Resumo para não especialistas
Entrevistamos Kory Stamper, uma lexicógrafa jovem (ser mulher e estar na faixa dos 40 a diferencia dos colegas) com vasta experiência na produção de dicionários. O trabalho com as palavras a levou a explorar diferentes mídias para interagir com o público não especializado sobre palavras e a língua. Para Kory Stamper, comunicar-se com esse público significa colocar a si mesmo na obra, que é o contrário de trabalhos acadêmicos, em que o sujeito não é encorajado a escrever em primeira pessoa, ser engraçado ou ter preocupações com a estética do texto.
Introdução
Kory Stamper transitou por vários modos e mídias na popularização da Linguística: escreveu um blog e um livro, gravou podcast e uma série de seis episódios para a Netflix. Em todos os produtos de popularização, a palavra toma o centro porque, afinal de contas, ela é lexicógrafa. No entanto, suas reflexões não se limitam à palavra: em contato com usuários do dicionário que demonstravam suas paixões, ela precisava pensar sobre a língua. Esse movimento do micro para o panorama é extremamente importante para a divulgação da Linguística.
O diferencial de Kory Stamper no universo da popularização da Linguística é que ela não escreve em plain language. Pelo contrário, suas escolhas lexicais são consideradas eruditas (ossos do ofício?), ou seja, ela não traduz para uma linguagem simples algo cognitivamente complexo. O leitor embarca numa viagem em que acompanha tanto o processo de se tornar uma lexicógrafa competente (nesse sentido, Word by word é um Bildungsroman) como acompanha a rotina de uma editora de dicionário. Para se tornar uma lexicógrafa, a formação universitária não foi fundamental, mas o desenvolvimento do que ela chama de Sprachgefühl – palavra que ela empresta do alemão para expressar uma intuição linguística (um feeling) que a faz desconfiar, por exemplo, de que a definição de “bitch” não foi dicionarizada levando em consideração o ponto de vista de uma mulher (a quem o termo é direcionado com maior frequência).
O leitor de Word by word (2017) é fisgado pela estética: o livro se parece com um dicionário (do projeto gráfico à estrutura), é sobre fazer e revisar dicionários e está escrito numa linguagem que ocasionalmente leva o leitor a consultar o seu dicionário. O cuidado com a forma de apresentação do livro, o humor e o envolvimento pessoal que permeiam a obra se aproximam do trabalho artístico. Assim chegamos à conclusão de que popularização é mais o trabalho de seduzir o leitor, não tanto de ensinar ou convencer.
Como em toda entrevista publicada por escrito, o que segue não é uma transcrição: as marcas conversacionais ancoradas na conversação face a face foram eliminadas e todo o conteúdo foi traduzido do inglês para o português.
Entrevista
LK: Kory Stamper, seja bem-vinda e muito obrigada por conceder essa entrevista. Você poderia, por favor, se apresentar?
KS: Claro, meu nome é Kory, eu sou lexicógrafa, ou seja, uma pessoa que escreve dicionários. Eu tenho feito isso por 23 anos. Comecei editando dicionários pela Merriam-Webster, uma grande editora nos Estados Unidos, e agora sou lexicógrafa e editora na Cambridge Dictionaries. Também sou autora de um livro e textos sobre língua e Linguística para o público geral. Escrevi um livro que fez sucesso nos EUA, chamado Word by word e escrevi artigos para lugares como o New York Times e o Washington Post – principalmente sobre como a língua funciona e por que as pessoas deveriam se interessar pela língua.
LK: O que te levou a estabelecer uma comunicação com um público não especializado?
KS: Parte da motivação se deu porque uma das minhas funções na editora Merriam-Webster era responder e-mails de pessoas que tinham perguntas sobre o dicionário. Só que em geral essas perguntas não eram sobre o dicionário, mas sobre palavras. Então, por exemplo, as pessoas escreviam afirmando que a palavra POSH não tinha origem desconhecida, como era afirmado no dicionário, porque “é sabido que” a palavra vem daqueles bilhetes transatlânticos que eram carimbados com os dizeres PORT OUT, STARBORD HOME (supostamente referente ao navio a vapor que, no século XIX, fazia o trecho Inglaterra – Índia, em que as melhores cabines tinham o sol da manhã e sombra de tarde) e perguntavam por que o dicionário não trazia essa informação. Parte do meu trabalho como editora era responder esse tipo de e-mails.
