Introdução
Este estudo – parte integrante da pesquisa ora desenvolvida no mestrado em Letras da Universidade Federal do Maranhão - UFMA – reforça a concepção terminológica de que o discurso especializado é parte constitutiva do sistema linguístico natural, consequentemente, também está predisposto à influência de fatores internos e externos a esse sistema que condicionam as produções dos falantes e geram variação.
Nesse sentido, o objetivo principal deste estudo é analisar a influência do português brasileiro, em sua modalidade escrita, na produção de sinais-termos no contexto especializado da eletricidade.
Para tanto, foram selecionados sete termos – Ampère, Bobina, Volt, Circuito, Rede Monofásica, Fase e Carga – coletados junto a seis sujeitos surdos sinalizantes da Libras, todos da área Eletricidade e alunos dos cursos de Eletrônica, Eletrotécnica, Eletromecânica e Engenharia Elétrica do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão, campus São Luís, Monte Castelo.
Os resultados da análise feita possibilitaram comprovar que o uso majoritário do português por parte dos sujeitos surdos bilíngues entrevistados, ou seja, surdos que conhecem e usam tanto o português quanto a Libras, favorece a criação e uso de terminologias que possuem em sua forma traços marcantes do português escrito. Os resultados atestam que pessoas surdas que, predominantemente, usam o português tendem, por meio de empréstimos linguísticos, a transplantar para a Libras formas que remetem à escrita do português.
No tocante à organização deste estudo, inicia-se com a exposição das bases teóricas de cunho terminológico que alicerçam este trabalho: algumas considerações sobre a Terminologia e sobre as unidades terminológicas em língua oral e em Libras. Também são expostos os procedimentos metodológicos adotados neste estudo e, por fim, a análise dos dados apresenta os resultados alcançados, a influência do português escrito sobre a Libras, mais especificamente, sobre os sinais-termos no contexto especializado da eletricidade.
Pelo exposto, espera-se que este estudo contribua para o desenvolvimento dos estudos linguísticos de um modo geral, dos estudos de cunho terminológico em Libras, para a acessibilidade e inclusão da comunidade surda usuária de Libras atuante, aspirante e simpatizante, na área da eletricidade e para fomentar outras pesquisas nessa perspectiva teórica que venham somar e ampliar este recorte. Além disso, almeja-se dar visibilidade à variedade linguística/terminológica em Libras usada no Maranhão, como forma de valorizar as produções locais.
1. Terminologia: algumas considerações
A Terminologia, vista sob uma perspectiva linguística, concebe a comunicação especializada como uma forma natural de interação. Desse modo, considera o discurso especializado como um segmento do sistema linguístico natural e, portanto, pondera seus aspectos comunicativos e pragmáticos (KRIEGER & FINATTO, 2020, p. 34). Segundo Barros (2004, p. 43), por mais que os discursos especializados possuam “particularidade sintáticas, pragmáticas, semióticas, além de terminológica, essas especificidades não deixam de ser recursos linguísticos utilizados pela língua geral.” (BARROS, 2004, p. 43).
Diante do exposto, é coerente depreender que o contexto social dos sujeitos, a heterogeneidade sociocultural, econômica, geográfica e histórica são fatores que influenciam e condicionam as produções linguísticas e terminológicas dos sujeitos e geram variação, haja vista que esse fenômeno é inerente a todo e qualquer sistema linguístico natural, como mostram os estudos sociolinguísticos e socioterminológicos.
Ainda sob uma concepção linguística, “A terminologia é uma disciplina que possui seu objeto primordial definido: o termo [...].” (KRIEGER & FINATTO, 2020, p. 20). Nesse sentido, segundo Pontes (1997, p. 47), o termo é, “essencialmente um signo linguístico formado por uma denominação (significante) e um conceito (significado)”, ou seja, o termo é uma unidade terminológica constituída de duas partes: denominação e conceito (definição), forma e conteúdo.
