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Experience Report

Takãra: The Dissemination Center of the Ritualized Language

Nivaldo Korira'i Tapirapé

Escola Estadual Indígena Tapi’itãwa


Keywords

Apyãwa gỹ
Takãra
Apyãwa Reka

Abstract

Ywyrape xe’apeãwa a’e ramõ akwaamatarete Takãra wi teka kwaapãwa. A’eete ramõ a’ewi xerexekaxeka wetepe kwaapãwa ramõ, xerexojãwa gy rekareka maxywatyãwa. Aoxekato raka’e xanewe Apyãwa ramõ kwewiwe, maryn maryn xane kaãwa ramõ, tarywa rerekaãwa ramõ, xepaanogãwa rerekaãwa ramõ. ‘A te’omara ekwe werot xanewe wetepe xe’aranowetykãwa, Takãra rekareka maxywaatyãwa re, a’epe xerexe’ega xerexamamamata tarywa kwaapãra gy ma’yaoãwa re. Niwaxaj tanã ka akaxỹma aawo xanewi akawo xanerekareka. A’epe ro’õna imaxerekakatowo xerexeka xerexymyminõ agy we. Ywyrape xe’apeãwa a’e ramõ awaema awa’yawera gỹ xema’eãwa ramõ, gỹ xe’exe’egãwa pe, gy xe’aranowetykãwa ramõ. A’e ramõ xe imamamata xepe xerexeka rerekaãwa re. Te’omara xe’apeãwa a’e ramõ, aparama’e ma’e agy iparawo aparama’eãwa ramõ, a’epe pitywera, awa’yawera gy, koxamokowera gy, axema’ewo ee. Emanyn ro’õna imaxywatyetewo xerexeka re, xere’aranowa re parama’eãwa. ‘A te’omara apaãwa re a’e ramõ wetepe ipakaki xenerojãwa gy. A’egy ro’õna kwakaj wetepe werot wemikwaakwaãwa te’omara apaãwa ramõ, Apyãwa reka re, takaripe iparopyra. A’e ramõ aoxekatoete emigã xanewe, xerekawo maryn teka ramõ axema’ema’e ramõ ikwaãpa ixowi xerexeka. A’eete ramõ kwakaj te’omara ixeapa xerexojãwa gy remikome’o ropi. A’egy kwakaj wetepe amot wemipoenowa te’omara we. A’egy mi ka werakwap wetepe xerexewe Apyãwa reka kato.

Resumo para não especialistas

O presente trabalho tem como propósito apresentar resultados da pesquisa sobre a importância da Takãra (casa cerimonial) como espaço central de difusão da linguagem ritualizada que ocorre nos rituais e nas regras de organização de eventos culturais. Além disso, a pesquisa traz reflexões importantes para que se possa valorizar e fortalecer ainda mais a Takãra, oportunizando esse conhecimento especializado às lideranças cerimoniais das novas gerações. O conhecimento dessa linguagem é fundamental para manutenção e fortalecimento da epistemologia sociocultural do povo, já que a Takãra é a casa de sapiência Apyãwa. Para a realização dessa pesquisa, contamos com parcerias valiosas dos (as) anciões (ãs), “bibliotecas vivas” do meu povo Apyãwa, que têm muito conhecimento sobre o tema, além das pesquisas bibliográficas e etnográficas sobre o povo Apyãwa. Os principais métodos utilizados foram: participação nas atividades culturais nas aldeias, atividades escolares, participação das conversas noturnas na Takãra e entrevistas semiabertas com anciãos/anciãs.

Introdução

O povo Apyãwa, mais conhecido como Tapirapé, habita em duas áreas Indígenas denominadas Terra Indígena Urubu Branco e Terra Indígena Tapirapé /Karajá, que, geograficamente, localizam-se na região nordeste do estado de Mato Grosso, abrangendo porções territoriais dos municípios de Confresa, Porto Alegre do Norte, Santa Terezinha e Luciara, no médio Araguaia. Os Apyãwa, atualmente, somam, aproximadamente, 1.000 indivíduos incluindo as populações das nove aldeias/comunidades. O povo é falante da língua Tapirapé, da família Tupi-Guarani do Tronco Tupi (RODRIGUES, 1986).

Nesse trabalho trago um tema muito relevante para o nosso povo, intitulado: “Takãra: Centro de Difusão da Linguagem Ritualizada”. A Takãra é uma grande casa cerimonial localizada no centro da aldeia Tapi’itãwa, a maior aldeia dos Apyãwa. Ela se constitui como um espaço central de aprendizagem, manutenção e fortalecimento da sabedoria sociocultural que acontece durante as atividades ritualísticas do povo Apyãwa. É o principal espaço da difusão dos saberes e da linguagem especializada, importantes para a formação intelectual de novas lideranças cerimoniais. Este trabalho faz parte da pesquisa que foi desenvolvida junto aos Apyãwa no Programa de Pós-Graduação em Ensino em Contexto Indígena Intercultural – (PPGECII –UNEMAT), intitulada: “Takãra, a casa da sapiência Apyãwa”.

Como foi dito acima, a Takãra é o espaço fundamental para interação e aquisição da sabedoria Apyãwa. Os rituais que acontecem neste espaço são estratégias de manutenção e fortalecimento da sabedoria milenar do povo Apyãwa.

Esta é uma pesquisa de cunho qualitativo e auto etnográfico, uma estratégia inovadora que veicula o protagonismo do pesquisador indígena, que vivencia ou participa diretamente na construção dos saberes do cotidiano da comunidade, especificamente, nos momentos dos rituais.