A outra motivação para dialogar com o público geral foi que toda vez que eu me movia no mundo normal (fora do meu cubículo na Merriam-Webster), quando eu ia a festas ou conhecia pessoas novas, e contava para as pessoas qual é o meu trabalho: eu escrevo dicionários; todo mundo tinha as mesmas perguntas: “Os dicionários já não foram escritos?”, “Quem escreve dicionários?”, “Por que escrevemos dicionários?” Depois de um tempo respondendo a essas mesmas perguntas, eu passei a achar que eu deveria ter um cartãozinho que eu pudesse dar para as pessoas explicando pra que servem os dicionários e por que eles são atualizados constantemente. Daí eu pensei: eu gosto de escrever, talvez eu comece a escrever um blog [harm·less drudg·ery] e talvez isso interesse às pessoas, já que as pessoas parecem amar a língua(gem). Eu pensei que tenho um “pouco” (aspas irônicas) de conhecimento sobre fazer dicionários. Então é por isso que eu comecei a escrever para o público geral: me perguntavam sempre as mesmas coisas sobre o meu trabalho como lexicógrafa e sobre a língua. E mesmo que eu não seja formada em Linguística, eu tinha experiência suficiente com parte da Linguística (Semântica, Sintaxe) que eu poderia descrever. Na verdade, a língua está sempre mudando, e isso impressiona as pessoas.
LK: Que legal! Reparei que o subtítulo do seu livro é “A vida secreta dos dicionários”. Eu mesma dou aula de lexicografia na universidade, mas eu não tinha ideia do silêncio que reina numa editora de dicionários, quantas pessoas trabalham num mesmo dicionário e quais as funções que cada um assume. Essa experiência, lendo o seu livro, eu achei fascinante. Eu usei o seu livro em sala – os alunos não leram, eu lia e contava pra eles. O que me impressionou foi como os dicionários são feitos, não era a descrição da lógica do dicionário, mas a vivência de dentro do lugar em que eles são feitos por pessoas reais.
KS: Isso é parte da minha motivação para escrever para o público maior: a língua não é nada se não humana. E dicionários são feitos por humanos. Isso significa que o modo como interagimos com a língua(gem) está carregado de coisas que nos fazem humanos: coisas que amamos, que odiamos, relações, interações. E isso tudo se perde quando você vê uma definição no dicionário publicada numa página impressa ou num site. Então eu tinha vontade de estabelecer uma conexão com as pessoas, mostrar que a língua que eles usam todo dia é a mesma que os especialistas usam para descrevê-la, temos a mesma conexão com a língua.
LK: E eu ainda diria que as suas próprias conexões com as palavras estão lá no livro também. As pessoas têm paixões, certezas, amores e desafetos com palavras ou expressões, mas a sua experiência com a palavra irregardless, uma palavra que você mesma a princípio considerou que nem deveria estar no dicionário, mas daí passa por um processo de investigação e percebe os usos dessa palavra, mostra como é válido se interessar pelas várias dimensões das palavras antes de simplesmente descartá-las. Achei muito legal que você conta essa história de como a sua postura mudou.
KS: Sim, porque eu entendo que o modo como percebemos a língua muda conforme vamos entendendo como ela funciona. É engraçado, porque a mídia me descreve como defensora de irregardless – o que não é bem verdade, eu só descrevi um processo de mudança linguística em que o valor semântico do sufixo [-less] é esvaziado e reforçado por um prefixo [i-] numa variante não padrão do inglês. Eu entendi, depois de me ocupar dela, que essa palavra tem uma história surpreendentemente longa na escrita. Ao longo do tempo, o seu sentido foi mudando. Sim, a língua muda e nós mudamos também.
LK: Você sempre escreveu para públicos não especializados ou você já fez outras coisas em mídias diferentes?
