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Relato de Pesquisa

Como reconhecer uma metáfora quando você vê uma

Dalby Dienstbach

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https://orcid.org/0000-0002-2198-0779


Palavras-chave

Metáfora
Densidade metafórica
Metaforicidade

Resumo

A afirmação de que as metáforas seriam algo entranhado na nossa vida cotidiana (LAKOFF; JOHNSON, 2002 [1980]) incorre na constatação de que esse fenômeno pode acontecer em virtualmente quaisquer territórios discursivos. Porém, não é em qualquer tipo de discurso que falantes encontram ‒ ou esperamos encontrar ‒ expressões metafóricas. Nesse contexto, este estudo assume o objeto de investigar os mecanismos conceptuais que levam falantes comuns a associarem a ocorrência de metáforas a alguns gêneros textuais e não a outros. Ancorado no conceito de metaforicidade (DIENSTBACH, 2017), as análises deste estudo se lançam, de um lado, ao levantamento da densidade metafórica (BERBER SARDINHA, 2011) e de recursos de metaforicidade (MÜLLER, 2008) em quatro corpora identificados com gêneros diferentes ‒ poema, capa de revista, artigo científico e bula de medicamento ‒ e, de outro, à sondagem da expectativa de falantes quanto à ocorrência de metáforas nesses gêneros. Os resultados das análises mostram uma correlação positiva entre densidade metafórica e a expectativa dos informantes quanto à ocorrência de metáforas em somente dois dos gêneros analisados; especificamente, poemas e capas. Por outro lado, a correlação entre recursos de metaforicidade e a expectativa dos informantes é positiva em todos os gêneros. Esses resultados afiançam a conclusão de que mais do que somente a ocorrência de metáforas em um texto, é a ocorrência de recursos de metaforicidade ‒ os quais permitiriam que elas fossem reconhecidas como tais ‒ que levam o falante a associar esse fenômeno com o gênero desse texto.

Introdução

A afirmação de que a metáfora seria algo “infiltrad[o] na nossa vida cotidiana, não somente na linguagem, mas também no pensamento e na ação” (LAKOFF; JOHNSON, 2002 [1980], p. 45) revolucionou o campo dos estudos da metáfora e, em última análise, o campo dos estudos da linguagem. Essa afirmação decorre da tese (LAKOFF; JOHNSON, 2002 [1980]) de que, mais do que um mero ornamento poético ou retórico, esse fenômeno constitui um mecanismo elementar da nossa estrutura conceptual ‒ isto é, do nosso pensamento. Ou seja, a razão de falarmos metaforicamente é porque, na verdade, pensamos metaforicamente. É com base nessa tese, a propósito, que Lakoff e Johnson (2002 [1980]) postulam que a metáfora constituiria um fenômeno inevitável e onipresente na nossa vida cotidiana.

Algo que o postulado de que metáforas seriam onipresentes LAKOFF; JOHNSON, 2002 [1980]) sugere é que, em muitas circunstâncias ‒ se não, em todas ‒ em que usamos linguagem, é muito provável que acabemos fazendo uso de alguma metáfora ‒ se não, de muitas. De fato, não são poucos ou fortuitos os estudos que corroboram não somente a abundância como, principalmente, a importância desse fenômeno em tantas esferas discursivas quantas podemos imaginar. Essas esferas incluem desde os discursos mais prosaicos e espontâneos (por exemplo, COSTA JR., 2019; VEREZA, 2020) até os discursos mais técnicos e criativos (MALTA, 2016; SOUZA; CARNEIRO, 2020).

No entanto, não é absurdo supor que muitas pessoas poderiam discordar da afirmação de que metáforas seriam onipresentes. De fato, um argumento central da abordagem conceptual (LAKOFF; JOHNSON, 2002 [1980]; STEEN, 2014) diz que a grande maioria das metáforas que usamos no nosso dia a dia está tão convencionalizada no nosso sistema conceptual, que tende a ocorrer de maneira inconsciente e automática (LAKOFF, 2987) na maior parte das vezes. Em outras palavras, pode se argumentar que, porque são muito habituais, sequer nos damos conta de muitas das metáforas que usamos.

Nesse sentido, este estudo parte da hipótese de que a associação que falantes comuns fazem entre a ocorrência de metáforas e certos gêneros textuais (e não outros) estaria vinculada antes à possibilidade de reconhecimento dessas expressões ‒ por parte desses falantes ‒ do que da efetiva ocorrência desse fenômeno nos respectivos textos. Além disso, confia-se que esse reconhecimento dependa menos da presença de expressões metafóricas no discurso do que de outros aspectos relativos a elas. Conforme se argumenta aqui, um desses aspectos diz respeito à metaforicidade dessas expressões.

