Introdução
Para situar e contextualizar a proposta deste estudo, que está fundamentado na perspectiva da teoria dialógica da linguagem, reforço o esclarecimento de que este artigo é um recorte do meu projeto de pesquisa de tese, qualificado em dezembro de 2020, sob orientação da Profa. Dra. Dóris Arruda Carneiro da Cunha, pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências da Linguagem da Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP). Atualmente, encontro-me em fase de escrita da tese e análise inicial do corpus, com o prognóstico de defesa para o mês de fevereiro de 2023. Registro que a pesquisa recebe incentivo de financiamento da CAPES/PROSUC.
O trabalho de pesquisa, portanto, parte da reflexão sobre a construção argumentativa no discurso acadêmico-científico, especialmente nos escritos da seção de discussão teórica de dissertações, em que há retomada do discurso do outro, e vozes de teóricos fundamentam a pesquisa em relação dialógica com a voz do pesquisador. É nessa seção que, geralmente, ocorrem os encontros de perspectivas e que contrapontos são discutidos em uma estrutura argumentativa, a qual temos por hipótese ser uma estrutura argumentativa dialógica. Dialogamos com a teoria da argumentação no discurso de Ruth Amossy, uma vez que a teoria dialógica da linguagem não apresenta uma teoria da argumentação. Para tanto, consideramos a arquitetônica das relações eu-outro, as relações dialógicas das vozes que emanam do discurso.
A proposta deste artigo é apresentar um dos objetivos e um dos questionamentos da pesquisa de tese com a realização de uma breve análise de um dos corpora selecionado e descrito na metodologia, seção 3 deste artigo. Dito isso, temos por objetivo investigar a alteridade na construção argumentativa na seção teórica de uma dissertação do campo das ciências humanas, área de psicologia cognitiva. Temos por questionamento: de que maneira as vozes interagem dialogicamente para a construção argumentativa na seção de discussão teórica de uma dissertação?
A organização composicional deste artigo está apresentada na seguinte disposição: na primeira seção deste artigo, intitulada “Relações das alteridades no plano do discurso”, abordaremos brevemente alguns eixos conceituais da teoria/análise dialógica do discurso ancorada especificamente na arquitetônica das relações eu-outro, que serão: alteridade, voz, molduragem, discurso do outro (retomada e transmissão), bivocalidade e relação dialógica. Seguiremos para um curto desdobramento da consideração de questões acerca do discurso e do texto científico no subcapítulo “O discurso acadêmico-científico: algumas considerações do texto escrito”; na segunda seção, intitulada “Argumentação no discurso”, abordaremos brevemente eixos conceituais da perspectiva da teoria da argumentação no discurso, a saber: intenção argumentativa, dimensão argumentativa, modalidades argumentativas, constelação discursiva; na terceira seção, intitulada “Caminhos metodológicos”, trataremos do delineamento metodológico, das considerações ao corpus e das categorias de análise. Seguiremos para a quarta seção, composta por uma breve análise do corpus selecionado para este artigo e pela conclusão.
1. Relações das alteridades no plano do discurso
Nos gêneros do discurso acadêmico-científico, várias vozes se entrecruzam e pontos de vista são confrontados na relação com o objeto a ser analisado e interpretado. No gênero dissertação, esperam-se o estabelecimento de diálogos com as vozes e a nítida presença da voz do pesquisador para apresentar e defender seu ponto de vista mediante argumentos. Na construção desse discurso, estão as relações de alteridade.
As relações de alteridade, o eu e o outro, são categorias axiológicas basilares no pensamento de Bakhtin, compreendidas como dois polos de valores em contínua relação dialógica, apresentando o aspecto de interação na linguagem, na palavra, no discurso. A alteridade é compreendida como um fundamento da identidade porque:
[...] o componente essencial do acontecimento é essa relação de uma consciência com outra consciência, caracterizada justamente por sua alteridade — é isso que sucede com todo acontecimento criativamente positivo, que veicula o novo, que é único e irreversível. (BAKHTIN, 1997 [1979], p. 102).