KS: Eu fiz um monte de coisas diferentes. Eu comecei escrevendo, porque pra mim era mais fácil: é muito fácil começar um blog. Mas ao longo do meu trabalho na Merriam-Webster, e depois no meu trabalho solo, eu também fiz vídeos curtos (de dois minutos que explicam a etimologia de palavras). Eu fiz um podcast [Fiat Lex] por mais ou menos um ano depois que saí da Merriam-Webster com um colega que era meu vizinho na editora e também meu amigo. Eu comecei pela escrita, mas o tipo de escrita varia: no meu blog, eu podia escrever o que eu quisesse do meu jeito, mas um livro passa por um processo de editoração, e artigos, em contrapartida, precisam ser muito concisos e circunscritos a um fenômeno específico. Então eu vejo que há diferentes mídias para a escrita e isso muda a maneira como eu me comunico com o público. E eu também apareci num programa de televisão nos EUA, sobre a história de palavrões (como especialista), então eu acho que também fiz TV?
LK: Sim, isso tá na Netflix! Eu assisti ontem. (Risadas). Se as mídias são diferentes e os modos de se comunicar também são diferentes, qual foi o maior desafio nesse processo?
KS: Sempre houve diferentes desafios, dependendo da mídia. Por exemplo, passar da escrita para o vídeo me fez ter que me acostumar a estar na frente da câmera. Tive que tomar consciência de que falo muito com as mãos e de que isso pode distrair a atenção do espectador. Quando eu estava fazendo o meu trabalho independente da Merriam-Webster, escrevendo artigos pra jornais ou revistas ou fazendo o podcast, me dei conta que isso demanda muito planejamento. Artigos são feitos num prazo muito apertado que normalmente não é negociável. O podcast foi feito por nossa conta, então tivemos que roteirizar cada episódio. O meu marido é compositor e músico, então ele editou todos os episódios, eu coloquei todos os episódios no ar, mas ainda estou devendo transcrições. O meu amigo [Steve] se mudou, então não gravamos mais nenhum episódio faz dois anos. Então a manutenção do projeto precisa ser levada em consideração. Acho que planejamento e manutenção do projeto de popularização são aspectos que precisam ser levados em conta, porque se você quer comunicar, não será eficiente se você não consegue alcançar por exemplo o público surdo quando está fazendo um podcast. Se você não oferece as transcrições, isso significa que está excluindo um público enorme. Se eu quero gravar um podcast ou uma série de vídeos, eu preciso garantir que estejam disponíveis online e sempre funcionando – para sempre. Então esse trabalho administrativo (técnico?) é, na verdade, muito importante no projeto de popularização. Você pode ter ótimas coisas a dizer, mas se você não consegue fazê-las chegar no público porque o planejamento ou a manutenção são muito difíceis, então você não está fazendo um bom trabalho de popularização.
LK: Aqui, no Brasil, a popularização da Linguística é meio que um novo gênero, não há uma tradição que sirva de modelo. Eu percebo, no seu livro, um casamento entre forma e conteúdo: os títulos dos capítulos são como entradas de dicionário, de modo que o livro todo se pareça com um dicionário. Não estão em ordem alfabética, mas estão todos conectados e compõem um livro, não se trata de textos avulsos. E nesse livro eu vejo estilo, você se coloca no livro através do humor, da sua experiência. Você traz o leitor para dentro do universo do dicionário, você abre a porta da Merriam-Webster ao invés de ensinar sobre palavras. Quais você diria que são os ingredientes para a popularização da Linguística?
KS: Acho que o primeiro ingrediente é querer se conectar a outras pessoas. Acho que muitas pessoas, quando pensam em popularização da Linguística, pensam no conteúdo que elas querem compartilhar e como publicá-lo (tudo bem até aqui). Mas pela minha experiência com o blog, em que as pessoas podiam interagir, percebi que o feedback era muito importante, porque me ajudava a entender onde eu não estava sendo clara. O propósito da comunicação é alcançar as pessoas, estabelecer uma conexão com elas. Então eu acho que o primeiro ingrediente deve ser o desejo de se conectar ao público – o que às vezes significa que você não pode usar linguagem ou jargão que (só) você domina e às vezes significa que você não deve se colocar num papel professoral. O ideal é pensar a popularização como uma viagem que você e o público fazem juntos.
