais afetados do mundo. O outro é a ação deliberada de Jair Bolsonaro e de pessoas, militares e civis, que ocupam cargos no seu Governo para, por um lado, deixar a covid-19 avançar e matar, por outro ampliar as condições para que ela mate mais (BRUM, 2020, § 11).

Nesse trágico cenário, os cientistas do Instituto Butantan lutam contra o coronavírus (SARS-CoV-2), por meio de uma pesquisa rigorosa, recebendo apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). À porta do instituto e no seu interior, MC Fioti grava seu videoclipe, divulgado no canal de funk do YouTube, Kondzilla, portal focado no jovem de favela, em que aparece caminhando pelos corredores, laboratórios e interagindo com os funcionários. A contribuição para a divulgação científica desse clipe se revela em números: um bilhão de visualizações em dezoito meses, entre Brasil e outros países.

O foco, a seguir, é analisar como aparece o discurso do outro, materializado em várias formas de citação, mantendo um produtivo diálogo entre as pesquisas científicas e o funk. Esse gênero musical, usado como divulgação científica, explora alguns elementos implicados na abordagem da cultura popular e encontra-se presente numa campanha com o propósito de vacinar a população. Assim, usa de diferentes discursos, literário, sonoro, musical, o que acaba por buscar uma porta de saída dessa crise sanitária.

Para discutir os vários discursos, mobilizamos os conceitos de “discurso do outro” e “enunciado concreto” segundo os teóricos russos Mikhail Bakhtin, Pavel Medviédev e Valentin Volóchinov. Os conceitos serão apresentados, de forma sucinta, a fim de compreender o sentido que constroem as várias vozes presentes nos textos e o diálogo possível entre eles e o campo discursivo.

2. A construção do discurso do outro nas lentes bakhtinianas

A noção do discurso do outro está ancorada na dimensão dialógica da linguagem, desenvolvida particularmente em algumas obras de Bakhtin e o Círculo. É importante recuperar o mesmo tema em dois textos escritos em momentos diferentes. Volóchinov (1929/2017), em Marxismo e filosofia da linguagem, caracteriza detalhadamente o discurso citado, e enfrenta o problema específico da sintaxe que precisa ser configurado dentro da perspectiva dialógica. O linguista russo alerta para a tentação redutora que entende o discurso citado somente sob o caráter gramatical, e se limita a um estudo que responda simplesmente às questões de “Como” e “De que falava Fulano?” o que acaba por tornar uma análise superficial do discurso do outro. Na terceira parte dessa obra, intitulada “Para uma história das formas do enunciado nas construções da língua”3 (VOLÓCHINOV, 2017, p. 239), o autor apresenta “uma experiência de aplicação do método sociológico aos problemas sintáticos”, em que justifica a importância dos estudos sintáticos articulados à teoria do enunciado. Para responder à pergunta “O que dizia ele?”, é preciso considerar que

[...] entre a percepção ativa do discurso alheio e a sua transmissão num contexto coerente existem diferenças essenciais, que não podem ser ignoradas. [...] A transmissão é voltada para um terceiro, isto é, àquele a quem são transmitidas as palavras alheias. Essa orientação para um terceiro é especialmente importante, pois ela acentua a influência das forças sociais organizadas sobre a percepção do discurso. (VOLÓCHINOV, 2017, p. 252).

O estudo do discurso do outro vai muito além de recortar discursos diretos e indiretos que aparecem nos enunciados, uma vez que trata a língua como interação discursiva, porque um estudo fecundo das formas sintáticas só é possível no quadro da elaboração de uma teoria do enunciado. Assim, é importante precisar as formas usadas de citação do discurso, uma vez que são elas que refletem as tendências básicas e constantes da recepção ativa do discurso alheio. Volóchinov antecipa-se em explicar que as formas sintáticas de discurso direto e indireto não são formas de apreensão ativa do enunciado do outro: para apreender o discurso do outro, exige-se dominar tanto a interorientação social do enunciador como as formas que ele utiliza para apreender o significado da expressão do outro. Conforme aprofunda Medviédev (2012, p. 185),

É impossível compreender um enunciado concreto sem conhecer sua atmosfera axiológica e sua orientação avaliativa no meio ideológico. [...] Entender um enunciado significa entendê-lo no contexto da sua contemporaneidade e da nossa (caso elas não coincidam). [...] Sem tal compreensão, o próprio sentido estará morto, tornar-se-á um sentido de dicionário, desnecessário”.