Clark e Holquist (2008, p. 91) esclarecem que “o self bakhtiniano nunca é completo, uma vez que só pode existir dialogicamente [...]. O outro é, no sentido mais profundo, meu amigo, porque é somente do outro que eu posso obter o meu self”. Nessa afirmação, entram os conceitos de inacabamento e abertura do ser ao outro, à constante modificação, repousando no princípio dialógico. De acordo com Renfrew (2017), o evento aberto é o processo de existência em curso, sempre à frente, ao futuro, isto é, ao “evento-ainda-a-ser”. É desse evento que o sujeito encarnado (vivo) participa. A abertura na relação das alteridades é, portanto:
Essa abertura fundamental – o potencial inacabado, em constante evolução do sujeito vivo – não é inteiramente autoimpulsionado, nem unicamente outorgado por outro sujeito (como no caso do objeto inanimado); em vez disso, ela é mantida no interior da matriz arquitetônica do eu-para-mim-mesmo, do eu-para-o-outro, do outro-para-mim. (RENFREW, 2017, p. 58).
Ainda segundo a explicação do autor, essa abertura é “autogarantida pela responsabilidade do eu-para-mim, mas isso, por sua vez, exige o encontro com o eu-para-o-outro e com o outro-para-mim” (RENFREW, 2017, p. 58). A arquitetônica é tratada por ele como: arquitetônica bakhtiniana, arquitetônica concreta, arquitetônica da eventicidade, arquitetônica da coexperiência, arquitetônica das relações eu-outro, arquitetônica do evento, arquitetônica do ser.
A arquitetônica das relações eu-outro no discurso faz referência à corporificação das vozes no discurso, isto é, as vozes que emanam no plano discursivo e as ouvimos. Portanto, a voz é compreendida como a corporificação da alteridade na linguagem, uma corporificação dos sujeitos no discurso como uma presença palpável nos textos. Nesses termos, “não ouvimos ‘textos’, mas estamos [...] vivos para as ‘vozes’ que estão ativas neles e para as ‘relações dialógicas’ entre vozes” (RENFREW, 2017, p. 110). As vozes estão corporificadas em todos os textos, em todo sentido e significação.
As concepções de Bakhtin consideradas acima estão presentes em sua obra “Para uma filosofia do ato responsável”, inseridas no plano da vida, da existência e da unicidade do ser e do evento. O inacabamento agrega o sentido de estar vivo, de historicidade viva, de transformação contínua do sujeito (eu) na relação com o(s) outro(s). Essa relação é abertura que requer o reconhecimento do outro pelo sujeito (eu), pois não ser indiferente ao outro (ato de pensamento participativo) instaura o ato responsável do sujeito para consigo e para com o outro. O reconhecimento do outro é a resposta que alimenta a cadeia dialógica. A resposta é a voz de quem fala, daquele que se posiciona axiologicamente diante da voz do outro a partir de um ponto de vista.
Aquele que fala ou escreve, isto é, o autor, é o segundo sujeito ou segunda voz. É o sujeito que “reproduz (para esse ou outro fim, inclusive para fins de pesquisa) o texto (do outro) e cria um texto emoldurador” (BAKHTIN, 2016 [1978], p. 73). Esse texto é o enunciado do autor, ou seja, seus comentários, avaliações, objeções; é o texto que reage ao texto anterior, no qual se realiza o pensamento cognoscente e valorativo [...]” (BAKHTIN, 2016 [1978], p. 76). Nele, o discurso do outro, que é retomado, apresenta-se de forma marcada ou não marcada.
A molduragem do discurso do outro, no “plano dialógico, ou contexto transmissor” (OLIVEIRA, 2019, p. 84), “(...) cria um fundo dialogante cuja influência pode ser muito grande. Através dos meios de molduragem, podem-se conseguir transformações muito substanciais de um enunciado alheio citado com precisão” (BAKHTIN, 2015 [1934], p. 133). O discurso que emoldura a palavra do outro pode apresentar “[...] formas de sua molduragem interpretativa, de sua reinterpretação e reacentuação, indo da literalidade direta na transmissão à deturpação paródica maldosa e premeditada e à calúnia da palavra do outro” (BAKHTIN, 2015 [1934], p. 133).
Comparado ao cinzel de um escultor, o contexto de transmissão da palavra do outro, ou seja, o contexto emoldurador, “aplaina os limites do discurso do outro [...]. A palavra do autor, que representa e emoldura o discurso do outro, cria para este uma perspectiva, insere nele seus acentos [...], cria para ele um campo dialogante” (BAKHTIN, 2015 [1934], p. 155, grifos nossos). O conceito de molduragem usado por Bakhtin, de acordo com o “Breve glossário de alguns conceitos-chave”,1 significa “interferir no discurso do outro com o intuito de modificá-lo a partir de um molde e alterar seu sentido” (BEZERRA, 2015, p. 248).