Foi trabalhada diretamente com sábios que são referências vivas da sapiência milenar do povo Apyãwa. Os anciãos (ãs) são conhecedores das histórias, dos rituais e saberes que são difundidos através da prática e da oralidade. Eles são especialistas da oralidade, meio essencial que vem sendo utilizado há milhares de anos para a formação espiritual e intelectual do ser Apyãwa. A tradição oral constitui identidade material e imaterial indispensável para a manutenção da vida dos Apyãwa.

Espero que esta pesquisa contribua com a reflexão, valorização e fortalecimento da língua e dos saberes do povo Apyãwa. Ela traz reflexões relevantes sobre o conhecimento que consideramos como o centro das atividades ritualísticas dos Apyãwa. Essas linguagens especializadas e espirituais são fundamentais na condução de saberes que asseguram as práticas dos rituais.

Esperamos também que esse trabalho sirva de material de pesquisa para os estudantes das escolas Apyãwa, para os acadêmicos e para todos os membros da comunidade na discussão de seminários da comunidade educativa sobre o fortalecimento da língua materna e suas especificidades ritualísticas, pois, a linguagem especializada dos rituais são aspectos essenciais que enriquecem a existência Apyãwa.

1. Takãra

Como já disse, a Takãra é a casa cerimonial do povo Apyãwa-Tapirapé que fica no centro da aldeia. Culturalmente, ela só pode ser construída no centro da aldeia. Esta casa é construída de acordo com a orientação do sol, ou seja, duas portas estão direcionadas para o lado nascente e outras duas portas direcionadas para o lado poente. Neste caso, Takãra rakopi’ã[1], baseada na orientação da ciência dos maira ‘não indígena’, fica sob a orientação da direção norte/sul.

Cosmologicamente, a casa é dividida em duas metades que pertencem aos sub-grupos de Wyrã ‘grupos sociais’, os quais são: Wyraxiga, Wyraxigio e Wyraxigoo para o lado Sul; e para o lado Norte: Warakora, Araxã, Tarawe. Esses dois grupos denominam-se Wyrã, Associações Pássaros, como diz Wagley (1988). A palavra Wyrã significa ave em português, o que, certamente, contribuiu para a denominação utilizada pelo antropólogo.

Wagley (1988, p. 116-117), na sua obra, referiu que a Takãra se localizava no meio da aldeia. Considerou a Takãra como centro de atividades das Associações de Pássaros que ali se constituíam, ou seja, a sede das sociedades Wyrã, compostas por grupos de idades de jovens, homens maduros e homens mais velhos.

Cada grupo designado pertence a uma parte da Takãra, sendo que estes grupos são responsáveis pela construção de sua parte. Todos os homens trabalham juntos, mas, sempre dando atenção maior para a sua parte, como por exemplo, na minha idade de 48 anos, pertenço à Wyraxigio. Eu contribuo, neste grupo, na parte intermediária da metade da Takãra que pertence a ele.

Figure 1. Figura 1. Divisão das duas metades cerimoniais e subdivisão por faixa etária Fonte: Okario’i Magno Tapirapé, 2022.

Os homens das duas metades vão juntos na busca de materiais, como ywyrayja’yra, ‘pequena forquilha’, pinaanywa, pinawa, folha de bacaba’, ka’ã ‘folha de banana-brava’ e até mesmo xorao ‘travessa grande’ e ywyrayjoo ‘forquilha grande’

Os sábios consideram importante a Takãra como um dos espaços mais apropriados para aprendizagem dos conhecimentos próprios dos Apyãwa. Muita sabedoria se aprende só na Takãra. Como diz Korako, no seu depoimento sobre a importância da Takãra para os Apyãwa: “Takãra aoxekato raka’e xanewe Apyãwa ramõ kwewiwe. Ma’era ta’e? Maryn maryn xane kaãwa ramõ, tarywa rerekaãwa ramõ, xepaanogãwa rerekaãwa ramõ Takãra”. Para ele, A Takãra é uma casa indispensável, essencial desde a sua origem para vitalização das práticas culturais, dos rituais, de saberes tradicionais e religiosos do povo Apyãwa. A Takãra é importante para a realização das festas rituais, em especial, para Xepaanogãwa que é uma cerimônia essencial para os Apyãwa”.

O grupo Wyra é composto somente por homens e se subdivide em dois grupos, a saber Wyraxiga ‘garça’ e Tarawe ‘papagaio’. As idades desses homens variam desde Awa’yao’i, que são os rapazes que passaram pela iniciação recendente até Awaxewete os mais idosos, os anciões. Para mapear o número de participantes de cada grupo foram coletadas informações como o nome de cada participante e sua respectiva aldeia. Esse mapeamento foi realizado conforme a contagem cultural, ou seja, a partir do grupo mais novo passando para a fase adulta e, pôr fim, a fase dos idosos. Apresentamos a seguir a tabela da organização do Wyrã de acordo com as distribuições dos grupos no interior da Takara. Observe que, consonante a figura 1, os mais jovens ficam nas extremidades (Wyraxiga e Warakorã), enquanto os anciãos ficam ao centro (Wyraxigoo e Tarawe).

Figure 2. Tabela 1. Levantamento dos grupos de Wyrã conforme classificação das metades e subdivisões por aldeias. Fonte: Nivaldo Korira’i Tapirapé, 2021.