Desse modo, a partir das relações entre o contexto e a apreensão do discurso do outro, estamos diante da questão da dialogicidade, da produção de sentido enquanto historicidade da linguagem. Volóchinov recupera as formas de citação articuladas com diferentes gêneros, e retoma o discurso literário assim como os discursos retórico, jurídico, político.

Grillo e Américo, na tradução a partir do russo de Marxismo e filosofia da linguagem (2017), adotam o termo “discurso alheio” e não “discurso citado” ou “discurso de outrem”4, mudança que assinala a importante abordagem linguístico-discursiva. Há diversos termos encontrados na linguística que também marcam esse conceito sob diferentes perspectivas. Cunha (2004, p. 242) explica que:

o discurso de outrem revela uma variedade de objetos, de questionamentos e de abordagens teóricas dentro da literatura linguística sob diversos nomes: discurso citado, heterogeneidade mostrada e constitutiva, interdiscurso, polifonia, intertextualidade manifesta e a intertextualidade constitutiva, dialogismo mostrado e constitutivo.

Volóchinov traça uma orientação sociológica na parte III, no capítulo 1, intitulado “A teoria do enunciado e os problemas de sintaxe”, em que considera a questão do discurso do outro em torno da materialidade linguística. Conforme Brait (2001, p. 11),

a dimensão escolhida deve ser observada de uma perspectiva enunciativo-discursiva, ou seja, a questão do discurso citado, dos esquemas linguísticos conhecidos como discurso direto, discurso indireto e discurso indireto livre, deve ser tratada de maneira diferente das abordagens gramaticais ou estilísticas.

Nessa abordagem sociológica, o autor russo considera que a transmissão do discurso deve levar em conta o interlocutor/leitor, “a transmissão é voltada para o terceiro, isto é, àquele a quem são transmitidas as palavras alheias. Essa orientação para um terceiro é especialmente importante, pois ela acentua a influência das forças sociais” (VOLÓCHINOV, 2017, p. 252). Ao considerar como o autor do enunciado insere nele o discurso do outro, o autor entende que as formas de discurso alheio contêm marcas gramaticais socialmente associadas aos elementos de apreensão ativa do discurso do outro.

A perspectiva teórica bakhtiniana enfatiza que o enunciado não trata do sistema abstrato da língua, mas da língua viva. Nessa abordagem, todo o discurso é produto do acontecimento histórico, único, e o enunciado concreto é marcado pelo contexto social e pela situação concreta espaço-tempo, que envolve o sujeito e seus interlocutores, a relação social entre eles, o propósito discursivo. Em “O discurso na poesia e o discurso no romance”, Bakhtin esclarece os fenômenos específicos do discurso:

[...] por uma diretriz dialógica desse discurso entre enunciados alheios no âmbito da mesma língua, entre outras “línguas sociais” no âmbito da mesma língua nacional e, por último, entre outras línguas nacionais no âmbito da mesma cultura, do mesmo universo socioideológico*” (*nota de rodapé do autor: A linguística só conhece as influências recíprocas e as mesclas de línguas que se refletem nos elementos abstratos – fonéticos e morfológicos – da língua). (BAKHTIN, 2015b, p. 47).

O conceito de “discurso alheio”, tratado discursivamente, reaparece em um dos momentos mais expressivos da concepção bakhtiniana como é o caso que está do ensaio “O discurso no romance”5, escrito por Bakhtin entre 1930-1936, durante seu exílio na cidade de Kustanai, entre o Casaquistão e a Sibéria. A discussão em torno das várias formas de presença do discurso do outro foi tratada a partir da concepção de linguagem como condição humana constitutiva, considerando a importância do modo de compreender e interpretar o peso do discurso retomando o que “eles dizem...”, isto é, “a hermenêutica do dia a dia” (BAKHTIN, 2015b, p. 131). Bakhtin destaca a importância do discurso do outro nos gêneros retóricos (seção IV, “O falante no romance”, p. 148-152), em que há operações como o comentário e a réplica ativa:

Na retórica, a importância da palavra do outro como objeto é tão grande que amiúde a palavra começa a encobrir e substituir a realidade; nisso a própria palavra se estreita e perde a profundidade. A retórica se limita constantemente a puras vitórias verbais sobre a própria palavra [...]. Contudo, repetimos, desligar dessa maneira a palavra da realidade é prejudicial para a própria palavra: ela definha, perde a profundidade semântica e a mobilidade, a capacidade de ampliar e renovar seu sentido em novos contextos vivos e, em essência, morre como palavra. [...] a bivocalidade retórica [...] raramente é profunda: não tem raízes fincadas na dialogicidade da própria língua em formação, não é construída à base do heterodiscurso essencial mas de divergências, o mais das vezes é abstrata e se presta a uma esgotante delimitação lógico-formal e à divisão de vozes. (BAKHTIN, 2015b, p. 149-150).

Nessa concepção dialógica da linguagem, deve-se reconhecer a sintaxe do enunciado, o contexto no interior do texto, marcando sua dialogicidade. Nela, a importância do enunciado expressa pelo homem social está presente nos discursos alheios apreendidos por meio da materialidade linguística, como o uso de aspas, travessão, itálico, parênteses, que vão tecendo fios discursivos e estabelecendo relações e conflitos entre as vozes sociais. Faraco (2003, p. 123) enfatiza que “Bakhtin, em ‘O discurso no romance’, se mostra particularmente fascinado pela onipresença, em forma aberta ou velada, da palavra de outrem ‘nos enunciados de um indivíduo social’, desde a réplica do diálogo familiar até as grandes obras verbo-axiológicas”.

Com base nessa concepção de enunciado e de presença do discurso do outro, segundo Volóchinov e Bakhtin, encontra-se, a seguir, a análise do videoclipe, entendido como enunciado concreto em que ocorre uma tensa interação discursiva.

3. Divulgação científica ao som do funk: “Vacina Butantan” – Remix “Bum Bum Tan Tan” (2021)

Para analisar o videoclipe de MC Fioti, seguimos as seguintes etapas metodológicas: a) a esfera de produção, primeira etapa em que identificamos os aspectos da sociedade e da cultura popular nas quais o clipe se insere; b) o autor do texto multissemiótico; c) a presença dos discursos do outro no videoclipe do YouTube, terceira etapa, o que possibilita explorar a relação verbal, sonora, imagética, interna e externa dos discursos inscritos na ampla cadeia discursiva.

A proposta é retomar o tema presente no remix, intitulado “Vacina Butantan” (2021), considerado hino da CoronaVac. Esse videoclipe retomou o funk “Bum Bum Tam Tam”, produzido em 2017, que se tornou a primeira música brasileira a alcançar a marca de um bilhão de visualizações no YouTube, em 2018. O funk de 2021 atualiza as imagens e sons presentes nas várias cenas do videoclipe, assumindo sentidos próprios e bem distintos do funk produzido em 2017, o que acaba por constituir uma visão de mundo em que se sublinha a importância da vacinação do povo brasileiro.

Esse movimento que põe em diálogo informações científicas e experiências estéticas sinaliza que são discursos advindos de campos diferentes, mas não são antagônicos, pelo contrário, combinados, permitem compor relações entre ciência, conhecimento e cultura popular. O artista funk traz para seu clipe um tema muito sério como a pandemia, em que apresenta a seus espectadores informações sobre a vacina do Butantan, sua produção no instituto, recuperando uma situação histórica concreta e o faz ao som do ritmo funk, popular, ritmo bem próximo das pessoas. Vamos ler a letra abaixo com a finalidade de entender a esfera de produção do videoclipe, feita no contexto da enorme crise sanitária brasileira da segunda década do século XXI, lutando contra a Covid-19.