A introdução das palavras do outro em nossa fala faz dela algo novo mediante nossa compreensão e avaliação, torna-a bivocal (BAKHTIN, 2013 [1929]). Referindo-se ao dialogismo romanesco, “para Bakhtin, toda palavra ou discurso é bivocal, ou seja, contém mais de uma voz – a minha e a do outro ou de outros –, mais de uma apreciação de mundo, é resultado de um diálogo entabulado ou presumido” (BEZERRA, 2015, p. 243). Portanto, as inter-relações das vozes no discurso seguem um caráter dinâmico e de variabilidade em formas e graus de alteridade. O discurso do outro é retomado e transmitido a partir do ponto de vista de quem o retoma.
Bakhtin e Volóchinov consideram que o estudo do discurso do outro e das formas de transmissão são fundamentais para a interpretação dos sentidos e para os estudos do diálogo, mas as abordagens são distintas, como explicado por Cunha (2011). O interesse de Bakhtin está nas “formas de introdução da fala de outrem no discurso do autor, sob a forma dissimulada [...] e nas construções híbridas” (CUNHA, 2011, p. 122), enquanto o interesse de Volóchinov está voltado para a transmissão do discurso do outro pelos esquemas e variantes do discurso direto, do discurso indireto e do discurso indireto livre (CUNHA, 2011).
O discurso do outro é definido como discurso alheio por Volóchinov (2017 [1929], p. 249) e está em um infindo encadeamento de discursos e enunciados: “Discurso dentro do discurso, o enunciado dentro do enunciado, mas ao mesmo tempo é também o discurso sobre o discurso, o enunciado sobre o enunciado”. O enunciado alheio, além de ser o conteúdo do discurso ou tema daquilo que falamos, “ele pode entrar em pessoa no discurso e na construção sintática como seu elemento construtivo específico [...], mantém a sua independência construtiva e semântica, sem destruir o tecido discursivo do contexto que o assimilou” (VOLÓCHINOV, 2017 [1929], p. 249).
O discurso alheio é transmitido por esquemas sintáticos e modificações desses esquemas de discurso direto, discurso indireto e indireto livre, podendo ser modificado na transmissão do discurso. A entrada de uma outra voz está no acabamento dado, quando o enunciador deixa em evidência que o discurso está aberto para a entrada do outro, ou seja, o que havia para ser dito já foi “acabado” para o prosseguimento do diálogo, o dixi. Para Volóchinov, a transmissão do discurso alheio se dá por duas orientações, ou tendências da dinâmica da mútua orientação entre o discurso autoral e o discurso alheio, denominadas de estilo linear e estilo pictórico.
A tendência do estilo linear “é a criação de contornos claros e exteriores do discurso alheio [...]” (VOLÓCHINOV, 2017 [1929], p. 257). Nesse estilo, há um esforço do autor (escritor) em manter a integridade do discurso alheio mediante o esforço de neutralidade isenta de apreciação. A tendência do estilo pictórico é oposta. Os contornos claros e exteriores do discurso alheio são apagados, ocorrendo as misturas de vozes. Nesse estilo, “o contexto autoral tende à decomposição da integridade e do fechamento do discurso alheio, à sua dissolução e ao apagamento das suas fronteiras” (VOLÓCHINOV, 2017 [1929], p. 258).
Especificamente na tendência do estilo pictórico, há variedades de tipos e nelas verifica-se que:
O enfraquecimento ativo das fronteiras do enunciado pode partir do contexto autoral, que penetra no discurso alheio com suas entonações, humor, ironia, amor e ódio, enlevo ou desprezo. [...] desenvolve-se também o “colorido” do enunciado alheio [...]. Entretanto, ainda é possível um outro tipo, em que a dominante discursiva é transferida para o discurso alheio, tornando-o mais forte e ativo do que o contexto autoral que o emoldura, dissolvendo-o. (VOLÓCHINOV, 2017 [1929], p. 258-259).