Esse levantamento foi realizado conforme a subdivisão das duas metades das oito aldeias da Terra Indígena Urubu Branco e Majtyritãwa, da Terra Indígena Tapirapé/Karajá. Nesta tabela apresento os dados conforme a classificação de participação nos grupos de Wyrã nas três subdivisões, da coluna de esquerda para o centro, Wyraxiga, Wyraxigio e Wyraxigoo. Da mesma forma da direita para o centro, começando do mais jovem, Warakorã, depois Araxã e por último grupo do idoso Tarawe. Essa tabela também representa a mesma organização social dentro da Takãra.

2. Conexões espirituais e linguagens ritualizadas no espaço da Takãra

2.1. Xepaanogãwa

Xepaanogãwa é ato de comer, culturalmente celebrado com as duas metades de Wyrã que acontece no Takawytera ‘pátio da Takãra’ envolvendo os subgrupos de Wyrã. Neste ritual, só os homens podem participar da refeição, sendo que no primeiro dia é servido peixe e, no segundo, kawi ‘cauim’ adoçado com mel.

Segundo os sábios, este ato é para celebrar a harmonia com Axyga ‘os espíritos’ que moram na Takãra ou que virão a morar durante os rituais. Essa cerimônia, geralmente, acontece no início das atividades ritualísticas, antes mesmo da construção da Takãra.

Figure 3. Figura 2. Takãra. Fonte: Serge Guiraud, 2017.

Xepaanogãwa é um ritual importante para dar alegria para os espíritos que moram na Takãra no período das cerimônias ou, então, mesmo quando estão na sua moradia quando não ocorrem rituais. Realizando a atividade de comer, os Wyrã, simbolicamente, estão dando de comer para os espíritos – Axỹga ‘espíritos dos rituais’ ou Xane’yga ‘espíritos ancestrais’, como dizem os mais velhos. Com isso, os Axỹga ficam alegres e, em contrapartida, oferecem alimentos como animais, pássaros, peixes com abundância para os Wyrã ‘grupo social’. Oferecem também proteção espiritual aos Wyrã, nas atividades coletivas ou familiares. O Xepaanogãwa mais significativo acontece antes da construção da Takãra. Este momento é para convocação dos Wyrã para construir a Takãra e simboliza o novo ciclo festivo do ano. No decorrer deste ritual, também são alimentados Xere’yga – espíritos de nossos antepassados e Xerexowiãwa ‘nossa origem’. Vamos trazer um exemplo de Axyga que mora na Takãra durante o ritual.

Para manter os espíritos ativos no ritual, Wyrã, as Associação Pássaros, Wyraxiga e Araxã, plantam muita banana comprida (Musa paradisíaca) para alimentar os espíritos de Tawã. Os alimentos especiais dos espíritos são a banana comprida e a carne do porco queixada (Tayassu pecari). Da mesma forma, os homens das duas metades de Wyrã precisam caçar para alimentar as comunidades de todas as aldeias e os espíritos de Tawã. Existem caçadas especiais só para a realização deste ritual que, geralmente, acontece entre os meses de maio a junho. Todos os homens se deslocam para o mato para uma caçada coletiva que pode durar de uma ou duas semanas. A carne das caças serão assadas e trazidas para a festa de Tawã, ficando sob a responsabilidade dos donos e das donas de Tawã.

O povo Apyãwa considera este ritual como a presença de um espírito mais importante e mais perigoso. O povo acredita muito no espírito, porque ele pode causar maldade para as pessoas, principalmente para os donos e para aqueles que se vestem com as roupas e ornamentos sagrados para sair com ele durante a festa. Segundo os sábios, as pessoas que saem com ele, em algum momento, têm que assumir o Xepaanogãwa. Este ato de oferenda serve para alegrar os espíritos de Tawã. Segundo o Paxẽ, se, por acaso, não se cumprem determinadas regras, os Axyga sentem-se menosprezados e podem atingir com seus males os integrantes dos rituais. (TAPIRAPÉ, G. I., 2020).

Há um canto convocatório para se comer peixe que os homens pescaram numa pescaria coletiva. Todos os homens vão para o lago e o rio. Quando chegam de volta na aldeia, o líder cerimonial faz este grito para todo mundo ouvir. O líder cerimonial diz:

Ipirã pe'oooooooo!

Taraweeeeeeeee!

Wyraxigiooooooo!

Araxaaaaaaaa!

Wyraxiiiiií!

Warakoraaaaaaaa!

Wyraxigoooooo!

Ipirã pe'ooooooo!

Ipirã pe'ooooooo!

Ipirã pe'ooooooo!

Ipirã pe'ooooooo!

Koooooooooooo!

Neste canto convocatório, o líder diz Ipirã pe’oooooo! ‘comam peixe’ (comam muitos peixes), ou seja, está convocando todos os Wyrã para comer peixe. Como pode ser observado no canto, são aclamados os nomes dos seis grupos do Wyra (ver tabela 01). No final diz Ipirã pe’ooooooo, ou seja, comam muitos peixes. Novamente, cita todos os nomes dos três sub-grupos no final do canto convocatório. Feito o grito, todos os axyga ‘espíritos’ são convidados.

Após o convocatório os homens dispersam indo para suas casas, onde as mulheres preparam peixes para levar para o pátio. Antes de escurecer o dia, todos se dirigem para Takawytera ‘pátio da takãra’ para comer peixe. Neste momento, as mulheres não participam de Xepaanogãwa. As mulheres apenas preparam a comida.