Sendo assim, este estudo assume o objetivo de investigar os mecanismos que levariam os falantes a associarem a ocorrência de metáforas a determinados gêneros e não a outros. Para tanto ele se propõe a identificar e analisar relações de dependência entre, de um lado, (i) a expectativa de ocorrência de metáforas no discurso e a ocorrência efetiva de expressões metafóricas em diferentes textos e, de outro, (ii) aquela expectativa e a ocorrência de recursos de metaforicidade nesses textos. Para tanto, ele procede a (i) o levantamento da densidade metafórica em quatro corpora identificados com gêneros diferentes; (ii) a avaliação da metaforicidade nesses corpora; e (ii) uma sondagem da expectativa de falantes quanto à ocorrência de metáforas em certos tipos de discurso.

1. Aporte teórico

O desenvolvimento deste estudo se sustenta em dois conceitos fundamentais: o de metáfora e o de metaforicidade. O primeiro deles corresponde a um dos fenômenos mais medulares, até hoje, no campo dos estudos da linguística cognitiva (por exemplo, EVANS, 2019). Já a metaforicidade, apesar de não constituir um componente novo para esse campo (desde, pelo menos, LEONE, 1980), somente mais recentemente, tornou-se objeto central de investigação (por exemplo, GOATLY, 1997; MÜLLER, 2008). Esta seção se ocupa da descrição e da explicação desses dois conceitos.

1.1. Metáfora

Contrariando a visão tradicional sobre a metáfora ‒ de que ela seria meramente um artifício da linguagem poética ou um mecanismo retórico (por exemplo, VEREZA, 2010) ‒, a abordagem conceptual, proposta por Lakoff e Johnson (2002 [1980]), argumenta que esse fenômeno seria um mecanismo cognitivo elementar do nosso sistema conceptual, o qual dificilmente conseguimos evitar. Nas palavras dos próprio autores (2002 [1980], p. 48, grifo nosso), especificamente, fica definido que “a essência da metáfora é compreender e experienciar uma coisa em termos de outra” ‒ e não somente falar sobre ela.

Em termos mais técnicos, Lakoff e Johnson (2002 [1980]) explicam esse fenômeno como sendo um mapeamento ‒ ou, ainda, uma projeção (semântica) ‒ que parte de um domínio de conhecimento (em geral, mais concreto) para outro (mais abstrato). Ainda segunda essa doutrina, esse mapeamento, que constitui uma atividade essencialmente mental, estaria nas bases de vários comportamentos nossos, sobretudo, linguísticos. A título de ilustração, observem-se as sentenças em (1) a (5), a seguir.

(1) As acusações contra o suspeito foram longe1demais.

(2) A funcionária não vai voltar atrás sobre a sua decisão no processo.

(3) Brigas entre amigos não levam a lugar nenhum.

(4) Os relacionamentos de hoje estão indo rápido demais.

(5) Seus esforços o levaram a uma posição de destaque na empresa.

Os exemplos em (1) a (5) atualizam (ou instanciam) o nosso entendimento ‒ em princípio, bastante convencionalizado ‒ de vários aspectos da nossa vida (como, por exemplo, relacionamentos amorosos, amizades, carreiras, discussões e disputas) em termos de viagens. O que essas sentenças parecem evidenciar, nesse sentido, é um mapeamento (mental) entre nosso domínio conceptual de viagem e o nosso domínio conceptual de vida (ou de amor, de carreira etc.). Conforme esse raciocínio, argumenta-se, então, que recrutamos algo daquilo que sabemos sobre viagens ‒ e que decorre de experiências mais concretas ‒ para estruturamos aquilo que sabemos e pensamos a respeito do amor, de amizades, de carreiras e, enfim, da própria vida ‒ que configuram, por sua vez, experiências mais abstratas.

Por exemplo, no caso da metáfora do AMOR2 em termos de VIAGEM, em particular, os amantes são entendidos em termos de viajantes; o caminho que eles percorrem corresponde à passagem do tempo; o veículo em que viajam corresponde ao próprio relacionamento; os obstáculos no caminho correspondem às dificuldades que o relacionamento enfrenta; e o destino da viagem corresponde aos objetivos dos amantes. E as expressões que atualizam essas correspondências são manifestações linguísticas daquela metáfora.

Um ponto fundamental sobre as metáforas conceptuais, que interessa, de modo particular, para este estudo, se refere ao fato de que, porque são muito recorrentes na nossa vida cotidiana, muitos desses mapeamentos ‒ a grande maioria deles, segundo Lakoff e Johnson (2002 [1980]) ‒ já são parte elementar do nosso sistema conceptual. Uma das consequências da convencionalização de metáforas conceptuais é que elas tenderiam a ser usadas, na maioria das vezes, de maneira espontânea, automática e, principalmente, inconsciente. Ou seja, reconhece-se que é bastante provável que, no nosso dia a dia, usemos muitas metáforas; porém, sem nos darmos conta disso. Esse parece ser o caso, a propósito, das expressões sublinhadas nas sentenças em (1) a (5), acima.