De acordo com Cabré (1995, p. 18), os termos:
não se distinguem das palavras do componente lexical, são unidades do léxico da gramática que fazem parte da competência do interlocutor ideal. Essa competência pode ser geral (comum a todos os falantes) e especializada (restrita a grupos de falantes). A terminologia específica (e não a trivializada nem a fundamental do tronco comum dos sujeitos técnico-científicos) faria parte da competência especializada. Os termos são para a linguística uma maneira de saber. 1 (Tradução nossa).
Face a essas afirmações, depreende-se que a unidade terminológica é, antes de tudo, uma unidade lexical e que o aspecto fundamental que difere o termo da palavra é o contexto comunicativo. Desse modo, em contexto geral/não especializado, a unidade lexical é vista como uma palavra; em contexto especializado, é concebida como um termo. Em suma, o termo é uma unidade lexical especializada, um signo linguístico usado em contexto especializado.
No tocante à língua brasileira de sinais – Libras, a expressão usada para designar a unidade lexical usada em contexto especializado é sinal-termo. Assim sendo, em Libras, a unidade lexical denomina-se sinal-termo, em contexto especializado, e sinal, em contexto geral.
De acordo com Faulstich (2012 apud TUXI, 2017, p. 51), portanto,
Sinal. Sistema de relações que constitui de modo organizado as línguas de sinais. 2. Propriedades linguísticas das línguas dos surdos. Nota: a forma plural – sinais – é a que aparece na composição língua de sinais.
Sinal-termo1. Termo da Língua de Sinais Brasileira que representa conceitos com características de linguagem especializada, próprias de classe de objetos, de relações ou de entidades. 2. Termo criado para, na Língua de Sinais Brasileira, denotar conceitos contidos nas palavras simples, compostas, símbolos ou fórmulas, usados nas áreas especializadas do conhecimento e do saber. 3. Termo adaptado do português para representar conceitos por meio de palavras simples, compostas, símbolos ou fórmulas, usados nas áreas especializadas do conhecimento da Língua de Sinais Brasileira.
A figura, abaixo, apresenta um exemplo do sinal-termo bobina, utilizado no contexto especializado da eletricidade, e do sinal cachorro, usado em contexto geral. Nesse exemplo, nota-se que, por um lado, o sinal-termo é uma unidade específica que é produzida e compreendida por sujeitos usuários de Libras que estão inseridos, de alguma forma, na comunidade da eletricidade, enquanto, por outro lado, o sinal cachorro é facilmente usado e compreendido por qualquer pessoa sinalizante da Libras.
As unidades terminológicas, os termos e os sinais-termos, surgem das necessidades comunicativas em contextos especializados (ou em áreas especializadas do conhecimento), isto é, da necessidade de nomear coisas, objetos, conceitos, aparatos, técnicas, assim, a necessidade de interação é a mola que impulsiona o falante a criar terminologias e a ampliar e atualizar o léxico especializado utilizado em uma dada área de saber especializado.
Em suma, a terminologia é uma disciplina que se ocupa em estudar o termo e o sinal-termo (no caso da Libras). As unidades terminológicas são, na verdade, do ponto de vista linguístico, unidades de saber especializado usadas por sujeitos pertencentes a áreas de saber especializado. E o discurso especializado é parte do sistema linguístico natural e, por conseguinte, está suscetível às interferências intra e extralinguísticas da comunicação em ambiente especializado, assim como a língua geral ou comum na comunicação não-especializada.
2. Metodologia
O presente trabalho consiste em um recorte da pesquisa, em andamento, realizada no mestrado em Letras da Universidade Federal do Maranhão – UFMA, a qual compreende um estudo terminológico do léxico especializado da eletricidade em Libras no IFMA/São Luís com vistas à produção de um glossário especializado semibilíngue Português/Libras. Sendo um recorte da dissertação, este estudo foca a influência do português brasileiro, em sua modalidade escrita, na produção de sinais-termos no contexto especializado da eletricidade.
Isso posto, foram selecionados alguns sinais-termos para uma análise sobre as influências do português escrito sobre as denominações em Libras no âmbito da eletricidade, em São Luís-Maranhão.