No outro dia, os homens vão para o mato buscar mel para adoçar kawi ‘cauim’. Neste momento, as mulheres fazem kawi para seu marido que foi caçar mel. Quando os homens chegam, acontece novamente o ritual de convocatória para comer kawi. Todas as mulheres casadas fazem kawi enquanto os homens vão para o mato. Assim, a tardezinha, os homens vão novamente para Takawytera para saborear kawi com mel.

2.2. A relação entre os Wyrã e a Takãra

Os idosos sempre insistem em repetir que, sem a Takãra, não acontecerá mais a transmissão dos saberes dos Apyãwa para as futuras gerações, uma vez que essa casa cerimonial é um dos mais importantes espaços nos quais se aprendem conhecimentos tradicionais próprios dos Apyãwa.

Xakareo’i diz que Takãra sedia Axỹga durante a festa, o que é fundamental para os Apyãwa produzirem seus alimentos e que, com isso, Wyrã é beneficiado. Os espíritos têm poder de atrair os animais, como porco queixada, caititu e jabuti para mais próximo da aldeia, assim se tornam fáceis de serem caçados logo perto. É com essas caças que são alimentados os espíritos que eles mesmos trouxeram para serem abatidas. Quando não tem ritual Apyãwa, os espíritos vão ficar bravos, como o Korako também tinha mencionado. Xane’yga pode provocar e agravar doenças como diarreia, febre alta, entre outras.

Quando entrevistei Korako, ele estava muito preocupado com a não realização de tarywa ‘rituais’ na Takãra. Ele demonstrou realmente que o povo Apyãwa depende muito da Takãra, porque sem a Takãra não acontece tarywa. E se não acontece tarywa, os espíritos ficam bravos.

Os anos de 2021 e 2022 foram anos de paralização total de tarywa, ou seja, não estavam acontecendo. A cobertura da Takãra já estava ficando ruim também. Por isso que Korako estava muito preocupando. “A ika maja kwi. Mõ pã ‘a ika maja wã. Apyrõg kwakaj amõ ee Xiwyga kwi. Maja axokã maapyt. A’e ramõ kwi aoxekato xerexepaanõga. ‘A cobra está aqui. Está aqui muito perto. Xiwỹga (esposa dele) já pisou numa cobra. Matei três cobras. Por isso temos que convocar Xepaanogãwa. (KORAKO, novembro, 2021)

Figure 4. Figura 3. Tawã ‘Cara grande’. Fonte: Serge Guiraud, 2017.

Nesse dia, ele estava comentando que a presença de maja ‘cobra’ venenosa não era normal. A família da casa estava passando perigo de ser picada pela cobra. A cobra já foi pisada pelas pessoas. Xiwỹga, como ele chama sua esposa Iparewã, quase foi picada e eles mataram três cobras venenosas na casa do fundo que usam para cozinhar.

É por isso que o Korako recomendava a realização de Xepaanogãwa para acalmar os Axỹga ‘espíritos da festa’ e Xane’ỹga ‘os espíritos dos nossos antepassados. Ele tinha muita preocupação porque ele foi uma pessoa que saiu várias vezes com tawã ‘ritual de cara grande’ e, ao mesmo tempo, foi dono de tawã. Ele não pode ficar muito tempo sem comer Xepaanogãwa porque é muito perigoso.

2.3. Xaneramõja

Logo que a Takãra fica pronta, é realizado o ritual denominado Xaneramõja: ‘nosso avô’. São espíritos ancestrais dos Apyãwa e há uma narrativa mítica que relata que um irmão assassinou seu sobrinho para defender a Takãra porque, antigamente, os meninos não entravam na Takãra. O irmão mais velho assassinou seu sobrinho quando seu irmão mais novo estava saindo com Axyga num ritual. Depois, o irmão mais novo assassinou também o sobrinho do irmão mais velho, vingando, assim, o seu filho. Estes fatos aconteceram depois da chegada do ritual Awara’i. Dessa forma, Topaxo e Xyreni, os dois irmãos, representam as duas metades da sociedade Wyrã dentro da Takãra.

O ritual Xaneramoja acontece no interior da Takãra. Um senhor idoso assume a identidade do Axyga Xaneramoja. Ele se senta junto a uma coluna da Takãra e, acima dele, é colocada uma máscara do espírito. Através dos anúncios simbólicos, ele faz oferendas dos animais de caça para serem abatidos pelos Wyrã, para, depois, serem comidos dentro da Takãra no evento que se chama takãra mamieawa ‘perfumação da Takãra’ com a fumaça das caças sendo assadas. O espírito Xyreni oferece porco queixada, cateto, jabuti, mutum. Todas as caças abatidas têm que ser consumidas na takãra durante um ou dois dias porque o Xyreni ofereceu.

Através deste ato, Xyreni conversa com os donos das caças para serem oferecidas aos Wyrã durante o ritual de Takãra mamieãwa[1] Com este ato, os espíritos também se alimentam e ficam satisfeitos com todo mundo. É uma ação importante, na qual acontece a interação dos espíritos vivos com os espíritos dos ancestrais e dos rituais para que possa ocorrer tudo bem com todo mundo. Geralmente, o mais idoso de Wyraxigoo ou Tarawe representa Xyreni e os caçadores, em fila, com suas armas nas mãos, se apresentam para conversar com ele pedindo caça. O espírito Xaneramõja tem o poder de atrair animais para serem caçados pelos homens.

Figure 5. Figura 4. Takãra mamieãwa ‘perfumando a Takãra Fonte: Nivaldo Korira’i Tapirapé, 2022.