Não se pode negar, no entanto, que metáforas, a depender das circunstâncias em que são evocadas ‒ ainda que muito eventuais (STEEN, 2014) ‒, podem acabar sendo reconhecidas como tais. Na tentativa de compreender a possibilidade desse reconhecimento, alguns estudiosos (por exemplo, MÜLLER, 2008; DUNN, 2015; DIENSTBACH, 2017) têm lançado mão do conceito de metaforicidade. Esse conceito será discutido a seguir.

1.2. Metaforicidade

Em uma discussão sobre o que chama de “saliência” [salience] das metáforas, Pauwels (1995, p. 128) observa que algumas expressões metafóricas tendem a ser mais evidentes (enquanto metáforas) ‒ do ponto de vista do falante ‒ do que outras. Em algum momento, o autor (1995, p. 126, grifo nosso) reconhece que, no que se refere às metáforas, “seria importante pensarmos em termos de metaforicidade, isto é, a metáfora como uma questão de grau”3. De fato, quando se comparam diferentes expressões metafóricas ‒ inclusive, licenciadas pelos mesmos mapeamentos ‒, é possível observar que algumas soam mais evidentes ‒ ou, ainda, mais transparentes ‒ como metáforas do que outras. A título de ilustração, considerem-se as sentenças em (6) e (7), a seguir.

(6) A economia do país está em uma situação péssima.

(7) A economia do país está na pindaíba.

Ambas as expressões “em uma situação péssima”, em (5), e “na pindaíba”, em (6), atualizam a mesma metáfora, relativa ao nosso entendimento do estado das coisas em termos das condições do lugar em que elas se encontram. Contudo, alguém poderia argumentar que essas duas expressões não são metafóricas na mesma medida. De fato, aos olhos de um falante comum, o uso de “pindaíba” poderia soar mais claramente metafórico do que o de “situação”; embora as duas se refiram, na sua acepção mais literal, a lugar4; e não à condição (das coisas). É para tratar da medida em que uma expressão metáfora é metafórica (aos olhos do falante) que se recruta, aqui, a noção de metaforicidade.

A definição de metaforicidade que este estudo adota explica esse componente como sendo “a possibilidade de uma expressão metafórica ser reconhecida como tal” (DIENSTBACH, 2017, p. 1769). Da forma como ela está formulada, confia-se que essa definição consegue dar conta dos diversos fatores aos quais a natureza da metáfora, no âmbito da abordagem conceptual, estaria condicionada ‒ quer sejam esse fatores relativos à linguagem ou ao pensamento, quer sejam relativos ao sistema (linguístico-conceptual) ou ao seu uso individual (principalmente, STEEN, 2006).

Com relação à possibilidade de reconhecimento de expressões metafóricas, algo importante que Kyratzis (2003, p. 7) observa é que ‒ sobretudo, quando se trata de piadas ‒ existem certas estratégias linguísticas capazes de “desautomatizar” [deautomatise] uma metáfora, ou seja, de ativar ou despertar a sua metaforicidade. É o caso, por exemplo, do adágio em (8), a seguir, eventualmente atribuído à jornalista Tatiana Bernardi5.

(8) Se quer dar seu coração a alguém, faça o cadastro como doador de órgãos, compensa mais.

A expressão “dar seu coração”, na primeira oração da sentença em (8), atualiza uma metáfora segundo a qual sentimentos ‒ e, mais especificamente, o amor ‒ são entendidos em termos do nosso órgão cardíaco. Por ser bastante convencionalizada, pode-se pressupor que o seu uso possa acontecer, em princípio, de maneira automática. No entanto, o sintagma nominal “doador de órgãos”, na segunda oração, faz uma referência explícita ao significado literal de “coração”, isto é, enquanto um órgão (físico) do corpo humano. Algo que o sintagma “doador de órgão” consegue fazer aqui, então, é deixar mais evidente o mapeamento conceptual por trás de “dar seu coração”. Em outras palavras, argumenta-se que “doador de órgão” desautomatiza essa expressão ‒ ou, ainda, ativa a sua metaforicidade.