“Vacina Butantan” (2021)

MC Fioti

É a vacina envolvente que mexe com a mente

De quem tá presente

A vacina é saliente

Vai curar nóis do vírus e salvar muita gente

Aí eu falei assim pra ela, óh

(Aí eu falei assim pra ela)

Vai, vai no Bubutantã

Vem no Bubutantã, tã

Vai, vai no Bubutantã

Vem, vem no Bubutantã, tã, tã

Vai, vai no Bubutantã

Vem, vem no Bubu

Vai no Bubu

Vem no Bubu

(No Bubu)

(No Bubu)

Vai, vem no Bubutantã, tã, tã, tã, tã (vem)

Tã, tã, tã, tã, tã, tã, tã, tã (vai)

Tã, tã, tã, tã, tã, tã, tã, tã (vem)

Tã, tã, tã, tã, tã, tã, tã, tã (vai)

Tã, tã, tã, tã, tã, tã, tã, tã (vem)

Tã, tã, tã, tã, tã, tã, tã, tã (vai)

Tã, tã, tã

Autenticamente falando

Se vacina aí, pô

Nóis tá tipo como?

Instituto Butantã

E aê, Fioti?

Fonte: Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=yQ8xJHuW7TY. Acesso em: 4 ago.2021.

a) A esfera de produção

Com o intuito de tratar o videoclipe como um discurso sonoro, verbo-visual e verbal, vamos entendê-lo como uma produção cultural, singular do seu autor no que traz de novo, que é a divulgação científica ao som do funk e das imagens do clipe, instigando cada interlocutor a participar da ciranda da vida, tomando a vacina.

Essa letra faz parte do gênero funk, ritmo dançante, culturalmente marcado pelas raízes da música popular de negros norte-americanos, um resultado da mistura do soul, do jazz e do blues, que teve início entre os anos 1950-1960. Chegou ao Brasil no final da década de 1970, em bailes funks da Zona Sul do Rio de Janeiro (região nobre da cidade), e em seguida entrou pelo subúrbio e favelas. Esse gênero acabou se tornando música nacional no final dos anos 1980 e durante a década de 1990, passando a ser um movimento produzido na periferia dos grandes centros urbanos do país e consumida pelos seus jovens. Acabou virando um símbolo da resistência dessa comunidade, retomando o cotidiano com seus problemas e, ao mesmo tempo, uma forma de entretenimento para esse público. Quando entrou nos bairros da Zona Leste paulistana, o funk se distinguiu do sotaque carioca e passou a ser conhecido de “funk ostentação”, isto é, “uma exacerbação contundente de um machismo capitalista explícito, que absorve sem ressalvas ou sutilezas os apelos de consumo” (TROTTA, 2016, p. 93).

Na origem, o funk mistura som de hip hop, letra de poesia e mescla de batidas repetidas pelos DJ6. Essa característica da mescla de discursos direciona o interlocutor para a esfera artística, sabendo que se trata de um gênero vinculado ao universo do jovem da periferia, popular e com inúmeros elementos que incomodam outras classes sociais. Muitas vezes, o funk é considerado música de “preto, pobre e favelado” (TROTTA, 2016, p. 91), outras, no entanto, está presente em festas da classe média e da elite, que apreciam a sua irreverência. Os debates em torno do funk, no entanto, tornam-se contraditórios, porque, algumas vezes, o entendem como música de jovens pobres, mas que agrada as classes média e alta, tornando-se um movimento que incomoda alguns setores da elite nacional.

De qualquer maneira, esse ritmo cantado, dançado, proliferou-se nos canais do YouTube. Sua estética leva o interlocutor a uma “combinação sonora de base eletrônica (sempre adaptada às novidades tecnológicas de cada momento), e um canto-falado que se sobrepõe a ela” (TROTTA, 2016, p. 94). A proposta é que o espectador/ouvinte/leitor assista ao videoclipe “Vacina Butantan” (duração de 3 minutos e 12 segundos) e acompanhe a narrativa que vem misturada com sons e imagens, concorrendo para a construção de sentido: divulgar a vacina CoronaVac.

b) O autor do videoclipe

O paulistano MC Fioti é o nome artístico de Leandro Aparecido Ferreira, morador de Capão Redondo, na zona sul de São Paulo, região considerada periferia da cidade. Nesse bairro, há uma população predominantemente jovem e a violência está sempre presente. Ele é um extraordinário representante do movimento funk paulista, e seus clipes são carregados de posicionamentos populares e simbólicos, o que lhe garante muita popularidade. A circulação desse videoclipe da vacina no território digital marca a presença expressiva da cultura funk, o que difere diferente consideravelmente do espaço ocupado em rádios e canais de televisão.