A manipulação do discurso alheio no discurso retórico enquadra-se no estilo linear, pois “a retórica exige uma percepção nítida das fronteiras do discurso alheio. Ela possui um sentido aguçado de propriedade sobre a palavra e é meticulosa quanto à autenticidade” (VOLÓCHINOV, 2017 [1929], p. 261). Neste caso, há uma necessidade de considerar a hierarquia social da palavra alheia transmitida: “Quanto mais intensa a sensação de superioridade hierárquica da palavra alheia, tanto mais nítidas serão suas fronteiras e menos penetrável ela será pelas tendências comentadoras e responsivas” (VOLÓCHINOV, 2017 [1929], p. 262).
Em contrapartida, é reconhecido por Daunay (2020) que o discurso do outro e a argumentação mantêm uma estreita relação. O autor concorda com estudos anteriores sobre a possibilidade de o discurso do outro tornar-se um suporte argumentativo para quem escreve e até ocasionar a fusão entre as argumentações do escritor e as do autor retomadas pelo escritor, ou seja, fundi-las.
Na concepção de Bakhtin (2015 [1934]), a transmissão do discurso do outro está em todo instante, em cada momento do dia a dia, na fala cotidiana, pois o que é mais realizado nos discursos é dizer o que os outros dizem, “transmitem-se, recordam-se, ponderam-se, discutem-se as palavras alheias, opiniões, afirmações, notícias, indigna-se com elas, concorda-se com elas, contestam-nas, referem-se a elas, etc.” (BAKHTIN, 2015 [1934], p. 131), não havendo transmissão sem a interpretação da palavra do outro.
Na escrita ou em condições de fixação da escrita, dependendo da intenção do autor e do grau determinado por ele, nem todas as transmissões da palavra do outro poderiam ter aspas, pois elas marcam ou dão o “grau de isolamento e pureza da palavra do outro, grau esse que requer aspas no discurso escrito” (BAKHTIN, 2013 [1929], p. 131-132). A transmissão do discurso do outro, para Bakhtin, não é neutra, é sempre uma nova enunciação, sempre a partir da avaliação do ponto de vista de quem o retoma.
A definição de diálogo por Volóchinov (2013 [1930], 2017 [1929]) está situada na palavra orientada ao interlocutor, influenciada pelas reflexões de Jakubinskij (2015 [1923]) sobre o diálogo face a face e as formas de alternância de interações ou réplicas imediatas (dialogais) da vida cotidiana. Entretanto, Volóchinov amplia a concepção de diálogo para o campo ideológico, inscrito em todo processo de interação, afirmando que “todo discurso é dialógico, dirigido a outra pessoa, à sua compreensão e à sua efetiva resposta potencial” (VOLÓCHINOV, 2013 [1930], p. 168), e atribui ao diálogo o estatuto de princípio comum e fundamental do texto-enunciado.
Para Bakhtin, dialogismo é abertura para a diversidade, e para os outros. Tudo é dialógico, todo discurso é parte do já dito, todo discurso é constituído em função do outro. Todas as espécies de enunciado da cadeia discursiva estão em relações dialógicas ou em relações semântico-axiológicas, que, de acordo com esse autor, são relações extralinguísticas que não podem estar separadas do plano do discurso – da língua viva, concreta. Dois enunciados aproximados no plano do sentido terminam em relações dialógicas. Mesmo se eles estiverem distantes um do outro, “tanto no tempo quanto no espaço, que nada sabem um sobre o outro, no confronto dos sentidos, revelam relações dialógicas se entre eles há ao menos alguma convergência de sentido” (BAKHTIN, 2010 [1979], p. 331).
As relações dialógicas não ocorrem apenas em enunciados integrais. Qualquer parte significante do enunciado, inclusive uma palavra isolada, que não seja interpretada como impessoal, ou seja, desde que forme um enunciado concreto numa determinada situação, tem significado semântico-axiológico – é sempre constituída em relação com o já dito. Neste caso, “toda a vida da linguagem, seja qual for o seu campo de emprego (a linguagem cotidiana, a prática, a científica, a artística, etc.) está impregnada de relações dialógicas” (BAKHTIN, 2013 [1929], p. 209), que estão situadas no campo do discurso. Logo:
As relações dialógicas são irredutíveis às relações lógicas ou às concreto-semânticas, que por si mesmas carecem de momento dialógico. Devem personificar-se na linguagem, tornar-se enunciados, converter-se em posições de diferentes sujeitos expressas na linguagem para que entre eles possam surgir relações dialógicas. (BAKHTIN, 2013 [1929], p. 209).