Müller (2008) chama essas estratégias capazes de desautomatizar uma expressão metafórica de “recursos de metaforicidade” [devices of metaphoricity] (p. 190), justamente, porque elas poderiam aumentar a possibilidade de essa expressão ser reconhecida (pelo falante) como sendo metafórica. Uma observação importante que essa autora (2008, p. 202) faz, a respeito dos recursos de metaforicidade, é a de que:

quando se consideram as modalidades em que a linguagem se insere, tais indicadores de metaforicidade entram naturalmente em cena. A linguagem falada é sempre corporificada; integra uma combinação multimodal de gestos, posturas, olhares, expressões faciais. Em modalidades públicas de discurso escrito, a palavra escrita, em geral, vem acompanhada de figuras.6

A partir dessa observação, pode-se deduzir, entre outras coisas, que recursos de metaforicidade tendem a ocorrer mais prototipicamente em determinados tipos de discurso do que em outros. E essa afirmação de Müller (2008) importa, de maneira particular, para este estudo, na medida em que as suas hipóteses, bem como os seus objetivos, se sustentam na ideia de que a associação entre metáforas e certos gêneros (e não outros) ‒ do ponto de vista do falante ‒ dependeria antes do seu reconhecimento dessas expressões do que da efetiva ocorrência desse fenômeno nos respectivos textos.

2. Procedimentos metodológicos

O estudo empírico empreendido nesta investigação compreende quatro etapas, que correspondem a (i) a construção de quatro corpora identificados com gêneros textuais diferentes cada um; (ii) o levantamento da densidade metafórica nos quatro corpora; (iii) a determinação da quantidade e da qualidade de recursos de metaforicidade nos quatro corpora; e (iv) uma sondagem da expectativa de informantes quanto à ocorrência de metáforas no discurso. Cada uma dessas etapas está detalhada nesta seção.

2.1. Construção dos corpora

Para a execução das análises de densidade metafórica e recursos de metaforicidade no discurso, foram selecionados textos identificados com gêneros convencionalizados, vinculados a domínios discursivos comuns das vidas social e cultural ocidentais. Esses gêneros são (i) o soneto, pertinente ao discurso literário; (ii) a capa de revista, do discurso de mídia; (iii) o resumo de artigo científico, do discurso científico; e (iv) a bula de medicamento, pertinente ao discurso técnico-científico. Em virtude da sua convencionalidade, reconhece-se que eles possuam propriedades estruturais – textuais e contextuais – suficientemente estáveis (BHATIA, 2004), o que permite fazer previsões e generalizações sobre aspectos específicos seus, relativos, inclusive, à sua linguagem mais prototípica.

Outra premissa que fundamenta a escolha dos gêneros feita aqui é a de que eles poderiam ser comparados entre si em função, também, da presença e do funcionamento da eventual linguagem metafórica presente nos textos. Essa escolha leva em consideração, portanto, o fato de que a ocorrência (ou ausência) aparente de metáforas ‒ do ponto de vista do falante ‒, ou, ainda, a abundância (ou escassez) de recursos de metaforicidade nesses tipos de discurso, parece constituir um fator decisivo para a identificação e a avaliação do seu gênero. Sendo assim, gêneros em que o reconhecimento (ou não) da sua eventual linguagem metafórica não é algo característico ou saliente – como, por exemplo, editoriais de jornal ou conversas cotidianas – parecem ser menos proveitosos para esta investigação.

2.2. Densidade metafórica

O conceito de densidade metafórica é recrutado no campo dos estudos da metáfora desde, pelo menos, a discussão de Salomon e Mio (1988) e pode ser explicado, em linhas gerais, como sendo a proporção aritmética entre o número de palavras identificadas como metafóricas em um texto e o número total de palavras desse texto (CAMERON, 2008). Para se calcular a densidade metafórica dos corpora abordados nesta análise, portanto, foi necessário, em um primeiro momento, empreender a identificação de palavras metafóricas nos respectivos textos. Para tanto, este estudo recorreu ao procedimento de identificação de metáforas “MIPVU” (STEEN et al., 2010, p. 25, tradução minha), que orienta a:

(i) encontrar palavras usadas metaforicamente no discurso, analisando o texto palavra por palavra;

(ii) quando uma palavra for usada indiretamente, e o seu uso puder ser explicado por um mapeamento entre domínios a partir de um sentido mais básico seu, marcar essa palavra como metáfora;

(iii) quando uma palavra for usada diretamente, e o seu uso puder ser explicado por um mapeamento entre domínios relacionado ao referente ou ao tópico mais básicos do texto, marcar a palavra como metáfora direta;

(iv) quando uma palavra for usada para indicar um mapeamento entre domínios, marcar essa palavra como sinalizadora de metáfora; e

(v) quando uma palavra composta for inédita, examinar as suas partes de forma independente, de acordo com as etapas em (i) a (iv)

Após a identificação de palavras metafóricas nos textos, procedeu-se ao cálculo da sua densidade metafórica, por meio da equação , em que equivale à densidade metafórica; equivale ao número de palavras metafóricas identificadas no texto; e equivale ao número total de palavras que compõem o texto.Após a identificação de palavras metafóricas nos textos, procedeu-se ao cálculo da sua densidade metafórica, por meio da equação , em que equivale à densidade metafórica; equivale ao número de palavras metafóricas identificadas no texto; e equivale ao número total de palavras que compõem o texto.