No dia seguinte ao ritual de Xaneramõja, os Wyrã começam a caçar para ajuntar mais caças para o ritual de Iraxao, no qual sai uma dupla de Axyga. Somente as mulheres é que dançam para este Axyga. Outro momento importante é a convocação de Xepaanogãwa, depois da saída de Iraxao. À noite, de madrugada, Xaneramoja passa dando uma volta inteira na aldeia para convocar a preparação de comidas para serem consumidas na Takãra. Ele e seus filhos cantam e jogam nas casas tapi, uma rodinha trançada com palha de buriti, que formaliza o convite. Durante o dia, o líder de Xaneramõja confecciona a máscara que fica pendurada na forquilha do centro da Takãra e, nesse local, participa de todas as refeições.

Ao final, os grupos de Wyrã agradecem ao Xyreni que ofereceu abundância de alimentos para serem consumidos na takãra. Todos os Wyrã se levantam juntos e fazem um grito Hyyy! e falam: _Ma’e aiwa pa’õ pa’õ ropi tã ka ne ‘Eu, com certeza, vou passar longe das doenças’. _Taxe’apapywine ‘Eu quero ficar bem’ _Emamarao xewi xemama’eay. ‘Tire de mim as doenças’.

Através desta oferenda de fartura de comidas, trazemos alegrias para os espíritos de vários rituais que moram na Takãra. É um momento especial em que entramos em contato com o mundo espiritual celebrado nos momentos festivos.

A maior parte da linguagem milenar dos rituais não é escrita, mas, é recebida como uma mensagem que todos os membros entendem nas práticas dos rituais. Essa comunicação é compreendida há milênios pelas diferentes gerações como a forma de sobrevivência de rituais que acontecem na Takãra. Considera-se uma linguagem essencial para enriquecimento e para a sobrevivência das expressões linguísticas que só são praticadas nos momentos dos rituais. Ao celebrar estas práticas, estamos vivenciando e vitalizando saberes que trazem só benefícios para a nossa cultura.

Para os Apyãwa, a Takãra é símbolo de fartura de alimentos que são oferecidos para os grupos que chamamos Wyrã. Através dela é que chegam as caças mais próximas das aldeias e quem oferece as caças são os espíritos dos rituais que moram nessa casa durante o período da sua atividade ritualística. Estamos falando sobre diálogos espirituais dos nossos antepassados com os espíritos que configuram uma ritualística própria.

Os mais idosos também dizem que o espírito atua como py’aatyãwa, ou seja, oferece alegria e alimento em abundância que sacia os Wyrã. Tawã é tão poderoso que, com sua força espiritual, consegue caças para serem abatidas, porque não se alimenta de outra caça, somente de porco queixada. É por isso que todos os homens são obrigados a caçar para ele.

2.4. Tataopãwa

Este ritual também é muito importante para o povo Apyãwa, porque a convocação para ele tem o objetivo de amenizar os sofrimentos de xane’yga ‘nossos espíritos’. “As diferenças em relação aos Xepaanogãwa consistem no fato de que mulheres e crianças participam das duas refeições, que agora são feitas pelos ‘grupos de comer (PAULA, 2014, p. 198). Podemos compreender que a linguagem expressada é uma convocação dos grupos de comer direcionada aos Xane’yga ou seja, oferenda feita especificamente para os espíritos dos nossos mortos, que viveram antes de nós. É uma linguagem que nos leva a fazer conexões espirituais dos vivos com os mortos.

Os sábios Apyãwa sempre recomendam que todas as famílias e os casais são obrigados a participar de Tataopãwa. Esse é o momento ímpar para fazermos, espiritualmente, contatos diretos com nossas raízes ancestrais. É importante dizer que Xane’yga continuam presentes nos meios dos familiares somente com a realização desses rituais. Nesse sentido, o ritual permite que a família continue mantendo contato espiritual com suas raízes e com seus ancestrais. Entende-se que assim os Apyãwa valorizam seus familiares do presente e do passado. É por isso que as famílias nunca se esquecem dos seus entes queridos: pai, avós, filhos e filhas que se foram para as aldeias dos mortos. Com a celebração deste ritual, os espíritos retornam para o espaço dos vivos.

Segundo a narrativa de origem contada pelos Apyãwa, a origem de nosso povo é resultado de união de vários grupos que se originaram do fundo da terra, da água e da floresta. Conforme o que os mais idosos vêm passando de geração em geração, o primeiro a sair do subsolo foi o grupo de Apirape, em seguida outros grupos foram surgindo conforme o tempo, por exemplo, Mani’ytywe, ‘grupo de mandioca’ que estava debaixo das raízes de Mani’ywa ‘mandioca’. Assim como Kawaro’i, que habitava o oco da árvore chamada ywytãtyo. Eles comiam o fruto emoywã e estavam varrendo embaixo da fruteira, deixando limpinho. Kawaro estava habitando dentro do oco de um pau. O grupo de Tawaopetywa habitava embaixo da tawaawa. Tawaãwa é uma espécie de folha rasteira igual à de banana brava que fica bem fechada. Havia também o grupo do Paranỹ, que surgiu do rio chamado Paranỹ. O grupo de Xakarepera também habitava na nascente do rio onde morava Xakare, ‘Jacaré’. Awajky morava no fundo da terra, Ywyroare, também. Essa história foi contada pelos mais idosos como Xako’iapari e Taywi e estão registradas no Projeto Político Pedagógico da Escola Indígena Estadual Tapi’itãwa (2009, p. 08-10).