De acordo com Bakhtin (2016 [1978]), a relação com os enunciados dos outros não pode ser separada da relação com o objeto, porque sobre ele concordam ou discordam, e nele as consciências se tocam. Desse modo, dialogizar não significa apenas estabelecer um diálogo face a face, mas também tornar dialógico, movimentando as relações das diversidades ideológicas, valorativas e de percepções de mundo nas fronteiras em que as vozes sociais se encontram, se entrecruzam e coexistem. No heterodiscurso dialogizado, há a luta social entre as diferentes “verdades sociais”, e o processo dialógico é concebido como infindo, inesgotável.
O enunciado é dependente de três fatores do horizonte social ou contexto extraverbal para sustentá-lo (VOLÓCHINOV, 2013 [1926]), a saber: (i) o horizonte espacial comum dos interlocutores (a unidade visível); (ii) o conhecimento e a compreensão comum da situação por parte dos interlocutores; (iii) a avaliação comum da situação (os valores partilhados). Esses enunciados, com viva implicação, são chamados de enunciados concretos, sempre unindo os participantes da situação comum como coparticipantes que conhecem, entendem e avaliam a situação. Dito isso, os discursos científicos ou as ciências não são neutros, sempre têm uma posição teórica, corporificam as ideologias ou as visões de mundo de seus campos de atividades, e os atos responsivos e os posicionamentos ou pontos de vista dos pesquisadores são repletos de valorações.
Interessam-nos, portanto, as relações dialógicas entre as vozes, ou seja, a interação dialógica das alteridades, pois a relação dos outros dizeres, o discurso do outro, a voz do outro em relação dialógica com o eu – a voz do pesquisador [no gênero dissertação] – têm um papel na construção da estrutura argumentativa, estão em relação dialógica com os argumentos das vozes com as quais interagem dialogicamente – as outras consciências.
1.1 O discurso acadêmico-científico: algumas considerações sobre o texto escrito
A produção científica pode ser compreendida como uma atividade de empoderamento na qual os sujeitos se reconhecem como autoridades e determinados saberes são partilhados por eles. As relações institucionais marcam essa produção e regras são ditadas por cada comunidade discursiva da esfera acadêmico-científica. Segundo Ninin (2020), essas regras orientam a produção do conhecimento e determinam o que é passível de reprodução.
O estudo de Latour e Fabbri (1977) apresenta a circulação dos textos científicos e como o conhecimento vai sendo acumulado nessa esfera, por meio de “uma rede de artigos que atuam entre si por intermédio de cientistas [...]” (LATOUR; FABBRI, 1977, p. 82, tradução nossa),2 ao passo que é por meio dessa rede de artigos que os estudiosos interagem entre si. Essa dinâmica demonstra que os artigos geram outros artigos como troca de prestígios, à medida que vão ganhando reconhecimento.3 Os autores ressaltam que as condições de produção influenciam a escrita científica, o modo como a escrita apresenta a enunciação do autor.
Latour e Fabbri (1977) definem as constantes referências de escritos já publicados como característica predominante dos textos científicos, com a função de indicar trabalhos de outros pesquisadores ou mesmo trabalhos já realizados pelo próprio autor, sem necessariamente serem citados no texto. O papel dessas referências é descrever o contexto do texto científico, formando estratos textuais ou camadas de textos, que são as correspondências desdobradas de outros textos, para garantir a objetividade ou a solidez científica, como se estas viessem dessas correspondências.
Nesse sentido, o texto do pesquisador é uma construção de estratos textuais já reconhecidos pela esfera científica, o qual também busca a aceitação ou o reconhecimento. Uma vez aceito, o texto desse pesquisador também será retomado e citado em outro texto científico e assim sucessivamente. No entanto, se o texto for contestado, poderá ser inserido em outro texto científico, mas, neste caso, para ser refutado, e até poderá ser ignorado por completo pelos integrantes (pesquisadores) do campo de conhecimento, ou seja, não reconhecido. Na perspectiva do dialogismo, percebemos que esse não ser reconhecido ou ser plenamente ignorado, não lembrado, tem o significado de “morte absoluta (o não ser)” (FARACO, 2009, p. 76).