2.3. Recursos de metaforicidade

Para a identificação e a análise dos componentes que podem operar como recursos de metaforicidade dentro dos textos que compõem os corpora abordados nesta análise, este estudo se baseou no instrumento desenvolvido por Dienstbach (2018). Dentre os recursos previstos por esse instrumento, interessam a este estudo as seguintes estratégias:

i) não convencionalidade: expressões metafóricas não gramaticalizadas/ lexicalizadas ou não institucionalizada têm maiores chances de serem reconhecidas como tal;

ii) repetição: a repetição de uma expressão metafórica dentro do mesmo enunciado aumenta as chances de ela ser reconhecida como tal;

iii) saturação: a ocorrência, dentro do mesmo enunciado, de expressões metafóricas licenciadas pelo mesmo mapeamento aumenta as chances de elas serem reconhecidas como tais;

iv) posição: expressões metafóricas que ocorrem no final do enunciado ou do parágrafo têm maiores chances de serem reconhecidas como tal;

v) diretividade: expressões metafóricas construídas diretamente (através, por exemplo, de “como”, “que nem”, “igual a”) têm maiores chances de serem reconhecidas como tal;

vi) mídias visuais: a ocorrência, no mesmo contexto, de imagens e de gestos relacionados ao domínio-fonte de uma expressão metafórica aumenta as chances de ela ser reconhecida como tal; e

vii) marcação prosódica: padrões específicos de intensidade e frequência fundamental na articulação de uma expressão metafórica (no segmento de fala) aumentam as chances de ela ser reconhecida como tal.

2.4. Expectativa de metáforas

Para avaliar a expectativa de falantes quanto à ocorrência de metáforas em determinados gêneros textuais, este estudo lançou mão de uma sondagem de expectativa de metáforas. Nessa sondagem, foram abordados cinquenta informantes7 (N=50), falantes de português brasileiro (como primeira língua), com idade entre 18 e 50 anos e com ensino superior (completo ou incompleto). O questionário pertinente a essa sondagem interrogou os informantes a respeito de ‒ além de idade, língua e escolaridade ‒ os seus hábitos de leitura (em termos de frequência e de tipo de material) e o seu conhecimento sobre o conceito de metáfora (se claro, vago ou nenhum).

Em seguida, os informantes foram interrogados a respeito das suas expectativas quanto à probabilidade de encontrarem e de NÃO encontrarem metáforas nos seguintes gêneros textuais: (i) bula de medicamento; (ii) artigo científico; (iii) capa de revista; e (iv) poema. As perguntas a respeito da expectativa de metáforas ‒ bem como as opções de resposta ‒ pertinentes ao questionário, foram formuladas tal como em (a) e (b), a seguir.

(a) Em quais destes textos você provavelmente encontraria metáforas? Marque (×) em todas as opções que se aplicam à sua opinião.

( ) Bula de medicamento

( ) Artigo científico

( ) Capa de revista

( ) Poema

( ) Nenhuma das opções acima

(b) Em quais destes textos você provavelmente NÃO encontraria metáforas? Marque (×) em todas as opções que se aplicam à sua opinião.

( ) Bula de medicamento

( ) Artigo científico

( ) Capa de revista

( ) Poema

( ) Nenhuma das opções acima

Na próxima seção, são apresentados os resultados obtidos em cada uma das etapas da abordagem empírica empreendida neste estudo.

3. Resultados

Nesta seção, são descritos os resultados de cada um dos movimentos metodológicos realizados neste estudo. Esses resultados dizem respeito a (i) a densidade metafórica identificada nos quatro corpora analisados; (iii) a quantidade e a qualidade dos recursos de metaforicidade identificados nos corpora; e (iv) as respostas dos informantes à sondagem das suas expectativas quanto à ocorrência de metáforas nos gêneros que identificam cada corpus.

3.1. Densidade metafórica

No que diz respeito à densidade metafórica, observa-se uma diferença de menos de sete pontos percentuais entre todos os corpora ‒ de acordo com a Tabela 1. Nesse contexto, identifica-se o soneto como sendo o gênero em que a presença de metáforas é mais expressiva: das 765 palavras nos respectivos textos, 168 estão sendo usadas metaforicamente; ou seja, quase 22% do corpus. Já o corpus que apresenta menor densidade metafórica é aquele identificado com o gênero bula de medicamento: das mais 13,3 mil palavras, somente pouco mais de 2 mil (ou, ainda, 15%) delas são usadas metaforicamente.