A maioria destes grupos citados ainda é celebrada no ritual de Tataopãwa, “grupo de comer”, como dizia Baldus (1970). Cada grupo que surgiu recebeu um nome para si. Esses são todos os grupos mantidos nos rituais de Tataopãwa até hoje.

As mulheres levam comidas para Takawytera ‘pátio da Takãra’, para servir aos grupos de comer. Todos participam do ritual de comer, adultos e crianças também participam da refeição. Existe Tataopãwa ma’exiro’oãwa ‘comida diversificada’ no qual cada grupo oferece comidas diversificadas como, por exemplo: alimento produzido na roça, caça e pesca. Os homens pescam o dia inteiro para conseguir alimentos para Tataopãwa. Assim, as mulheres preparam peixe assado com farinha, peixe cozido, matãwa ‘pirão de peixe’ e até peixe frito. No dia seguinte, acontece Tataopãwa de Kawi ‘cauim com mel’, quando os homens vão caçar mel para adoçar kawi. Cada grupo de Tataopãwa caça mel para seu grupo. Em casa, todas as mulheres fazem kawi enquanto os homens procuram mel na mata. Quando chega a hora de comer Tataopãwa, ao entardecer, as mulheres levam kawi no seu grupo para adoçar com mel e todo mundo come kawi.

O canto convocatório para o Tataopãwa é:

Xere'yga we taka ma'e pe'awyky!

Karaxatywetyyyyyyý!

Apirapeeeeeeeeee!

Kawaroooooooo!

Kawaro'iiiiiiiiiiii!

Paranyjwatyyyyyyy!

Xakarepetyyyyyyy!

Awaopetyyyyyyyy!

Xere'yga we takaaaaaa!

Xere'yga we takaaaaaa!

Kooooooooooooo!

O líder cerimonial convoca todos os “grupos de comer” que existem ou aqueles que não existem mais como grupo. Na atualidade, quem convoca os grupos de Tataopãwa é Xario Domingos Tapirapé, que pertence ao grupo de Apirape, o grupo mais numeroso no momento.

Quando o líder diz Xere'yga we taka ma'e pe'awyky!, ele está convidando para que os grupos de comer ofereçam abundâncias de comida para alimentar os espiritos, principalmente xere’yga ‘espírito do nosso antepassado’. Assim ele convoca todos os grupos de comer: Karaxatywera, Apirape, Kawaro, Kawaro’i, Parany, Xakarepera, Tawaopetywa. Tataopãwa geralmente acontece no início da chuva, de setembro a outubro. Esse período também marca o início do novo cíclo festivo do povo Apyãwa.

2,5. Ritual de nominação

Todo ritual de nominação é anunciado pelos líderes cerimoniais no pátio da Takãra para ambos os sexos. Quando os meninos passam para a segunda fase de iniciação, no segundo dia todos eles são nominados no centro da aldeia e todos participam do ritual de nominação que acontece na Takawytera ‘pátio da Takãra’. As pessoas também podem ficar escutando o anúncio dos novos nomes nos terreiros das casas. Todos os meninos que passaram por ciclos de iniciação receberam novos nomes e, a partir daquele momento, deixam de ser chamados pelos nomes de criança.

Quem entoa o canto de nominação é uma pessoa idosa.

Peapyakaa, peapyakaa!

A'eteweee! A'eteweee!

Paroo'i wetymymino'i re nanogi!

Tawie amamat ixowi!

Paroo'i pexe ixope ranõ!"

Amo rano, amõ ranõ!

A'eteweeeeee!

Tawy teweeeeee!

Tawy anogi wexymymino'i re!

Teriãra amamat ixowi!

Tawy pexe ixope ranõ!

O público presente na Takawytera aplaude os novos nomes anunciados.

Quando a menina sai da reclusão, no segundo dia, depois da menstruação, recebe também um novo nome anunciado na Takawytera. Assim como acontece com os meninos, também acontece com a nova moça Koxamoko. A partir daquele momento, não pode ser chamada com o nome de criança por toda a comunidade, com exceção do namorado ou esposo quando ela se casar. O esposo da moça é a única pessoa que a chama com nome de criança, e outros membros da comunidade não podem usar o nome de criança por respeito a ela, principalmente, os familiares próximos.

Todas as trocas de nomes só são feitas na Takawytera para ambos os sexos, durante toda vida. Este é um ato de grande importância para o povo Apyãwa. Só os mais "velhos", os avós, é que podem ser os cantores-anunciadores dos novos nomes no do ritual de nominação dos rapazes e moças.

2.6. Takãra rawajxakãwa

Esse é outro ritual convocatório muito significativo para os Apyãwa, que é dirigido aos Wyrã, especialmente às mulheres donas de rituais. Quem executa esta oratória é o próprio Ata’ywa, líder maior da aldeia, em outras palavras o “cacique”. Nesse dia especial, o líder convoca todos para participarem da refeição oferecida pelos donos de rituais. É o momento privilegiado do líder demonstrar suas qualidades de orador no meio da multidão de Wyrã, depois da finalização do ritual Xiwewexiwe e dos Axỹga Awawarema e Anyrã.

Segundo Xakareo’i, os Axỹga Awawarema e Anyrã pertencem à metade de Araxã, por isso sempre saem na porta de Araxã. Os Xiwewexiwe organizam-se em fila formando duplas de cantores e encabeçadas por dois Kapitãwa ‘líderes’ Awawarema e Anyrã.