Essas observações de Latour e Fabbri, mesmo situadas no campo da retórica e da análise do conteúdo, mantêm um ponto de contato com as palavras de Bakhtin (2003 [1979]), assim afirmando que o texto, nas ciências humanas, ou os discursos constituídos nessas ciências, são “pensamentos sobre pensamentos, vivências sobre vivências, palavras sobre palavras, textos sobre textos” (BAKHTIN, 2003 [1979], p. 307, grifo nosso).
Ainda nas palavras de Bakhtin (2013 [1929]):
Em um artigo científico, em que são citadas opiniões de diversos autores sobre um dado problema – algumas para refutar, outras para confirmar e completar –, temos diante de nós um caso de inter-relação dialógica entre palavras diretamente significativas dentro de um contexto. As relações de acordo-desacordo, afirmação-complemento, pergunta-resposta etc. [são] relações puramente dialógicas [...], relações entre enunciações completas. (BAKHTIN, 2013 [1929], p. 215-216, grifo nosso).
Assim sendo, o texto é a realidade dos pensamentos e da experiência das ciências humanas, que ganha vida na fronteira de duas consciências.
2. Argumentação no discurso
Estando nosso estudo filiado à análise dialógica do discurso, recorremos à perspectiva do campo da argumentação de Amossy (2011), que situa a argumentação como parte do funcionamento discursivo pelo viés do dialogismo. Segundo a autora:
Na perspectiva dialógica, a argumentação está, pois, a priori no discurso, na escala de um continuum que vai do confronto explícito de teses à coconstrução de uma resposta a uma dada questão e à expressão espontânea de um ponto de vista pessoal. (AMOSSY, 2011, p. 131).
Essa afirmação da autora remete ao enunciado como o elo da cadeia enunciativo-discursiva proposto no artigo “Gêneros do discurso”, em que o enunciado responde a enunciados anteriores e trava uma polêmica com reações ativas de compreensão em um continuum dialógico.
Pela abordagem dialógica:
[...] A argumentação pretende agir sobre um auditório e, por isso, deve adaptar-se a ele. [...] intervém num espaço já saturado de discurso, reagindo àquilo que se disse e que se escreveu antes dela: está inserida numa confrontação de pontos de vista da qual participa mesmo quando não há polêmica aberta ou dissenso declarado. (AMOSSY, 2020, p. 41).
Para a autora, o dialogismo inerente ao discurso parece ter como consequência a argumentatividade, porque “[...] é a utilização da linguagem em seu contexto dialógico obrigatório que acarreta necessariamente uma dimensão argumentativa [...]” (AMOSSY, 2020, p. 43). Essa dimensão argumentativa é distinta de intenção. Ainda de acordo com a autora:
Mesmo que, por sua natureza dialógica, o discurso comporte, como qualidade intrínseca, a capacidade de agir sobre o outro, de influenciá-lo, é preciso diferenciar entre a estratégia de persuasão programada e a tendência de todo discurso a orientar os modos de ver do(s) parceiro(s). No primeiro caso, o discurso manifesta uma intenção argumentativa [...]. No segundo caso, o discurso comporta, simplesmente, uma dimensão argumentativa. (AMOSSY, 2006, p. 32-34 apud AMOSSY, 2011, p. 131, grifo nosso).
Amossy explica que, na intenção, modalidades argumentativas são escolhidas por aquele que as profere, criando-se “uma estrutura de troca particular que permite o bom funcionamento da estratégia de persuasão” (AMOSSY, 2011, p. 131). A autora apresenta três modalidades, que são: (i) modalidade demonstrativa; (ii) modalidade negociada; e (iii) modalidade polêmica. A primeira modalidade refere-se ao objetivo de o locutor alcançar uma adesão à sua tese, utilizando demonstrações fundamentadas, isto é, um raciocínio articulado com provas. Na segunda modalidade, os interlocutores ocupam posições diferentes, podendo ser até conflitantes, e se esforçam para alcançar um consenso mediante um compromisso. A terceira modalidade tem por característica um “confronto violento de teses antagônicas, em que duas instâncias em total desacordo tendem a superar a convicção da outra, ou de uma terceira que as ouve, atacando as teses contrárias” (AMOSSY, 2011, p. 132).