Os dados foram coletados junto a seis sujeitos surdos usuários de Libras, quatro homens e duas mulheres, discentes no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão – IFMA, campus São Luís/Monte Castelo, pertencentes aos seguintes cursos: Eletromecânica, Eletrotécnica, Eletrônica e Engenharia Elétrica.
Quanto aos homens, participaram um técnico em Eletrotécnica e graduando do curso de Física; um técnico em Eletromecânica e graduando do curso de Engenharia Civil; um estudante do curso de Eletrônica; e um técnico em Eletrotécnica. Com relação às mulheres, participaram uma estudante do curso de Eletrônica e uma técnica em Eletrônica e graduanda do curso de Engenharia Elétrica.
A recolha dos dados ocorreu por meio de entrevistas individuais, realizadas via Google Meet, com o auxílio de material em Power Point contendo imagens e termos em português, além de outros instrumentos, como o Termo de Participação Livre e Esclarecido e a Ficha dos informantes, para a coleta organizada dos dados dos participantes pertinentes ao estudo.
Para este recorte, foram selecionados sete itens para a análise – Ampère, Carga, Circuito, Monofásico, Volt, Bobina e Fase – os quais, por configurarem casos de variação, resultaram em treze sinais-termos. Por oportuno, cumpre dizer que todos os sinais-termos contidos na análise são resultados das entrevistas e são terminologias usadas pelos sujeitos participantes da pesquisa.
A análise dos dados considera, sobretudo, os parâmetros constituintes das unidades em Libras: Configuração de mão (CM), Ponto de articulação (PA), Movimento (M), Orientação (OR), e Expressões não-manuais (ENM). Resumidamente, a CM refere-se à forma da mão na execução do sinal/sinal-termo; o PA é local, no corpo ou no espaço, onde é executado o sinal/sinal-termo; o M é autoexplicativo, “os sinais podem ter um movimento ou não” (FELIPE, 1997, p. 50). Entretanto, não se trata de algo simples. Na verdade, Quadros e Karnopp (2004, p. 54), firmadas em Klima e Bellugi (1979), dizem que o M é “um parâmetro complexo que pode envolver uma vasta rede de formas e direções, desde movimentos internos das mãos, os movimentos do pulso e os movimentos direcionais no espaço”; A OR refere-se à posição da palma da mão, indicando se está para cima, para baixo ou para os lados; e, por último, as ENM são as manifestações de expressões faciais e/ou corporais.
3. Análise dos resultados
Esta análise parte da noção de que os surdos sinalizantes da Libras são pessoas bilíngues, haja vista que, de acordo com a Lei nº 10.436/02, em seu parágrafo único, a “Libras não poderá substituir a modalidade escrita da língua portuguesa”. Desse modo, pessoas surdas, sobretudo, as que estão em processo de formação acadêmico-profissional, estão expostas ao português constantemente, o que favorece o uso e a criação de terminologias relacionadas à escrita do português.
Cumpre inferir que a necessidade natural dos seres humanos de nomear o mundo ao redor é um fator fundamental para iniciar o processo de criação de novas/os palavras, termos, sinais, sinais-termos. Gonçalves (2019, p. 124) diz que a nomeação pode manifestar-se por meio de empréstimos linguísticos, como “shopping”, “flex”, “personal”, ou por meio dos chamados neologismos derivacionais, como “cristolândia”, “paraibolândia”.
Partindo dessa perspectiva, os resultados deste estudo apontam uma forte presença de empréstimos linguísticos do português na Libras. Cerca de 84,6% dos resultados indicam casos de “empréstimo por transliteração da letra inicial” (FARIA-NASCIMENTO, 2009, p. 66), também conhecido como empréstimo linguístico por inicialização, processo que consiste em incorporar no sinal e no sinal-termo uma forma do alfabeto manual3, fazendo menção à escrita em português. A exemplo, abaixo, o sinal Roxo, que é constituído pela CM em R, seguindo a primeira letra da forma escrita em português, ilustra o referido empréstimo.
Os sinais-termos constituintes desta análise revelam forte influência do português escrito sobre a criação e o uso de terminologias em Libras. Abaixo, a imagem exibe a unidade terminológica Fase, que possui duas denominações em Libras, ambas com a CM em F.