Ma'e awyky axykywynawe;

Tarawe ratyyyyyyyyyy;

Wyraxigio ratyyyyyyyyyy;

Araxã ratyyyyyyyyyy;

Wyraxiga ratyyyyyyyyyy;

Warakorã ratyyyyyyyyyy;

Wyraxigoo ratyyyyyyyyyy; Awykynaheeeee;

Awykynaheeeee;

Axyga keawere'yma re ma'e awyky irota axygiaratyyyyy;

Axyga keawere'yma re ma'e pe'awyky irotaaaaa;

Koooooooooo.

O cacique grita no meio de Wyrã: Ma’e awyky axykywynawe; ‘tragam muita comida para’ tarawe, wyraxigio...todos os grupos que se constituem dentro da Takãra. Cita todos os grupos na sequência, conforme a faixa etária, dos mais adultos para os mais novos. No final do seu discurso convida: Axyga keawere'yma re ma'e awyky irota axygiaratyyyyy; ‘tragam abundância de alimento, pagamento da noite que axyga não dormiu’. Ele se refere aos Xiwewexiwe que cantaram a noite toda em companhia de cantos de ka’o. Os homens e as mulheres pernoitam no pátio da Takãra até o começo do dia. Com esse discurso especial, o líder também oficializa o término dos rituais do ano. Os atos simbólicos ritualizados podem apenas ser presenciados nas festividades Apyãwa que acontecem a partir da Takãra, caso contrário, isto é, se não houver a casa cerimonial, não podem ser realizados.

3. Considerações Finais

Neste trabalho demonstramos que para manter viva a linguagem dos rituais, para os Apyãwa, é necessário ter sempre na aldeia a Takãra. Este espaço é essencial para produzir conhecimentos e saberes milenares a partir do espaço tradicional que é indispensável e insubstituível para povo Apyãwa, uma vez que, dependemos dela para a sobrevivência epistemológica do nosso povo (Korako, 2022). O que nos preocupa de imediato em nosso cotidiano é a forte interferência da cultura Maira ‘não indígena’, que é fator desestruturador da sabedoria sócio-cultural da Takãra, em outras palavras, que substitui os conhecimentos milenares que vem sendo transmitido de geração em geração até os dias atuais.

Neste trabalho, elencamos alguns rituais importantes que vitalizam a prática de conexão com espírito mal que apenas acontece na Takãra. Podemos dizer que, para os Apyãwa, segundo os sábios, não existe outro espaço adequado para celebrar Tataopãwa e Xepaanogãwa que servem para apaziguar os espíritos. Sem a construção da Takãra, não acontecerão esses momentos especiais que não podem ser realizados na casa comum. Como também sem Takãra não pode acontecer ritual de nominação, ou seja, trocas de nome da criança para nome de Awa’yao’i ‘rapazinho’, porque acontece no ritual da nova construção da Takãra e no ritual de Xiwewexiwe que acontece no final da festa Apyãwa.

Sendo assim, considero de grande importância a contribuição dos sábios na concretização da pesquisa, uma vez que, essa informação viva e rica foi de suma importante para a pesquisa. Tokyna (2020), Xakareo’i (2021), Korako (2021), os quais são anciões e anciãs do povo Apyãwa que contribuíram diretamente com este trabalho.

Por fim, consideramos que este tema pode ser pesquisado e aprofundado por outros pesquisadores Apyãwa, uma vez que o assunto é de grande relevância. Este assunto merece ser mais aprofundado porque sentimos que precisamos dá mais atenção a ele. Reafirmamos que não existe “outro” melhor que eu e melhor que nós pesquisadores Apyãwa, para pesquisar com profundidade os nossos saberes e vivências. Dessa forma, concluímos a minha participação em conjunto com meu povo Apyãwa na realização desse trabalho, a Takãra como centro de difusão da linguagem ritualizada.

Informações Complementares

Conflito de Interesse

O autor não tem conflitos de interesse a declarar.

Declaração de Disponibilidade de Dados

O compartilhamento de dados não é aplicável a este artigo, pois nenhum dado novo foi criado ou analisado neste estudo.

Referências

BALDUS, Herbert. Tapirapé – Tribo Tupi no Brasil Central. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1970.

ESCOLA INDÍGENA ESTADUAL TAPI’ITÃWA. Projeto Político Pedagógico, 2009.

PAULA, Eunice Dias de. A Língua dos Apyãwa (Tapirapé) na perspectiva da Etnossintaxe. Campinas-SP: Editora Curt Nimuendajú, 2014.

RODRIGUES, Aryon Dall’Igna. Línguas Brasileiras. Para o conhecimento das línguas indígenas. São Paulo: Loyola, 1986.

TAPIRAPÉ, Nivaldo Korira’i (Org.). Festas e rituais Tapirapé. Faculdade Indígena Intercultural, UNEMAT, Barra do Bugres, MT, 2009.

TAPIRAPÉ, N.K. Os Rituais Apyãwa Mantêm e Preservam a Língua e Suas Histórias. I Seminário Internacional de Viva Língua Viva, Rio de Janeiro, 2019.

TAPIRAPÉ, N.K. Takãra, a casa da sapiência Apyãwa. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ensino em Contexto Indígena e Intercultural, PPGECII, da Universidade do Estado de Mato Grosso, Unemat, 2022.

TAPIRAPÉ, G. I. Takãra: centro epistemológico e sistema de comunicação cósmica para a vitalidade cultural do mundo Apyãwa. Dissertação de Mestrado. Goiânia: UFG/FL, 2020.