Eu acredito que você precisa ter entusiasmo pelos assuntos que você aborda no projeto de popularização. Adorei escrever o livro, os artigos e gravar podcast e vídeos porque eu tenho muita sorte de poder escrever e falar só sobre coisas que me tocam e que eu acho que são interessantes de verdade. Esse entusiasmo é contagiante. Quando você está escrevendo um artigo científico sobre uma teoria para um público especializado, você é condicionado a não ser entusiástico, você é treinado a se remover da pesquisa. Parte da comunicação/ popularização é estar presente no ato de comunicação, porque você é a pessoa que está oferecendo a informação. Quando eu falo sobre popularização com linguistas formados, eu costumo dizer que popularização não é como uma aula, é mais perto de uma conversa de bar com amigos sobre assuntos cotidianos numa linguagem acessível. Resumindo, acho que os principais ingredientes da popularização da Linguística são o desejo de se conectar com outras pessoas e entusiasmá-las pela Linguística – as pessoas não sabem o que é a Linguística. Eu, que lido com ela todo dia, mal sei o que é a Linguística.
LK: (risos) Você está escrevendo um outro livro, certo?
KS: Sim, na verdade estou escrevendo dois livros. O livro no qual estou trabalhando neste momento é uma pesquisa histórica sobre como as mulheres criaram a língua inglesa. Ok, vou explicar isso para vocês, linguistas. Em inglês, nós nos referimos ao fenômeno como “paradoxo de gênero”, que é uma teoria sociolinguística, em que mulheres, tomadas como uma comunidade de falantes, tendem a ser linguisticamente mais inovadoras (numa perspectiva histórica) do que homens enquanto comunidade de falantes. Contudo, a fala e escrita de mulheres é julgada mais severamente que a fala e escrita dos homens por uma série de questões sociológicas, de modo que as mulheres (além de mais inovadoras), também se fiam mais por regras gramaticais que homens na fala e escrita pública. Então as mulheres fazem mais hipercorreções e autocorreções que os homens. O paradoxo então é: como as mulheres podem ser atentas a regras sendo, ao mesmo tempo, linguisticamente inovadoras? E parte do que o meu livro está fazendo é passar pela língua inglesa pela perspectiva histórica (o livro precisa ser pequeno, então não consigo cobrir tudo). A gramática da língua inglesa passou por uma gramatização nos séculos XVII e XVIII e a maior parte dos gramáticos que entraram para história codificando a língua nesse período eram homens. Havia, no entanto, um grande número de mulheres fazendo gramáticas, elas inclusive impuseram certas coisas na língua. Muito se analisa como mulheres jovens falam, e o modo como elas falam costuma ser denegrido – mas na verdade o que elas fazem é, do ponto de vista linguístico, muito complexo. Então o meu livro tenta olhar para diferentes períodos históricos e mostrar maneiras como as mulheres influenciaram a língua. Bem, esse é o meu projeto atual, espero conseguir terminar o livro no prazo definido. O outro livro no qual estou trabalhando é sobre cores e como definimos nomes de cores – também de uma perspectiva histórica.
LK: Nossa! Isso é MUITO LEGAL!
KS: Sim, eu também acho (risos).
LK: Existem vários estudos sobre cores – e cor na afasia é um desafio! Porque a cor não é uma coisa, é só um nome para uma qualidade. Não há um objeto a ser nomeado, só uma etiqueta a ser acrescentada a um objeto. Assim como números, cores são uma aventura em afasia.
KS: Sim, e nos anos 60 houve um grande impulso – não por parte dos antropólogos linguistas, mas por parte dos antropólogos em geral – de encontrar uma língua universal para as cores. Existe um estudo pioneiro que diz que “conforme a sociedade progride e se torna ‘civilizada’, ela adiciona mais cores à sua paleta”.
LK: Isso, os nomes de cores variam entre três e doze...
KS: Exatamente. O modo como esse estudo foi realizado é questionável e é um estudo bastante controverso. Essa é uma de algumas tentativas de alinhar a teoria da língua universal aos nomes de cores, só que não funciona. Enfim, esse é o meu outro livro que estou escrevendo.