Rede Monofásica é um outro caso que apresenta dois sinais-termos. A primeira denominação (imagem 3) usa CM em letra M referindo-se a “monofásica”. Por outro lado, a segunda possibilidade de sinal-termo identificada (imagem 4) usa as CMs em F e N, letras que não se alinham à escrita do termo em língua portuguesa. Na verdade, esse caso não reflete a escrita de “monofásica”, mas sim, a escrita de “Fase” e “Neutro”.
A composição do sinal-termo em questão (imagem 4) possui relação com o conceito de uma rede monofásica – aquela que possui entrada de energia em dois condutores, uma fase e um neutro – e por isso as CMs em F e N.
Bobina é um caso parecido com o anterior, é um termo representado por dois sinais-termos, sendo um com CM em B e outro em I. Por um lado, a imagem 5 mostra uma denominação influenciada pela escrita do português: um empréstimo por inicialização. Por outro lado, a imagem 6 revela um sinal-termo alusivo ao objeto em si e não à escrita. Nesse caso, usa-se uma CM em I, a mesma usada para fio, linha, diferenciando-se apenas no movimento, uma vez que em bobina o M é helicoidal em vez de retilíneo, fazendo menção à forma espiralizada da bobina, o que sugere um caso de neologismo derivacional. Em outras palavras, a imagem 6 exibe um sinal-termo cuja forma insinua que foi uma inovação lexical oriunda de um sinal pré-existente (fio), uma inovação derivada de um sinal que já existe.
A presença do empréstimo por inicialização se repete em circuito, no sinal-termo da imagem 7. Por outro lado, a imagem 8 põe em tela uma forma que não se relaciona com a escrita do termo, mas com o seu conceito. A referida denominação usa CM em Y, com M angular, da mesma forma que o sinal(termo) eletricidade. Entretanto, com M bidirecional para dar visualidade à forma do circuito.
O termo carga, por sua vez, apresentou duas denominações e ambas configuram empréstimos por inicialização, utilizando CM em C em uma das mãos. A imagem 10 usa também a CM em Y que remete ao sinal-termo eletricidade. Por sua vez, a imagem 9 apresenta um sinal-termo que traz em sua forma traços do seu conceito, pois, como apresenta a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos, carga, entre outras coisas, pode “referir-se a um consumidor” (2020). Assim, na imagem 10 há o empréstimo por inicialização (CM em C) adicionado ao sinal consumir, referente ao conceito.
Os dois últimos itens desta análise são Volt e Ampère. Duas unidades de medidas que apresentam em sua forma CM em V (volt) e em A (ampère), novamente mostrando a relação de sinais-termos com o português escrito. Evidencia-se, entretanto, que configuram um caso diferente, pois essas unidades de medidas são escritas como “15 V”, ou “5A”, por exemplo, o que sugere um caso de “empréstimo por transliteração” (FARIA-NASCIMENTO, 2009, p. 61), isto é, a incorporação do termo tal qual escrito em português. Em outras palavras, possivelmente, os exemplos das imagens, abaixo, são sinais-termos que foram criados não a partir da escrita dos termos volt e ampère, mas, a partir da datilologia dos símbolos V e A que representam as unidades de medidas em questão, sendo, portanto, uma datilologia4 incorporada.
Entende-se que, nesse caso, é possível considerar tanto como um processo de inicialização - uma incorporação parcial da escrita – quanto uma incorporação total da simbologia, haja vista que a escrita da representação simbólica é de apenas uma letra.
Face à análise dos dados apresentados, constata-se que o português escrito influencia a criação e o uso de sinais-termos em Libras, influências que partem tanto da forma (denominação) quanto do conteúdo (conceito). Considerando o perfil dos sujeitos desta pesquisa, possivelmente a presença dos empréstimos por transliteração e por transliteração da letra inicial ocorre devido à necessidade de os sujeitos surdos fazerem uma correlação entre termo e sinal-termo, haja vista o bilinguismo (português/Libras) exigido nos contextos educacionais. Entende-se, aqui, que a necessidade de correlacionar termo e sinal-termo não é o único e definitivo motivo, mas, que é um possível agente gerador disso.