Apenas esse dado já parece capaz de reforçar a tese ‒ sugerida por Lakoff e Johnson (2002 [1980]) e defendida por tantos outros ‒ de que a metáfora constituiria um fenômeno onipresente em diversos territórios discursivos da nossa vida cotidiana. No entanto, apesar do seu caráter onipresente, os resultados da densidade metafórica obtidos aqui vão ao encontro do argumento em favor de alguma relação entre o funcionamento desse fenômeno no discurso e os gêneros em que ele ocorre, conforme propõe Berber Sardinha (2011).

Figure 1. Tabela 1. Densidade metafórica e recursos de metaforicidade nos corpora

3.2. Recursos de metaforicidade

Os resultados da identificação de recursos de metaforicidade nos corpora mostram que os gêneros que apresentam maior densidade metafórica são, também, os que abrigam uma maior variedade e uma maior complexidade desses elementos ‒ conforme a Tabela 1, acima. Enquanto bulas e resumos ‒ cuja densidade metafórica alcança entre 15% e 17%, aproximadamente ‒ abrigam somente a saturação e a repetição de metáforas, sonetos e capas de revista ‒ que apresentam densidade metafórica maior do que 21% ‒ incluem, além da saturação e da repetição, a não convencionalidade, a posição e a diretividade das suas expressões metafóricas entre os seus recursos de metaforicidade.

Os exemplos de saturação abaixo, identificados no corpus de bulas de medicamento, mostram a atualização de duas metáforas conceptuais, que são PROCESSO É TRAJETÓRIA (“Buscopan® promove alívio”, “seu início de ação” e “usar […] por recomendação médica”) e TEMPO É ESPAÇO (“alívio […] prolongado”, “ocorre entre 20 e 80 minutos depois”, “tratamento prolongado” e “nos dois primeiros trimestres”). Porém, além de essas metafóricas conceptuais já serem bastante convencionais, as respectivas expressões já estão inscritas na gramática do português (brasileiro), o que faz com que a saturação metafórica tenha menor contribuição para o reconhecimento da sua condição metafórica.

(1) Buscopan® promove alívio rápido e prolongado de dores, cólicas e desconforto abdominal. O seu início de ação no aparelho digestivo ocorre entre 20 e 80 minutos depois de ingerido. (BUSCOPAN®, 2021)

(2) Você deve informar caso se engravidar durante tratamento prolongado com Aspirina®. Nos dois primeiros trimestres da gravidez, você só deverá usar Aspirina® por recomendação médica em casos de absoluta necessidade. (ASPIRINA®, 2021)

Já, com relação à repetição, um exemplo identificado no corpus de resumos ‒ e reproduzido em (3) ‒ mostra a atualização reiterada do entendimento de COMUNIDADE DE ESPÉCIE em termos de um NINHO de ave através da mesma expressão aninhamento.

(3) Aninhamento, o padrão no qual espécies de comunidades mais pobres são subconjuntos de comunidades mais ricas, pode fornecer informações sobre a ordem de extinção de espécies. […] Testamos a hipótese que o aninhamento das comunidades de mamíferos em fragmentos florestais é influenciado pelo esforço amostral. […] A área foi o principal determinante do aninhamento de comunidades de mamíferos. Nós também concluímos que aninhamento não é afetado por esforço amostral. (MENEZES; FERNANDEZ, 2013)

No corpus de sonetos, a diretividade se manifesta, por exemplo, nas atualizações dos mapeamentos de RIO em termos de PESSOA, em (4), e de TEMPO em termos do SOL, em (5) ‒ ambas, construídas com elementos de comparação, quer seja um verbo de ligação ou uma conjunção com essa função específica.

(4) “[Água] cai, gemendo e cantando, ao fundo da cascata

Parece a grave queixa, atroando” (BANDEIRA, 1966)

(5) “Mais um ano na estrada percorrida

Vem, como o astro matinal, que a adora” (MORAES, 1954)

Por fim, a título de ilustração da não convencionalidade como um recurso de ativação de metaforicidade, chama-se a atenção para o uso da expressão “fechar o cerco”, na manchete de uma edição da revista Veja (22 out. 2008) reproduzida em (6), abaixo, que atualiza o mapeamento DOENÇA É GUERRA. Embora “fechar o cerco” seja uma expressão bastante convencionalizada em português ‒ no discurso bélico, com certeza ‒, nenhuma das suas acepções estaria originalmente inserida no contexto clínico, o que sugere que ela pode ser relativamente inédita nesse domínio. O mesmo não acontece, por exemplo, com o uso de “inimigo” na manchete: essa é uma expressão muito usual para se referir a doenças.