Ainda de acordo com Amossy (2011):
O discurso argumentativo não se desenrola no espaço abstrato da lógica pura, mas em uma situação de comunicação [...] a argumentação não é o emprego de um raciocínio que se basta por si só, mas uma troca atual ou virtual – entre dois ou mais parceiros que pretendem influenciar um ao outro. [...] A argumentação se situa no quadro de um dispositivo de enunciação em que o locutor deve adaptar-se ao seu alocutário, ou mais exatamente, à imagem que ele projetou [...] ela supõe a situação concreta de enunciação [...] a fala situa-se [...] no quadro de um gênero do discurso que ocupa um lugar particular num espaço social dado e que comporta seus objetivos, suas regras e suas próprias restrições. (AMOSSY, 2011, p. 133).
A argumentação se inscreve no discurso do outro em modo de assimilação. Neste caso, a palavra do outro é assimilada e as modalidades citadas por Amossy (2011) são articuladas no texto, de maneira que o discurso do outro, já em circulação, não precise necessariamente ser exibido no texto-enunciado, ou seja, uma heterogeneidade constitutiva. De acordo com a autora, “a heterogeneidade constitutiva é um dos fundamentos da fala argumentativa na medida em que esta, necessariamente, reage à palavra do outro, quer seja para retomá-la, modificá-la ou refutá-la” (AMOSSY, 2011, p. 133). Consequentemente, o ponto de vista do locutor, o que ele expõe, está situado sempre “em uma constelação preexistente” (AMOSSY, 2011, p 133), os já ditos.
Considerando os modos como a palavra age sobre o outro e a argumentação em si não como um tipo de discurso, mas sua parte integrante (AMOSSY, 2020), compreendemos que o gênero dissertação evidencia ou declara um plano intencional de persuadir o auditório. Há, portanto, uma visada argumentativa.
As noções apresentadas são algumas a serem usadas na análise do corpus.
3. Caminhos metodológicos
O delineamento metodológico é qualitativo, interpretativo, por meio de pesquisa empírica do corpus coletado no banco de dissertações e teses da CAPES em domínio público (on-line).
O corpus é constituído por textos de seções de fundamentação teórica de dissertações. Tomamos por critério de seleção: (i) a área de conhecimento das ciências humanas; e (ii) IES distintas.
As categorias de análise são: voz, modalidades argumentativas, reação à palavra do outro (retomada, modificação ou refutação) e constelação discursiva preexistente. Considerando a proposta do presente artigo, trabalharemos um recorte do corpus da seção de fundamentação teórica da dissertação de Oliveira (2017), intitulada “Compreensão de textos literários na educação infantil: rodas de leitura e mediação docente”, coletado no já referido banco de dissertações e teses, em domínio público (on-line), do campo de estudo da psicologia cognitiva.
Dito isso, faremos um breve percurso analítico neste artigo, constituído pelas categorias voz e retomada, para responder sobre a maneira como as vozes interagem dialogicamente para a construção argumentativa no recorte do corpus da dissertação supracitada.
4. Breve análise e conclusão
Para contextualizar o leitor, o corpus selecionado para a análise preliminar proposta nesta seção é composto por um recorte da fundamentação teórica da dissertação de Oliveira (2017), que dedicou o total de trinta páginas para essa escrita, com início na p. 22 de sua dissertação. A pesquisadora desenvolveu três tópicos nessa seção, intitulados respectivamente: “Diálogos entre Bakhtin e Vigotski: a linguagem e a significação em suas perspectivas teóricas”; “Leitura e produção de sentidos”; e “O gênero literário e a educação para a arte”.
A análise será sobre extratos do tópico “Diálogos entre Bakhtin e Vigotski: a linguagem e a significação em suas perspectivas teóricas”. Para justificar a seleção, nesse tópico, em especial, Oliveira (2017) sugere a promoção de diálogos entre os autores Bakhtin e Vygotsky. Sendo as categorias “retomada” e “voz” aquelas com as quais iremos trabalhar neste artigo, as teorias desse tópico são conhecidas por nossa apercepção nesta fase inicial de análise. Assim, Oliveira (2017) fundamenta seu estudo na leitura e produção de sentidos de textos literários por crianças pela mediação docente, em diálogo teórico entre as perspectivas de Vygotsky e Bakhtin acerca da concepção de linguagem; e entre Bakhtin, Volóchinov e Marcuschi acerca da concepção de gênero literário.
A seguir, apresentaremos uma breve análise de quatro vozes secundárias selecionadas por Oliveira (2017), as quais chamaremos de vozes auxiliares para a construção argumentativa.