Assim, MC Fioti pode ser considerado um fenômeno cultural que provoca fascínio na produção contemporânea, em que o popular e o marginal dialogam. No seu nome, as duas primeiras letras, MC, vem do inglês “Masters of Cerimony”, o que significa “Mestres de Cerimônia”, devido à performance do artista misturando canto, dança, imagens. Essa marca autoral reflete a sua singularidade, dentro da diversidade de vozes da cultura popular e científica. Faraco (2003, p. 83) esclarece o sentido de “autorar”: “é assumir uma posição estratégica no contexto da circulação e da guerra das vozes sociais; é explorar o potencial da tensão criativa da heteroglossia dialógica; é trabalhar nas fronteiras”. A questão, portanto, é de como o autor singulariza responsivamente o diálogo de arte e ciência.

c) A presença dos discursos do outro no videoclipe

Surge então a seguinte pergunta: Quais são os elementos sociais e culturais que motivaram a criação desse videoclipe, com o propósito de compreendê-lo como marca da cultura contemporânea? Ao assistir ao videoclipe “Vacina Butantan” (mais de uma vez), que já superou 12 milhões de visualizações no YouTube, é possível identificar a presença do discurso do outro em quatro momentos: o conto árabe, a música de Bach tocada na flauta, a paródia do videoclipe de 2017, a vacina CoronaVac.

Ao som da flauta que se mistura ao longo da narrativa, MC Fioti retoma o conhecido conto árabe “Aladim e a Lâmpada Maravilhosa”, que faz parte da coletânea Contos das Mil e Uma Noites, escrita entre os séculos XII e XVI. Na batida da música funk, associa-se um fragmento da Partita em Lá Menor para flauta solo (1723), do compositor alemão Johann Sebastian Bach (1685-1750), o que reforça a mistura/mescla da cultura erudita e popular na composição, identificada na dualidade do som dançado por todos os participantes, tendo ao fundo o som de uma doce flauta que encanta a produção da vacina CoronaVac, e que segue dando ritmo à vida desde o pedido feito ao gênio da lâmpada até o pedido final de MC Fioti a seus espectadores: “Autenticamente falando/Se vacina aí, pô/ tá tipo como? Instituto Butantã/E aê, Fioti?”

Na cena inicial do videoclipe, encontramos o funkeiro numa sala com cenário oriental, sentado em uma cadeira de espaldar alto, vestimentas orientais e cordões banhados a ouro, e está esfregando uma lâmpada reluzente. Rapidamente, salta do seu lado a figura disposta do “gênio da lâmpada mágica”, usando roupas que lhe acentuam seus poderes mágicos: turbante na cabeça, sapato oriental, de modo a ser alguém com poderes de realizar os pedidos feitos. MC Fioti invoca: “quero que você traga para mim a cura do coronavírus e como terceiro desejo eu quero que você traga paz, amor e saúde para a humanidade” (MC FIOTI, 2021).

Figure 1. Figura 1. MC Fioti segura a lâmpada mágica

Na cena seguinte (fig. 2), o funkeiro já se encontra nas escadarias do instituto centenário, em que se enxerga ao fundo o símbolo do instituto e o nome em verde está logo abaixo com o texto escrito “A serviço da vida”. Nesses dois espaços distintos, uma construção simbólica se apreende: no interior de uma sala luxuosa com tapetes e vasos de decoração, iluminada com velas em que se invoca o gênio para fazer uma mágica, e na instituição citada, por onde entra com roupas esportivas e percorre os corredores do centro de pesquisa, já usando um jaleco branco, vê seu desejo realizado com a produção de uma das vacinas contra a Covid-19. Desse clipe, participam muitos funcionários do instituto, que junto com MC Fioti dançam e cantam o funk, participando da festa da produção científica. Essa movimentação com muitas vozes sinaliza a força radical e democrática de um diálogo constante entre o povo e os pesquisadores. Esse percurso indica um deslocamento de sentidos em torno da produção científica que passa a se relacionar com um gênero musical popular e ultrapassa o campo restrito da divulgação, indo além da publicação de artigos acadêmicos. É importante compreender que os impactos simbólicos das publicações científicas ganham espaço nas atividades culturais auxiliando a divulgar resultados de pesquisa ao som do funk.