(6) Câncer de próstata: a medicina fecha o cerco ao maior inimigo do homem.

Assim como no caso da densidade metafórica, recursos de metaforicidade parecem constituir um componente habitual em diversos gêneros. No entanto, de forma semelhante, alguns gêneros parecem ser mais permissivos a esses componentes do que outros. Esse dado também insinua a existência de alguma relação entre o funcionamento das metáforas no discurso e os gêneros em que esse fenômeno pode ocorrer (MÜLLER, 2008).

3.3. Expectativa de metáforas

Da forma como foi estruturada, a sondagem da expectativa da ocorrência de metáforas, realizada nesta pesquisa, permitiu a organização dos seus resultados em uma estrutura “4 × 2 × 2”, em função das variáveis contempladas no respectivo questionário. Como variáveis independentes, havia quatro gêneros: (i) bula de medicamento; (ii) artigo científico; (iii) capa de revista; e (iv) poema; e, para cada gênero, dois tipos de expectativa: ocorrência e NÃO ocorrência. Como variáveis dependentes, havia, para cada tipo de expectativa, duas valências: (i) positiva (opção marcada); e (ii) negativa (opção não marcada). Os resultados ‒ em termos do total (n) e da proporção (%) de informantes que marcaram e que não marcaram cada opção de resposta ‒ estão apresentados na Tabela 2, a seguir.

Figure 2. Tabela 2. Expectativa dos informantes quanto à ocorrência de metáforas no discurso *Valor de p no teste chi-quadrado. São estatisticamente significativos os valores de p < 0,05.

A partir dos resultados apresentados na Tabela 2, é possível se afirmar, por exemplo, que a proporção (%) de informantes que, de fato, marcaram bula de medicamento (valência positiva) como um gênero em que esperavam encontrar metáforas (ocorrência) é significativamente menor do que as que não marcaram essa opção (valência negativa). Inversamente, a proporção (%) de informantes que marcaram bula (valência positiva) como um gênero em que esperavam não encontrar metáforas (NÃO ocorrência) é significativamente maior do que as que não marcaram essa opção (valência negativa). Em última análise, pode-se concluir que bula de medicamento é um gênero em que os informantes não esperam encontrar ‒ ou, ainda, em que esperam não encontrar ‒ metáforas.

Com exceção da expectativa de NÃO ocorrência de metáforas em artigos científicos, todas as proporções entre as valências positiva e negativa de todos os tipos de expectativa (ocorrência e NÃO ocorrência), em todos os gêneros, são estatisticamente significativas ‒ na medida em que o valor de p < 0,05. No caso do gênero artigo ‒ e, especificamente, em relação à expectativa de NÃO ocorrência de metáforas nos respectivos textos, este estuda especula que os informantes não estariam consensualmente seguros quanto a esse tipo de discurso categoricamente vetar ou restringir o uso daquele recurso.

4. Discussão dos resultados

A partir do levantamento da densidade metafórica dos quatro corpora, da avaliação dos recursos de metaforicidade presente nos respectivos textos e da sondagem da expectativa da ocorrência de metáforas, é possível se estabelecerem comparações entre os resultados obtidos nas análises empreendidas nesta investigação. Como discussão dos resultados, então, procede-se à comparação entre três pares de dados, que compreendem (i) densidade metafórica e recursos de metaforicidade; (ii) densidade metafórica e expectativa de metáforas; e (iii) recursos de metaforicidade e expectativa de metáforas.

4.1. Densidade metafórica e recursos de metaforicidade

A correlação entre, de um lado, a densidade metafórica e, de outro, as quantidade e qualidade dos recursos de metaforicidade nos quatro corpora analisados neste estudo é proporcional. Isso significa dizer que, quanto maior for a densidade metafórica em um corpus, maior será a quantidade e mais complexa será a qualidade dos recursos de metaforicidade presentes neles ‒ se comparadas, certamente, com a quantidade e a qualidade dos recursos de metaforicidade presentes em um corpus com menor densidade metafórica.

De fato, quando se comparam os quatro corpora analisados, verifica-se que os corpora identificados com os gêneros soneto e capa de revista ‒ que são os dois que aprensentam maior densidade metafórica (respectivamente, 21,96% e 21,25%) ‒ são, também, os dois que apresentam maior variedade (e maior complexidade) de recursos de metaforicidade ‒ como, por exemplo, não convencionalidade, posição diretividade e mídias visuais. Por outro lado, os dois corpora com menor densidade metafórica ‒ o de bulas de medicamento (15,08%) e o de resumos de artigo científico (16,46%) ‒ contém apenas dois tipos de recurso: saturação e repetição, cujo funcionamento não parece impor complexidade.