4.1. Análise preliminar
Ao iniciar a fundamentação teórica, a pesquisadora destaca o princípio dialógico defendido por Bakhtin e a influência desse princípio nos estudos de textos e discursos de diversas perspectivas. Essa afirmação é trazida para a construção argumentativa pela retomada da voz de Barros (2005), uma voz auxiliar de confirmação e validação da importância da teoria de Bakhtin:
De acordo com Barros (2005), Bakhtin é considerado o precursor de perspectivas teóricas diferenciadas nos estudos do texto e do discurso, por meio da influência das suas reflexões acerca do princípio dialógico. Este autor influenciou as principais orientações teóricas nos estudos dessa área, desenvolvidos principalmente nos últimos 30 anos, rompendo com os estudos linguísticos de seu tempo, os quais tiveram a língua como objeto de estudo através da sua fragmentação em unidades mínimas e da análise dessas unidades. (OLIVEIRA, 2017, p. 22, grifo nosso).
Essa voz retomada pela pesquisadora traça, portanto, um breve perfil da autoridade da voz de Bakhtin nos estudos das ciências da linguagem e/ou linguística para os potenciais interlocutores do campo de estudo da psicologia.
Outras vozes auxiliares, Zandwais (2009) e Castro (2009), são retomadas para o traçado histórico do estudo da linguagem mediante o princípio dialógico. Essas vozes discorrem sobre a configuração da interface interdisciplinar das investigações do grupo de estudiosos, dentre eles Bakhtin, que se reunia para a construção do conhecimento científico:
O chamado Círculo de Bakhtin foi formado por um grupo de autores que se reunia, informalmente, em torno de investigações interdisciplinares, a fim de produzir conhecimentos científicos sobre filologia, filosofia, literatura, arte, biologia, linguística (ZANDWAIS, 2009). [...] Para abordar a compreensão da linguagem, nessa perspectiva, o Círculo se dedicou ao estudo de temas relacionados à interação, o que repercutiu no estudo da produção de enunciados, a partir da mediação da linguagem (CASTRO, 2009). (OLIVEIRA, 2017, p. 22-23, grifos nossos).
Para introduzir a teoria e as reflexões de Vygotsky4 sobre a linguagem e sua contribuição para os estudos da psicologia, a voz auxiliar de Rego (2008) é retomada:
Outro importante autor, cuja perspectiva teórica abordamos, foi Vigotski, tendo em vista suas importantes reflexões sobre a linguagem, na área da psicologia. Segundo Rego (2008), Vygotsky desenvolveu uma grande produção intelectual, tendo investigado as mudanças que ocorrem durante o desenvolvimento humano e sua relação com o contexto sociocultural e histórico. [...] a linguagem ocupou um lugar central, sendo entendida enquanto um “sistema simbólico fundamental em todos os grupos humanos, elaborada no curso da história social [...]” (REGO, 2008, p. 53). (OLIVEIRA, 2017, p. 23, grifo nosso).
Nesses recortes, identificamos a introdução de uma fronteira semântico-axiológica entre os campos de estudos da linguagem (linguística e psicologia) e as teorias destacadas, que foram a teoria dialógica da linguagem e a perspectiva da psicologia sócio-histórica.
Portanto, as vozes retomadas pela pesquisadora auxiliam a projeção de uma discussão sobre a interação mediada pela linguagem em uma postura social e histórica, e preparam a construção argumentativa da pesquisadora, que identifica e considera o princípio dialógico como estruturante na constituição de seu objeto de pesquisa, bem como relevante para o campo de estudo da psicologia.
O modo como as vozes interagem dialogicamente para a construção argumentativa, no recorte analisado, parte de uma organização intencional da pesquisadora dos pontos de convergências entre os teóricos acerca da linguagem como mediadora das relações ou das interações verbais constituídas histórica e socialmente. Essas consonâncias entre as teorias apontam possibilidades de serem alimentadas e complementadas, o que contribui para o plano argumentativo da pesquisadora.
É necessário ampliar a pesquisa com as demais categorias de análise para um aprofundamento analítico e um alcance mais efetivo da compreensão sobre a interação dialógica das vozes para a construção argumentativa de textos acadêmicos e científicos.
Agradecimentos
Agradecimentos à CAPES/PROSUC, pelo financiamento da pesquisa com a bolsa de estudos de doutoramento.
Referências
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