LK: Ansiosa pra ler esses livros! Muito obrigada pela sua história, pela sua contribuição. Aqui estamos aprendendo sobre popularização da Linguística e espero que façamos mais materiais de mediação entre a ciência e o público mais amplo.
KS: Sim, mesmo aqui onde estou, a ideia de fazer comunicação linguística com ética e de boa qualidade é meio que uma novidade também. É empolgante: Linguística é legal, mais pessoas deveriam conhecê-la.
LK: Esse é o espírito. Muito obrigada pela entrevista!
KS: Muito obrigada.
Agradecimentos
Agradeço a Kory Stamper pela disponibilidade em participar da entrevista, pela avaliação positiva da versão editada da entrevista que foi veiculada no canal Youtube da ABRALIN e por permitir que esta entrevista fosse publicada em português.
Informações Complementares
Conflito de Interesse
A autora não tem conflitos de interesse a declarar.
Referências
ABRALIN. Bate-papo com Kory Stamper & Arika Okrent. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Gid-9NAcX5o&t=724s
Fiat lex. Disponível em: https://fiatlex.podbean.com/
Harmless drudgery. Disponível em: www.korystamper.com
History of swearwords. Disponível na Netflix.
STAMPER, K. Word by word: the secret life of dictionaries. New York: Vintage Books, 2017.
Avaliação
DOI: https://doi.org/10.25189/2675-4916.2022.V3.N2.ID678.R
AVALIADORA 1: Luciana Lucente
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6325-0531
FILIAÇÃO: Universidade Federal de Minas Gerais, Minas Gerais, Brasil.
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AVALIADORA 2: Reinilda Freire
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0903-2634
FILIAÇÃO: Pernambuco, Brasil.
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AVALIADORA 3: Alice Roberta de Lima Oliveira Melo
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2531-4826
FILIAÇÃO: Universidade Federal de Alagoas, Alagoas, Brasil.
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RODADA 1
AVALIADORA 1
2022-12-23 | 08:23
Recomendação: Aceitar
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AVALIADORA 2
2022-12-22 | 06:37
Gostei bastante da Entrevista porque, tanto a Entrevistada quanto a Entrevistadora entraram em conexão (para usar uma palavra importante nesse debate) com os leitores e público em geral. Ou seja, realizaram o objetivo precípuo da comunicação. E um dos fatores (ou ingredientes) para tanto foi, sobretudo, o entusiasmo mútuo pelo tema abordado o qual determinou a facilidade, diria mesmo, a leveza, em desenvolvê-lo.
Achei também que o tema é do maior interesse e utilidade para todos, visto que trabalha com a própria matéria analisada: a língua(gem). De uma boa, honesta e inteligível comunicação dependemos todos nós e, quanto maior for o nosso conhecimento da língua, maiores serão as chances de alcançá-la.
Tenho assistido a muitas entrevistas e posso afirmar que essa atende ao seu propósito: dar voz ao entrevistado. Comentando e argüindo com precisão, a Entrevistadora permite à Entrevistada estender-se com liberdade no assunto em pauta.
Para concluir, a Entrevista atingiu o propósito da comunicação que, nas palavras da Entrevistada, seria alcançar as pessoas estabelecendo com elas uma conexão – o que, sem dúvida – foi atingido plenamente nesse debate.
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AVALIADORA 3
2022-12-27 | 10:35
O bate-papo com Kory Stamper é importante tanto para os acadêmicos em Linguística quanto para o público não especializado, pois, ao mesmo tempo que instrui a comunidade acadêmica sobre a prevalência do desejo comunicativo e do entusiasmo para o processo de popularização científica, a própria entrevista trata aspectos da língua de uma maneira que atrai o interesse do leitor comum, logo, é também um mecanismo de popularização. Ambas essas funcionalidades só são possíveis porque o bate-papo está bem estruturado, de modo que a entrevistadora conduz a entrevistada a revelar suas experiências em tópicos, facilitando a leitura e o entendimento. Por fim, além de sintetizar bem o trabalho de Kory Stamper para quem não a conhece, a entrevista é bastante útil para linguistas que desejam melhorar a popularização de seus trabalhos.