4.2. Densidade metafórica e expectativa de metáforas

A partir das análises da densidade metafórica e da sondagem de expectativa de metáforas, foi possível identificar uma correlação positiva em somente dois conjuntos de dados, relativos aos gêneros poema/soneto e capa de revista. Isso quer dizer que, para esses gêneros, a expectativa positiva para a ocorrência de metáforas e a expectativa negativa para a NÃO ocorrência desse fenômenos foram significativamente maiores do que as expectativas inversas ‒ isto é, expectativa negativa para a ocorrência e expectativa positiva para NÃO ocorrência desse recurso ‒; e os corpora identificados com esses gêneros, de fato, contêm um volume expressivo de metáforas.

Com relação aos outros dois gêneros ‒ bula de medicamento e artigo científico/resumo de artigo científico ‒, essa correlação foi negativa. Ou seja, os resultados da sondagem indicam que, embora os respectivos corpora contenham metáforas (ainda que com menor densidade em relação aos demais), a expectativa negativa para a ocorrência de metáforas e a expectativa positiva para a NÃO ocorrência foram, na maioria, significativamente maiores do que as expectativas inversas. Ou seja, as expectativas dos informantes e a densidade metafórica dos corpus apontam para direções opostas.

4.3. Recursos de metaforicidade e expectativa de metáforas

Quanto à comparação entre os dados relativos às quantidade e qualidade dos recursos de metaforicidade nos corpora e à sondagem da expectativa da ocorrência de metáforas, identificou-se uma correlação positiva entre os quatro gêneros considerados aqui. Isso quer dizer que os gêneros em que a expectativa positiva de ocorrência de metáforas e a expectativa negativa de NÃO ocorrência foram significativamente maiores ‒ especificamente, poema/soneto e capa de revista ‒ são os mesmos gêneros cujos corpora apresentaram maior variedade e maior complexidade de recursos de metaforicidade.

No sentido inverso, os gêneros em que a expectativa negativa de ocorrência de metáforas e a expectativa positiva de NÃO ocorrência foram significativamente maiores são aqueles cujos corpora apresentaram menor variedade e menor complexidade de recursos de metaforicidade. Em última análise, então, pode se argumentar em favor de uma relação de dependência entre (a ocorrência e o tipo de) recursos de metaforicidade nos textos e a expectativa dos informantes em encontrar expressões metafóricas neles.

5. Considerações finais

Uma primeira constatação que se pode fazer aqui, a partir dos resultados encontrados, é a de que, embora todos os gêneros, em princípio, possam conter metáforas, são somente alguns deles que autorizam o uso franco de recursos de metaforicidade. É o caso, por exemplo, de poemas e capas de revista. Em outras palavras, pode-se postular que, ainda que metáforas sejam onipresentes ‒ tal como argumentam Lakoff e Johnson (2002 [1980]) ‒, não são todos os textos em que elas poderão ou deverão ser reconhecidas como tais. É o que se espera que aconteça, por exemplo, no caso de artigos científicos e bulas de medicamento.

Além disso, fica evidente que as expectativas do falante em relação à ocorrência de metáforas em um determinado gênero não parecem decorrer da presença efetiva desse fenômeno nos respectivos textos. De fato, até onde se pode observar, falantes parecem não esperar encontrar metáforas em gêneros em que, na verdade, a sua ocorrência pode ser relativamente frequente ‒ tais como bulas e artigos. Algo que poderia explicar isso, nesse caso, é a tendência à escassez de recursos de metaforicidade nos respectivos textos, o que dificultaria o reconhecimento das suas metáforas por parte desses falantes.

Uma conclusão fundamental a que este estudo chega, por fim, é a de que mais do que somente a ocorrência (ou não) de metáforas em um texto, é a ocorrência (ou não) de recursos de metaforicidade ‒ os quais permitiriam que elas fossem reconhecidas ‒ que levam o falante a associar (ou não) esse fenômeno com o gênero desse texto. Ou seja, um falante tende a associar metáforas não com os gêneros em que elas ocorrem ‒ afinal de contas, elas podem ocorrer virtualmente em quaisquer gêneros (LAKOFF; JOHNSON, 2002 [1980]) ‒, mas, sobretudo, com os gêneros nos quais ele consegue reconhecê-las; ou, ainda, com os gêneros que autorizam um uso considerável de recursos de metaforicidade.

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Como Citar

DIENSTBACH, D. Como reconhecer uma metáfora quando você vê uma. Cadernos de Linguística, [S. l.], v. 2, n. 4, p. e546, 2021. DOI: 10.25189/2675-4916.2021.v2.n4.id546. Disponível em: https://cadernos.abralin.org/index.php/cadernos/article/view/546. Acesso em: 3 jul. 2024.

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