Figure 2. Figura 2. Reprodução YouTube Fonte: videoclipe “Vacina Butantan”, gravado no Instituto Butantan, em São Paulo.

O discurso do outro está presente já no título da letra “Vacina Butantan”, uma vez que recupera o título do primeiro funk “Bum Bum tam tam” (2017), e o modifica usando o recurso da aproximação sonora do nome Butantã. Nos dois clipes, identifica-se o mesmo ritmo funk, no entanto, o valor apreciativo empregado com a mudança da palavra (bum bum para Butantan) é bem diferente, uma vez que o primeiro reforça a ostentação frente à sensualidade da mulher e o segundo valoriza o instituto brasileiro de pesquisas biomédicas. No dicionário Aurélio, on-line, o verbete Butantã indica a “etimologia (origem da palavra Butantã) que deriva do tupi-guarani bu-, com o sentido de terra, e tatã, atã, tantã, que significa ‘muito duro’. Ao entrar no interior do instituto, MC Fioti veste uma roupa esportiva e começa a se movimentar pelos vários laboratórios de pesquisa, usando microscópios, como se fosse uma celebração, em que pode comemorar as conquistas e as vitórias da imunização da população brasileira.

O funkeiro, na sua singularidade, tece a sequência do videoclipe com certa “des-sacralização”, uma vez que a ciência, a descoberta da vacina e da cura apresentam ares de um universo misterioso, elevado, distante da vida cotidiana, ordinária, e acabam por ganhar mesmo uma dimensão metafísica. No clipe, no entanto, esse espaço é totalmente rompido pelo atravessamento desse elemento popular da festa, da cor, do movimento, do ritmo agitado, alegre, jovial e festivo do funk. Os símbolos da ciência (logo do Instituto, os laboratórios, a vacina) são reconhecidos como lugar da mudança e da transformação. Na mudança de lugares, a renovação da ordem social e hierárquica traz para a escadaria a proposta de vida: vacinação para todos. A concepção bakhtiniana de superar a monologização pela carnavalização nos permite descobrir o quanto o videoclipe se torna uma forma flexível da arte, convidando a todos a descobrir o novo e o inédito. MC Fioti chama o povo brasileiro a conhecer o instituto e se alegrar com ele, não mais como um lugar distante, mas onde a vacina é fabricada e convida o povo para tomá-la, numa clara oposição ao discurso presidencial de não tomar vacina.

Nessa possibilidade de outra realidade (não a morte preconizada pelo discurso federal), mas a vida que caminha pelo espaço da ciência, MC Fioti apresenta a possiblidade de saída pela festa, pela dança, funcionando como poderoso antídoto em favor da existência humana. O videoclipe, desse modo, dessacraliza os discursos oficiais do governo federal, os discursos da hierarquia, da permanência. Bakhtin explica o sentido dessa alteração:

As leis, proibições e restrições, que determinavam o sistema e a ordem da vida comum, isto é, extracarnavalesca, revogam-se durante o carnaval: revogam-se antes de tudo o sistema hierárquico e todas as formas conexas de medo, reverência, devoção, etiqueta, etc., ou seja, tudo o que é determinado pela desigualdade social hierárquica e por qualquer outra espécie de desigualdade (inclusive etária) entre os homens (BAKHTIN, 2015, p. 140).

Sob a aparência casual, MC Fioti instaura uma outra narrativa, a da produção da vacina, numa justaposição de imagens – sentado no laboratório, caminhando, dançando e cantando com os funcionários pelos corredores, e vendo os frascos da vacina e suas embalagens. Essa sequência se repete, reiterando o discurso bivocal: o som e a dança do funk no laboratório farmacêutico brasileiro. Essa história que envolve o erudito e o popular, que se aproxima da população, insiste nas manifestações de vários funcionários usando crachás, que dançam e rebolam com MC Fioti. Portanto, é um discurso de divulgação científica em torno da credibilidade da vacina, de modo a seduzir o espectador a combater o vírus Sars-Cov-2. Temos os discursos do outro que são introduzidos para costurar a narrativa da importância da vacina contra a Covid-19.