TAPIRAPÉ, Kaorewygi/Korako: Sábio e especialista da cultura Apyãwa, morador de Tapi’itãwa, tem 84 anos de idade. (Novembro, 2021).

TAPIRAPÉ, Xakareo’i. Sábio Apyãwa, morador da aldeia Tapi’itãwa, 84 anos de idade (Outubro, 2021).

WAGLEY, Charles. Lágrimas de boas-vindas– os índios Tapirapé do Brasil Central. Belo Horizonte, Itatiaia/EDUSP, 1988.

Avaliação

DOI: https://doi.org/10.25189/2675-4916.2023.V4.N2.ID700.R

Decisão Editorial

EDITOR 1: Ana Vilacy Moreira Galucio

ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0168-1904

FILIAÇÃO: Museu Paraense Emílio Goeldi, Pará, Brasil.

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EDITOR 2: Ângela Fabíola Alves Chagas

ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4925-1711

FILIAÇÃO: Universidade Federal do Pará, Pará, Brasil.

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CARTA DE DECISÃO: O trabalho consiste em um relato de experiência do autor a partir da pesquisa que desenvolveu sobre a importância da Takãra (casa cerimonial) como espaço central de difusão da linguagem ritualizada presente nas regras de organização de eventos culturais do povo Apyãwa. O artigo mostra quanto o conhecimento dessa linguagem ritualizada é fundamental para a manutenção e o fortalecimento da epistemologia sociocultural do povo Apyãwa. Por ser um tema de grande relevância para outros pesquisadores, indígenas e não indígenas, da área da Linguística e afins, o artigo deve ser publicado na Revista Cadernos de Linguística.

Rodadas de Avaliação

AVALIADOR 1: Beatriz Protti Christino

ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6997-6499

FILIAÇÃO: Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.

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AVALIADOR 2: Cristina Martins Fargetti

ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8999-8601

FILIAÇÃO: Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, São Paulo, Brasil.

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RODADA 1

AVALIADOR 1

2023-08-26 | 23:54

É bastante importante revisar as referências bibliográficas, de forma que não haja obras repetidas na listagem (caso da obra de Eunice Dias de Paula), nem autores mencionados no corpo do texto e ausentes na listagem de referências bibliográficas (caso de Baldus (1970), Rodrigues (1986) e Wagley (1988)).

Para facilitar a compreensão dos leitores, seria recomendável fornecer paráfrases em língua portuguesa de todos os cantos apresentados. Sendo assim, sugiro a inclusão de explicações breves em língua portuguesa para cantos como o do ritual de nominação.

No que se refere à sua redação, o texto apresentado é claro, bem organizado e bem escrito. Com a intenção de colaborar para a revisão final, faço as seguintes recomendações:

1) Procurar substituir a expressão “epistemologia sociocultural do povo Apyãwa” por palavras mais acessíveis, de mesmo sentido, no Resumo para não-especialistas;

2) Substituir “religiosas” por “religiosos” em “saberes tradicionais e religiosas do povo Apyãwa”;

3) Colocar uma ou duas sentenças de introdução a ela, antes da Tabela 1;

4) Não seria “dos idosos” em “por último grupo do idoso Tarawe”

5) Sugestão alterar para “As carnes dos animais caçados” em A carne do caçado, serão assadas e trazidas para a festa de Tawã e retirar a vírgula;

6) Verificar se citações devem em língua portuguesa figurar em itálico, como algumas que se encontram no texto;

7) As palavras “cateto” e “catitu” se referem ao animal “caitetu”? Não seria bom unificar a grafia.

8) Retirar “de” em “os grupos de que chamamos de Wyrã”;

9) Rever a expressão “e com os espíritos ritualística”. Seria “ritualísticos”?

10) Escrever um breve parágrafo de fechamento, retomando as ideias centrais do texto.

AVALIADOR 2

2023-09-06 | 19:27

O texto é escrito por autor indígena, da etnia Tapirapé, e traz importantes conhecimentos sobre a linguagem ritualística de seu povo. Encontra-se bem estruturado, com referência a obras pertinentes. Apesar de não apresentar a tradução do enunciados em Tapir´apé, o sentido é compreendido parcialmente pela explicação posterior. Poderia ter uma conclusão ao final e uma revisão das referências bibliográficas.

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RODADA 2

AVALIADOR 1

2023-10-14 | 17:08

Uma vez que foi atendida a solicitação de adequação das referências bibliográficas indicada no parecer anterior, recomendo, apenas, que seja realizada uma revisão final cuidadosa da redação para a publicação do texto.

São pontos a observar durante esse processo de revisão final:

1) a numeração das figuras;

2) corrigir "a tardezinha" para "à tardezinha";

3) retirar o itálico do primeiro parêntese na indicação da referência de Korako acerca da presença das cobras;

4) corrigir "espiritos" para "espíritos";

5) reformular o trecho "dos novos nomes no do ritual de nominação";

6) corrigir "foi de suma importante" para "foi de suma importância";

7) colocar itálico em todo o trecho final do texto que retoma o título.

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AVALIADOR 2

2023-10-16 | 16:53

O artigo está bem constituído e merece ser publicado.

How to Cite

TAPIRAPÉ, N. K. Takãra: The Dissemination Center of the Ritualized Language. Cadernos de Linguística, [S. l.], v. 4, n. 2, p. e700, 2023. DOI: 10.25189/2675-4916.2023.v4.n2.id700. Disponível em: https://cadernos.abralin.org/index.php/cadernos/article/view/700. Acesso em: 27 apr. 2024.

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