Com vistas à obrigatoriedade da pessoa surda usuária da Libras usar o português escrito, é possível que a escolha de sinais-termos relacionados aos termos seja uma estratégia para a apropriação da terminologia nas duas línguas, ou seja, o uso de inicialização abre espaço a uma terminologia sugestiva à escrita, contribuindo para o resgate da grafia dos termos. Isso, pois a criação dos sinais-termos ocorreu a partir do termo, isto é, foi um processo que partiu da escrita em português.
Os resultados reforçam a concepção de que a comunicação especializada é uma forma natural de interação e que, consequentemente, a variação terminológica é “um tipo de variação linguística igualmente condicionada por fatores intra e extra-sistêmico.” (FINATTO, 1996, p. 150). Assim, os dados corroboram a existência de variação em contexto real de comunicação especializada gerada por fatores que condicionam as produções terminológicas, especialmente, neste trabalho, dos profissionais da eletricidade sinalizantes da Libras.
Por fim, nota-se que a linguagem especializada do âmbito da eletricidade, em Libras, mostra algumas particularidades no que se refere aos fatores condicionantes da variação, como é o caso da relação com a língua portuguesa. É notório também que, por serem línguas em contato e pelo fato de os surdos serem sujeitos que estão constantemente expostos à Libras e ao português, muitos sinais-termos sofrem a influência da escrita, o que suscita uma noção de que o processo neológico de muitos sinais-termos parte, sobretudo, da escrita em português e não, necessariamente, da relação com o referente. É sensato depreender que o léxico é vasto, diversificado e constitui-se de sinais-termos influenciados pela escrita de termos em português, mas também de sinais-termos icônicos, sinais-termos que possuem relação com o referente. Ressalta-se que, aqui, o foco foram os sinais-termos que foram influenciados de alguma forma pela língua portuguesa em sua modalidade escrita, expondo essa língua como, também, um fator que condiciona a criação de sinais-termos e desencadeia o uso de empréstimos, como os citados no decorrer da análise.
4. Considerações finais
Estudos terminológicos de perspectiva linguística têm evidenciado e comprovado que existe variação terminológica, que o léxico especializado é parte do sistema linguístico, que a comunicação especializada é uma forma natural de interação e que não há como padronizar ou controlar a variação terminológica, porque as terminologias fazem parte do léxico da língua e a variação é um fenômeno inerente, parte constitutiva da dinâmica da língua.
Este estudo, entre outros, concebe a Libras como uma língua, de fato, natural e que, por estar em contato com a língua de uso majoritário no Brasil – o português –, sofre influências deste em seu léxico. Este estudo mostra que o bilinguismo (português/Libras) dos surdos se reflete em suas produções terminológicas, especialmente, no uso da Libras em contexto especializado da eletricidade.
Assim, sujeitos surdos que são usuários da língua portuguesa, seja em sua modalidade escrita ou oral – casos de pessoas com baixo grau de surdez –, tendem a usar e a criar sinais-termos que fazem referência à grafia, como tomar emprestado formas do português, seja da escrita completa ou parcial (inicialização).
É evidente que esta investigação não esgota as possibilidades de análise de influencias do português sobre a Libras em contexto especializado e, por esse motivo, espera-se que este estudo incentive outras pesquisas que ampliem ou refutem o que está aqui posto.
Enfim, espera-se contribuir para a ampliação dos estudos terminológicos em Libras, dar visibilidade à variedade terminológica maranhense no contexto da eletricidade, fomentar a reflexão sobre as línguas em contato analisadas neste trabalho, e incentivar o desenvolvimento de pesquisas sobre a influência do português na Libras dentro e fora dos contextos especializados.
Referências
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CABRÉ, M. T. La terminología hoy: concepciones, tendencias y aplicaciones. In: La terminología: representación y comunicación: elementos para una teoría de base comunicativa y outros artículos. 1995. Versão Kindle.
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