Vamos mais longe na mistura semântica e melódica da letra, retomando a paródia da letra do seu próprio texto, um discurso bivocal, ode paralela, que remete a implicações culturais e ideológicas. Ao compor essa paródia, o autor reitera posturas culturais, sociais e políticas, uma vez que trata, ao som da flauta e da batida do funk, da séria pesquisa científica presente nos laboratórios. Na letra de 2017, temos: “É a flauta envolvente que mexe com a mente/De quem ‘tá’ presente/As novinha saliente/Fica loucona e se joga pra gente”7. Na “Vacina Butantan”, Fioti canta “é a vacina envolvente que mexe com a mente de quem tá presente/é a vacina saliente, que vai curar ‘nois’ do vírus e salvar muita gente”. No estribilho, a expressão “bum bum tam tam” foi substituída pelo nome do instituto: “vai, vai no Bubutantan, vai no Bubutantan”8 e passa a funcionar como uma continuidade do nome do instituto, articulando uma sequência expressiva que reúne palavras provenientes do mesmo eixo temático: vacina, mente, presente, vírus, cura da gente. Nesse universo do clipe, som se mistura com imagem, com dança, com canto e juntam-se todos para confirmar a necessidade de tomar vacina CoronaVac. E também podemos repetir com o funkeiro, “Se vacina aí, pô”. Nada mais constitutivamente bivocal do que unir a palavra “vacina” no mesmo verso da interjeição “pô”, expressão popular para demonstrar ao mesmo tempo aborrecimento e convite, um por favor.

4. Considerações finais

Um ano e meio depois, a Covid-19 infectou mais de 247 milhões e causou mais de 5 milhões de mortes no mundo todo9 com enormes impactos sociais, políticos, econômicos, culturais. A articulação que perpassa esse videoclipe vai muito além da letra, da dança, da música, porque reúne todos os elementos que, de modo coerente, mantém uma profunda relação entre a cultura popular, o funk, o erudito e a importância da divulgação científica. Trata-se de uma responsabilidade social em defesa de todos brasileiros, o que acaba por compor vidas em diálogo.

A arte de MC Fioti se expressa em um lugar e tempo precisos: São Paulo, janeiro de 2021. O valor da vacina para todos, expresso nas várias marcas de discurso do outro, que divulga a CoronaVac pode ser ampliado. Como uma caixa de pandora que se abre para variados laboratórios, em diferentes cidades, como, por exemplo, Rio de Janeiro, a vacina da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a vacina do laboratório AstraZeneca, desenvolvida em parceria com a Universidade de Oxford, na Inglaterra. Ainda à espera de aprovação das autoridades sanitárias brasileiras, há vacinas da farmacêutica Pfizer em parceria com o laboratório BioNTech, parceria entre Estados Unidos e Bélgica (uma das primeiras aprovadas no exterior), do grupo Johnson & Johnson, a vacina do laboratório Janssen nos Estados Unidos, a russa Sputnik V e a indiana Covaxin.

Enquanto princípio ético, cognitivo e estético, a importância do posicionamento de MC Fioti no seu clipe é o deslocamento de sentido em torno de quem produz ciência, para quem e o que se faz com o conhecimento científico. Dessa forma, para além da pessoa do funkeiro, as relações que se estabelecem entre a ciência e a cultura constroem um posicionamento valorativo com sérias consequências advindas do campo da estética e da ética para discutir a quem serve a produção científica. Podemos afirmar, assim, que é pertinente tratar do videoclipe “Vacina Butantan” como uma prática simbólica, que rompe o espaço do sagrado científico para ganhar o espaço da realidade concreta brasileira e, ao mesmo tempo, mostrar uma produção sociocultural no campo digital.

Referências

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How to Cite

CAMPOS, M. I. B. Between science and popular culture: video clip on the scene. Cadernos de Linguística, [S. l.], v. 2, n. 4, p. e599, 2021. DOI: 10.25189/2675-4916.2021.v2.n4.id599. Disponível em: https://cadernos.abralin.org/index.php/cadernos/article/view/599. Acesso em: 18 apr. 2024.

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